Amor

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- Eu amo-te. Sempre te amei. Mas antes havia algo que me impedia de dizê-lo em voz alta. A palavra amor era algo que me era desconhecido e na minha opinião, sim porque eu continuo a pensar assim, as pessoas utilizam-na com demasiada facilidade. Eu pensava que nunca a utilizaria...só o som das sílabas na minha boca me faziam ficar enjoada. É verdade! Muitas pessoas me chamaram insensível por causa disso. Tu não. Tu eras como eu. Tu não acreditavas no amor. Isso até me conheceres. E sim, sei que pareço muito convencida a dizer isto agora mas é a verdade. Tu próprio me disses-te o mesmo uma vez. Acho que te recordas, ou talvez não te lembres de nada. Eu não sei, afinal já passou muito tempo. De qualquer das formas eu recordo-me. Nós estávamos chateados. Como sempre. Eu decidi sair para me divertir e recorri às poucas amigas que ainda se mantiam a meu lado. Eram apenas duas, mas para mim era o bastante. Sei que também gostavas delas. Passavas mais tempo connosco do que com os teus amigos. Amigos é uma palavra forte para descrever as pessoas com que andavas. Eles não eram amigos...eram pessoas que te idolatravam e te seguiam para todo o lado. E sim...eu sei que não estás de acordo com o que te estou a dizer, mas eu mantenho a minha opinião, afinal até tu tens de admitir que nunca te divertis-te tanto com aquela multidão como com apenas nós as três. De qualquer das formas eu encontro-me a divagar outra vez. O importante é que eu saí para me divertir, bom mais para esquecer do que me divertir, mas isso tu já sabias. E eu bebi. Bebi mais do que alguma vez tinha bebido na vida. Um dos meus novos vícios. Eu não me lembro de tudo naquela noite. Tudo não passa de um conjunto de imagens desfocadas, mas eu sei que estavas lá. Sei que me foste buscar, que me foste salvar. Também sabia que quando acordasse na manhã seguinte tu estarias lá para me confrontar e por isso manti os olhos fechados o máximo tempo que pude. Tu sabias que eu estava acordada. Nada disses-te, ficas-te apenas à espera. Gritas-te comigo naquela manhã. Chamaste-me irresponsável e imatura e eu fiquei ofendida...muito ofendida. Porque sabia que era verdade. Não que o fosse admitir...eu era e ainda sou orgulhosa. Então eu discuti contigo de volta. Ambos trouxemos coisas do passado e atiramos isso à cara um do outro. Não me lembro de tudo o dissemos, a minha cabeça estava em agonia e só me apetecia vomitar e dormir, mas lembro-me do final da discussão. Era impossível esquecer. Eu perguntei-te porque te importavas tanto com o que eu fazia ou deixava de fazer e tu disses-te-o. Disses-te que me amavas e por isso te preocupavas comigo. Eu nunca pensei gostar de ouvir estas palavras, mas eu adorei. Odeio-me por isso. E odeio-te por as teres dito.

Odeio amar-teOnde histórias criam vida. Descubra agora