Disney

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- Ainda guardo aquele papel. Praticamente já não dá para ler o que escreves-te devido à quantidade de vezes que o abri e fechei para poder voltar a ler a frase que decorei logo à primeira. Eu estava zangada. Estava zangada por entrares nos meus pensamentos sem um convite. Estava zangada pela frase ridicula que me deixas-te. E estava zangada por não te ir voltar a ver. Não porque te quisesse rever. Não era isso! Tudo bem... Agora sei que era, mas na altura nunca o admitiria. Passaram-se duas semanas. Praticamente estavas fora dos meus pensamentos e a ideia de que não te voltaria a ver já estava certa no meu pensamento. E então voltas-te a entrar na minha vida. E eu odeio-te por isso: por voltares. Eu estava em casa a ver televisão quando a campainha me tirou do filme que acabara de começar. Resmunguei. Odeio deixar filmes a meio. Fui até à porta e o meu queixo caiu quando te vi à minha espera. Estavas com aquele sorriso irritante e eu fiquei estática a olhar-te. Como descobris-te onde vivia eu não sei e por estranho que possa parecer não senti medo no facto de um estranho que se havia sentado a meu lado numa festa ter encontrado a minha casa.
Os teus olhos verdes espreitavam por cima do alto portão da entrada e eu fiquei parada pensando que estavas à espera que eu te fosse receber. Não o faria...não por seres tu especificamente mas porque nunca gostei de escadas. Mas tu não estavas à minha espera. Pelo menos não pareceu quando saltas-te ligeiramente o portão e ignoras-te as investidas do meu cão às tuas pernas como se ele nem ali estivesse com o seu ladrar irritante característico da falta de já alguns dentes. Passas-te por mim e sem dizeres outra palavra entras-te em minha casa. Segui o rasto de terra que os teus sapatos deixaram no meu hall e fiquei admirada quando te vi confortávelmente sentado no meu sofá já com o comando na mão.
Sem demoras tiras-te o filme da pausa e o familiar som da Disney tomou o ambiente. Nessa altura eu acordei e deixei de estar chocada para estar zangada. O teu atrevimento era algo impensável e eu gritei contigo...foi a primeira de muitas vezes que isso acontecia. Parte da discussão já doi apagada da minha mente possivelmente pelas cento e quarenta páginas de história que tive que estudar para este ultimo teste. De qualquer das formas lembro-me particularmente de uma parte da nossa discussão...aquela em que eu te perguntei o que te dava o direito de entrar daquela forma na minha casa. A tua resposta veio acompanhada de uma risada verdadeira e foi algo que não poderia esquecer mesmo que tentasse...tu disses-te que eu apenas estava chateada por teres entrado na minha vida e por gostar de toda a estranha situação...que estava chateada por não te conseguir mandar embora. A tua afirmação confiante fez-me pensar sobre o assunto por alguns segundos antes de te responder de forma rude que tu não entras-te na minha vida. Que tu não eras nada além de um figurante que iria ser esquecido. Eu acreditava no que dizia. Eu achava que era verdade. Eu recusava-me a acreditar que um estranho que se sentou a meu lado num dia não poderia entrar tão facilmente no meu pequeno e distorcido mundo. Estava enganada. Mesmo sabendo disso tu sorris-te quando eu te mandei sair de minha casa e despediste-te de mim com a frase que passava nesse momento na televisão e preenchia o espaço do silêncio...
"Adeus Bella"
Odeiei o facto de me teres chamado Bella, especialmente depois de descobrir que o teu nome era Adam e que te estavas a colocar no lugar do monstro. A única diferença era que nunca irias chegar a virar principe e tu sabias. Eu sabia. Mas escolhemos os dois ignorar esse facto.

Odeio amar-teWo Geschichten leben. Entdecke jetzt