Tempo

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A semana foi cheia na lanchonete, Na segunda o meu tio me encheu de tarefas também e me pediu pra fazer um simulado que a faculdade estava organizando pra alunos que querem ingressar nesse semestre, o curso é de duas semanas então minhas manhãs da semana estão sendo super lotadas desde então.

A verdade é que eu sei que ele quer me ocupar tempo o suficiente para que eu não me lembre de Aidan ou para que eu não tenha tempo pra que Aidan se aproxime de mim, mas como estabelecido no domingo ele realmente não me procurou e eu não o vi.

Durante todos os dias da semana eu estava acordando cedo, indo pros aulões e logo em seguida descendo pra lanchonete, o meu tio também achou uma boa me inscrever no programa de aulas de informática básica na quarta, então além dos meus dias, as minhas noites da semana se encheram depois do horário de trabalho, das oito as dez.

Mas preferi assim.

É muito mais fácil não pensar na proposta de Aidan e em tudo o que ele me disse.

Mas infelizmente a rotina corrida acabou, e hoje é sábado e eu estou destruída, o fato de eu depender de metrô e andar de a pé nem sempre ajuda, tive que me habituar a uma vida que eu deveria ter tido na adolescência, curso, trabalho de meio período, estudos, tudo isso eu deveria ter feito com os meus dezesseis anos.

Já me preparo pra semana que vem, achei legal e interessante as aulas de informática, o professor parece ter a minha idade e deu apostilas de como mexer no windows, me sentia feliz de estar numa turma com pessoas de todas as idades, é um programa gratuito, na minha turma são vinte pessoas, tem pessoas mais velhas que eu e apenas dois rapazes um pouco mais jovens, a faculdade usa o laboratório de informática e é tudo equipado, o professor nos passou uma tarefa de casa, em três dias já aprendi como mexer no menu "iniciar" e como navegar pela internet, também criei uma conta de e-mail pra mim e já sei como mexer na minha caixa de entrada, sempre fui muito boa em aprender as coisas.

--foi pra isso que os meus pais me criaram...--reflito olhando pro teto do meu quarto--pra obedecer e cumprir.

Milhares de vezes eu errei e fui castigada, e milhares de vezes eu acertei e nem por isso me falaram obrigado, esse mundo é mesmo algo no qual me serve de laboratório.

Não quero acordar amanhã e sentir todo o vazio que venho sentindo nesses anos em que Aidan esteve longe e esse é o meu primeiro receio, meu maior receio eu diria, tem um buraco dentro de mim no qual não consigo preencher com nada.

Acho que os meus pais causaram isso em mim, com o tempo tentava ser feliz com o que eu tinha mas nada conseguia mudar a forma como eu me sentia diante do mundo, das pessoas que me cercavam, nem Deus parecia o suficiente, então, esse foi o meu motivo pra não prosseguir.

Me lembro muito bem dessa tentativa estúpida de acabar com a dor, o médico disse pros meus pais que o veneno não atingiu a tempo os orgãos vitais mas acabei ficando quase um mês internada devivo a tentativa, dissovi alguns venenos pra rato que achei no porão do meu pai e bebi com água sanitária, eu sabia que daria certo, ouvira falar que se estivesse de estômago vazio aconteceria mais rápido então não pensei duas vezes, me certifiquei que a porta do meu quarto estava bem trancada.

Mas não deu certo, papai chegou mais cedo de uma viajem e me achou, segundo ele eu estava espumando quando arrombou o quarto, ele estranhou o fato de ter chegado e contatado mamãe pra saber onde eu estava, mamãe dissera que eu estava na igreja mas seu ônibus parou justamente na igreja e eu não estava lá, então ele me achou, e infelizmente o meu plano foi frustrado.

Maddie - S.A.D.O I - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora