CAPÍTULO 13

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"Nós temos obsessões

Quero apagar cada pensamento imundo

Que me atormenta cada dia da semana

Nós temos obsessões

Você nunca me disse o que foi que te fez forte

E o que foi que te fez fraco"

Obsessions, Marina and the Diamonds


O sol estava se pondo e o céu ficara de um azul brilhante a lilás escuro. Liguei o celular e vi inúmeras mensagens no Whatsapp e torpedos, Kaio, Roger, Duda... até algumas mensagens de Rick faziam piscar a luz do sinal do aparelho.

Responderia a todos depois, quando eu tomasse banho e tirasse o suor do corpo e os pensamentos sombrios que acabei de tirar do arquivo da mente. Fui andando até o prédio pensando em tudo o que havia acontecido nos últimos dias, nas memórias que desencadeei de um passado que não estou acostumado a lembrar e nas decisões que tomaria daqui pra frente.

Sempre estive ciente de que cometera um crime matando Jorge secretamente, minha mãe me conscientizara disso, entretanto, esconder da polícia, dos familiares e de Victoria, foi um fardo que tanto eu quanto ela permanecemos carregando sofridamente até hoje.

Mas não me arrependo de ter feito aquilo, não me arrependo mesmo. Me arrependo de ter feito de idiota muitas pessoas que me amavam e que eu também amei. Por isso, estava mais do que nunca, inclinado a aplicar estes testes nos caras que estavam a minha volta.

Ao chegar no apartamento, tirei a roupa e fui ao chuveiro, demorei alguns bons e longos minutos debaixo da água, logo após colocar uma lasanha congelada no forno, comecei a verificar as mensagens no celular.

Kaio me mandara algumas com tom preocupado, perguntando por que eu não havia ligado nem nada desde ontem. Duda perguntara se eu estava vivo, Roger queria saber se eu estava bem e Ricki, meu melhor amigo dissera que estava com saudades.

Disquei o número de Kaio, e comecei a sentir uma forte saudade do meu médico gostoso. Pensei na hipótese – enquanto fazia algo que raramente faço: acender um Lucky Strike mentolado – de que poderíamos jantar juntos hoje logo mais. Desliguei rapidamente o forno, enquanto tragava o cigarro. Kaio atendera.

– Pensei que meu menino gostoso não quisesse mais me ver.

– Oi amor – sorri ao telefone – estou com saudade. Peço desculpas por não ter mandado mensagem ontem, mas acabamos vendo o filme e meu celular acabou a bateria. Ao chegar em casa, esqueci de por para carregar e peguei no sono... Me desculpa?

Kaio deu uma risadinha silenciosa, e eu me senti meio mal por ter mentido pra ele. Traguei o cigarro.

– Só desculpo você se cozinhar pra mim logo mais. Passarei no supermercado antes para comprar os ingredientes e um vinho. E tenho uma surpresa pra ti.

Sorri, com o coração quase saindo pela boca.

– Te vejo em uma hora?

– Quero que essa uma hora voe. Estou com saudades, Vic.

– Eu também estou amor. – Respirei fundo, meu coração acelerado fez com que minha respiração falhasse, mas continuei com a voz firme. – Vou preparar a sobremesa agora, enquanto espero você.

– Oba! Até logo meu menino. Te amo.

– Também te amo, Kaio – sussurrei.

Desliguei o celular e levei a bituca do cigarro para o cinzeiro.

Fui ao quarto me arrumar para receber Kaio, com o coração acelerado e um frio estranho na espinha. No entanto, eu estava decidido: hoje eu mataria a saudade de Kaio, seus beijos, seu toque, seu corpo, mas também hoje, eu daria início aos testes.

Que vença o melhor.

O Destruidor de Corações (Romance Gay)Where stories live. Discover now