CAPÍTULO 7

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"Mas o amor sempre será um jogo
Uma vulnerabilidade humana"

Power & Control, Marina and the Diamonds em Electra Heart


Nem a forte chuva de verão que desabava do céu de Porto Alegre me desanimou de ir ver Roger no Quarto Secreto (nome da sua casa noturna). Depois de um banho de quase uma hora para relaxar devido aos fortes acontecimentos de hoje, vesti uma camiseta branca com o Finn e o Jake estampados, uma calça skinny  preta e botas da Beagle para sair de casa.

Enquanto secava o cabelo e colocava uma faixa preta com caveiras estampadas logo abaixo do penteado, tapando metade da testa, pensei em como Duda era uma delícia. E o melhor: ele estava imensamente interessado em conhecer-me! E era recíproco. Cara, como ele beijava bem, transava bem e era lindo.

Com toda certeza eu queria conhece-lo melhor, queria conhecer muito mais além do seu corpo, e tirar as vantagens e bônus que já eram de costume. Mas agora eu veria aquele que sempre terá um lugar especial em meu coração: Roger.

Aos domingos, o Quarto Secreto abria seu bar para os frequentadores e amantes do bom e velho rock'n roll , e era por isso que eu estava vestido a caráter.

Lanchei algumas frutas e pão integral e quando terminei, chamei o táxi. Dois minutos depois estava dentro dele indo até a casa noturna. O tempo havia mudado na cidade, a chuva – que agora amenizara – trouxe o frio com ela. Por sorte peguei uma jaqueta de couro preta pra completar o look e para me proteger da possível frente fria que estaria assolando a noite de domingo.

Ao descer do táxi e avistar a fachada do Quarto Secreto, veio uma certa sensação de nostalgia a minha cabeça. Foi aqui, quase no final de uma festa, que conheci Roger e o beijei pela primeira vez. Eu estava bêbado, mas lembro-me muito bem, ele estava com uma regata branca dos The Strokes com corte cavado , deixando todos os seus músculos tatuados a mostra e seu peito meio peludo. Duda lembrava-me um pouco Roger, no entanto Roger é mais baixo e com a pele muito mais clara. Roger na verdade era mais baixo que eu o que eu adorava, pois ele parecia um "homenzinho das cavernas".

Respirei fundo com aquele pensamento nostálgico na cabeça e entrei no Quarto Secreto.

Não havia muita gente e o ambiente estava um pouco mais iluminado que aos sábados à noite, principalmente na área do bar e onde as mesas estavam postas.

Havia um rapaz baixinho e barbudo com dreads nos cabelos comandando o CDJ enquanto algumas meninas dançavam perto da cabine. Discretamente, cheguei no bar e pedi uma Skol Beats e segui até o escritório de Roger.

O ambiente era pequeno, porém bem organizado e ventilado. Pôsteres de artistas como os Ramones, Lana Del Rey, Madonna e Freddie Mercury emolduravam as paredes, incluindo uma foto de Roger aos dezessete anos como guitarrista de uma banda punk em um porta-retrato perto do computador, e na bancada de trás de sua mesa, três fotos nossas: duas tiradas em baladas, uma no Quarto Secreto e outra no Beco203 e uma quando fomos visitar a serra gaúcha.

Usava seus óculos grandões ao estilo nerd, concentrado ao computador. Quando me vira na porta, seus olhos brilharam e um sorriso ainda mais brilhante surgiu de seus lábios. Ah, eu amava aquele sorriso e aquela cara de moleque barbudo. Amava seu cheiro, amava seu toque.

Mal sabia ele que tudo isso não passava de um jogo...

Corri para os seus braços musculosos. Coloquei-o sentado em sua mesa e o beijei, sentindo aqueles lábios quentes, rosados e macios encaixarem-se aos meus e suas mãos pequenas, porém fortes, seguraram-me pela cintura.

Eu sentia que a cada toque meu e de Roger, uma eletricidade fulminante saía de nós dois. Sentia que toda vez que o beijava ou tocava em seu corpo, ele estava mais do que pronto. Seus olhos brilhando ao me ver, seu sorriso doce e sua capacidade ínfima de saber demonstrar e transparecer tudo o que sente é o que me deixava mais entusiasmado em mais uma partida eletrizante desse jogo.

O Destruidor de Corações (Romance Gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora