CAPÍTULO 3

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"Regra número dois: não se apegue
A alguém que você pode perder (...)"

How to be a Heartbreaker, Marina and the Diamonds em Electra Heart

Depois que Kaio deixara-me em casa, conectei meu celular à rede wi-fi e coloquei o álbum Electra Heart de Marina and the Diamonds para tocar via Spotify, enquanto entrava no chuveiro para um longo e relaxante banho antes da minha corrida matinal.

Enquanto a água corria pelo meu corpo, fiquei apreciando a sensação gostosa de ser desejado por muitos garotos. Era ao mesmo tempo, algo extremamente louco manter três relacionamentos e não me importar se eu acabar com algum deles com minhas próprias mãos.

Meus outros dois namorados, Roger e Gustavo eram diferentes de Kaio. Roger era dono de uma das mais importantes casas noturnas da capital, vive ocupado produzindo festas, contratando DJs e fazendo novas parcerias. Até arrisquei uma vez em tocar em algumas de suas baladas, mas desisti. Odeio a fama, odeio ser visto. Gosto de estar atrás da cortina.

Ele é o namorado mais ciumento que tenho, às vezes tem uns ares de psicopata que deixam-me amedrontado. Principalmente quando estamos na cama. Parece que teme que eu vá fugir, sei lá. Apesar de ser bom, é quase estranho. Até porque, Roger aparentemente, lembra um traficante, apesar de vestir roupas de marca e morar em uma cobertura enorme. Roger tem 30 anos, cinco anos a menos que Kaio, e Gustavo tem 25, cinco a menos que Roger e dez a menos que Kaio.

Gustavo é estudante de medicina e filho de pais ricos. Um garoto mimado, porém muito amoroso. Me trata como se eu fosse um rei. Mas suas crises de ciúme aumentaram nas ultimas semanas, o que me deixara preocupado. Não quero acabar com Gus, mas depois das inúmeras mensagens no Whatsapp que me mandara a noite toda – sabendo muito bem que dormiria na casa de uma "amiga" – me deu mais certeza de que eu não poderia levar tal relacionamento adiante.

Enquanto secava os cabelos, pensei em como era bom ganhar muitos presentes e ser mimado por Gus, mas ao reler as mensagens, tive certeza de que logo aquele relacionamento seria uma prisão. Pois a meu ver, o jeito meigo e doce de Gus, escondia uma alma psicótica. Irônico pois Roger aparentava ter essa alma mas não a possuía, e já Gus, era o oposto.

Ontem às 22:03

Oooi amor, espero que esteja bem e que divirta-se. Boa noite, te amo. Manda um beijo para a Jessica.

Ontem às 23:00

Estou morrendo de saudades. Estou vendo Orphan Black no Netflix e pensando em vc...

Ontem às 23:32

<3

Ontem às 23:49

Saudade saudade saudade!

Hoje à 00:26

Bom amor,

acho que você está com o celular desligado...

boa noite,

bons sonhos.

TE AMO!

Hoje às 08:15

BOM DIAAAA!

Dormiu bem?

Espero que sim!

Nos veremos a tarde???

Beijo.

Hoje às 08:22

Cadê você, to preocupado poxa.

Hoje às 8:52

Bom amor,

Certamente deve estar ocupado aí, qualquer coisa me liga, ou manda mensagem quando estiver desocupado.

Beijos.

Não podia acreditar que eu acabaria com o relacionamento que mais durara até agora. Mas as coisas eram assim, nossa vida sempre tomaria, mais cedo ou mais tarde, um rumo diferente do rumo da vida das pessoas que amamos. As vezes isso acontecia e era necessário.

Torço os lábios com um pouco de frio na barriga. Mas Gustavo teria que se acostumar, ele que provocou isso. Tá certo, eu que escolhi as facas para atirar no alvo, eu sabia que isso teria que acontecer.

Enquanto visualizava seu número na tela do celular, pensei em quantas coisas incríveis fizemos juntos, nossa viagem à Nova York, o piquenique no Central Park, o show da Marina and the Diamonds, os presentes... Fechei os olhos, ele realmente fora importante. Mas acabou. Não posso levar essa compulsão adiante. Não mais.

Recostei-me na poltrona reclinável com um cigarro entre os dedos e o celular na outra mão perto da orelha.

Uma tragada longa, dois toques, Gus atendeu:

– Vic! Como está você, meu amor?

– Oi Gus, estou bem meu lindo e tu como estás? – Adociquei forçadamente um pouquinho a voz, senti que não estava sendo natural, mas precisava me preparar, seria a última vez.

– Estou bem... Só um pouquinho preocupado... – Gus deu um risinho (hehe) do outro lado da linha, até que, dois segundos silenciosos se passaram – Eu estou com saudade. – sussurrara.

Meus olhos se estreitaram quando os cantos dos lábios ergueram-se em um sorriso doce e diabólico.

– Eu também estou meu amor. E estou ansioso esperando você aqui no meu apartamento. O domingo está passando e não podemos deixa-lo escorrer por nossas mãos. Venha, vamos matar a saudade, meu bebê. E aproveitar o sol, pois vi nos noticiários online que ao final da tarde é para chover fortemente na região metropolitana.

Gus, que sequer notara minha ironia, deu risinhos de alegria, suspirou rapidamente algumas vezes e desligou o telefone, certamente surpreso que viria me ver, e era assim desde o nosso primeiro dia juntos, há cinco anos.

Exatos cinco anos hoje.

Nem um dia a mais.

O Destruidor de Corações (Romance Gay)Where stories live. Discover now