Capítulo 22

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A noite chegou depois de um longo dia de caminhada; havíamos comido algumas frutas e bebido água quando achávamos. Agora, estávamos sentados entre muitas árvores, com uma pequena fogueira no nosso centro; Sam escrevia uma ofensa em uma árvore com a sua faca, rindo sozinha com isso. Shisar fazia carinho em Hylla, na tentativa de fazê-la dormir. Eu estava deitado no colo de Ravena, sentindo sua mão entrando e saindo de meus cabelos. A mão livre, com o anel, eu segurava, traçando círculos em sua pele até tocar o anel. Conseguia imaginar nosso casamento; todos da aldeia nos olhando com seus sorrisos estúpidos. A cara de Mithpa vendo que nunca ficaria com Ravena. A mãe de Ravena... Hã...Me olhando? Não sei como a mãe de Ravena iria reagir ao ver sua filha, de 17 anos, casando assim. Tá que em Verum as coisas são bem diferentes, mas como Ravena veio do mundo humano, talvez a mãe dela queira seguir as coisas de lá, e não tenho certeza se garotas casam com 17 anos.
— Que foi?— Ravena notou minha expressão preocupada
— Acha que sua mãe vai tentar me jogar para um Orc?— perguntei
— Por que acha que ela faria isso?
— Bom, você já fez isso, então..
— Você não esquece isso nunca!— ela puxou meus cabelos
— Aah!— expressei dor fazendo ela soltar— Não esqueço.
— Engraçadinho— ela voltou a acariciar meus cabelos
— Mas, acha que ela vai achar ruim você e eu...
— Meus pais casaram com nossas idades— Ravena contou— minha mãe contou.
— Ah...— fiquei surpreso
— Tente relaxar—ela riu
— É...— Sam entrou na conversa— Só vai entrar em uma grande e chata responsabilidade.
— Você é muito motivadora— elogiei
— Sou mesmo— Sam voltou a riscar a árvore
— Quando vão se casar?— Shisar perguntou
— Vamos resolver uma coisa de cada vez— sugeri
— É..— Ravena concordou — Temos que salvar nosso mundo, afinal, vamos morrer se não conseguirmos.
— Verdade...— Shisar bocejou
— Amanhã vamos acordar cedo— Sam avisou— melhor dormirem.
— Tá bem..— Ravena me olhou

Nos deitamos perto da árvore, abraçados como sempre; usando nossas mochilas como travesseiro e o corpo um do outro como método de se aquecer. Eu não demorei para dormir, estava exausto devido todas as emoções do dia, e era bem assim que me sentia o tempo todo.

— Rahel!— Ouço a voz de Sam me fazer saltar

Ela está perto de mim, e ainda está escuro. Meu impulso na hora de acordar fez Ravena acordar também. Olhei para Summer buscando uma reposta.
— Humanóides— Sam explicou— Estão perto de nós
— Merda!— Me levantei trazendo Ravena comigo
— Shisar! Hylla!— Ravena os chamou
— Hã??— Shisar nos olhou
— Perigo...— Expliquei

Shisar logo se espertou, acordando Hylla. Sam olhava ao redor, nos dando tempo de arrumar nossas coisas. Ela havia apagado a fogueira, mas a fumaça fraca ainda era visível.
— O que são?— perguntei
— São mutações— Sam deu de ombros— Eles têm vantagem na noite e, são fortes e cheio de garras.
— Espinhos?— Shisar perguntou
— Não— Sam respondeu
— Estão onde?— Indaguei
— Nos cercando— Sam apontou— Eles fazem um círculo em sua presa, depois vêm correndo para o centro pegá-los.
— Então temos que sair pelo alto— Ravena me olhou
— Lutar à noite não é meu forte— avisei
— Nem o meu— Shisar e Hylla disseram juntos
— Elfos da luz— Ravena bufou
— Vão ter que tentar— Sam advertiu
— Vamos pelas árvores de novo— Hylla deu de ombros— Acho que podemos conseguir
— Tentem não fazer muito barulho então— Sam começou a flutuar, e para mim ainda era estranho ver isso de perto.
— Vamos lá— Ravena pôs a mochila na costa e subiu na árvore

Fizemos o mesmo deixando Sam seguir para cima das árvores. Não via nada ali, apenas imaginava o que podia ser galho ou não.
— Pisem onde eu pisar— Ravena falou— Vou na frente.
— Tá— concordei com sua idéia

Ravena começou seus saltos, nos mostrando o que deveríamos fazer. Era até fácil com ela guiando, nos fazendo seguir em fila pelo caminho das árvores. Ouvimos uns grunhidos abaixo de nós, e eu chutei que fossem os monstros que Summer havia falado.
Os galhos balançavam com nosso peso, e eu torcia para que eles pensassem que era apenas o vento. Ravena pulou em mais um galho, que cedeu com seu peso e se partiu; ela segurou a tempo em outro, mas não evitando que fôssemos descobertos.
Os rosnados aumentaram, e agora, estávamos mais apressados que minutos antes.
Não sabia onde estava indo, nem onde estávamos pisando, mas com uns dez monstros abaixo de nós, fica fácil tomar decisões rápidas. Os humanóides começaram a investir as garras nos galhos que passávamos. Ravena desviava dos ataques, e eu estava querendo traze-la para perto de mim.
— Aaaah!— Hylla gritou

Olhei para trás vendo que um monstro agarrou sua perna. Shisar pegou sua espada e investiu contra o braço do bicho, deixando ele sem o membro. Hylla voltou para o galhos, conseguindo voltar a pular. Olhei para Ravena que havia parado, e com as mãos mandei ela continuar.
Voltamos a pular de galho em galho, ouvindo os rosnados ficando para trás. Ou não. Ravena pisou em outro galho falso, caindo da árvore.
Eu não esperei, e me lancei no chão, indo ao seu encontro. Hylla e Shisar vieram até nós, puxando suas espadas juntos. Quatro humanóides vieram até nós, nos deixando tensos com sua aparência. Os olhos eram negros, as garras eram enormes; eram do tamanho de Orcs, mas chegavam perto de seres humanos deformados. Sam surgiu ao nosso lado, nos dando um olhar irritado
— Vamos ter que lutar— Sam apontou
— Foi sem querer— Defendi
— Se você me dissesse que queria que isso acontecesse, eu ia bater em você e não neles— ela revirou os olhos
— SUMMER WINGLES— Disse um em uma voz grossa e assustadora
— Eles falam?— Shisar engoliu em seco
— Servos de Orgni— Sam explicou
— VAMOS MATÁ-LOS E LEVAR VOCÊ— o monstro prosseguiu— ORGNI QUER VER VOCÊ MORRER
— Nossa...— Sam sorriu— me sinto especial.

Os monstros atacaram e nós nos preparamos. Sam ficou com aquele que falava; Ravena pegou sua faca pulando nas costas de um. Eu fiquei com o meu particular, deixando que Hylla e Shisar dividissem um. O monstro era rápido, e eu ainda não tinha conseguido atingi-lo, estava ocupado me esquivando de seus golpes. Senti uma das garras dele atingir o meu braço, e com o braço livre encravei minha adaga no braço que me atingiu. Ele o puxou devido a dor, me lançando no ar com esse impulso. Eu puxei minha adaga e rodopiei, caindo sobre os ombros do monstro. Ele investiu a mão, cheia de garras, contra a própria cabeça na tentativa de me pegar; eu me lancei no chão, vendo ele cometer suicídio. Posso acrescentar que eu ri disso.
Olhei para a Ravena, vendo ela enfiar sua faca na cabeça no monstro e ir rasgando da cabeça à coluna. Shisar e Hylla encravaram suas espadas ao mesmo tempo no tórax do monstro, fazendo ele cair também. Nos voltamos para Summer; ela apertava o pescoço no monstro com as pernas, e eu achei que ela fosse usar sua faca para matá-lo, porém, ela apenas tocou a cabeça do monstro com a mão, causando um blecaute cerebral na criatura. Era como se monstro estivesse levando um choque de alta voltagem; Olhei para Summer me assustando com seus olhos negros; percebendo os olhos da criatura ficando brancos e sem vida. O monstro caiu, e Summer saltou para perto de nós de forma normal.
— Ufa...— ela suspirou— Mandaram bem.
— O que foi aquilo?!— Indaguei
— Meu dom — ela sorriu perigosamente— um deles pelo menos. Eu posso sugar a alma das pessoas e mada-las para um mundo tenebroso particular.
— Você...?— Ravena piscou confusa
— Pois é..— ela deu de ombros— Eu sou um ceifeiro

O Destino de Ravena: O Outro Lado de VerumWhere stories live. Discover now