Capítulo 21

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Fiquei olhando para a torre, esperando que Ravena saísse dela. Sam disse algo para Nikki, que pareceu concordar. Hylla e Shisar estavam de mãos dadas, me deixando nervoso.
A silhueta laranja e pálida surgiu na porta da torre, devagar e cautelosa. Dei um passo à frente, querendo correr até ela, mas sabia que a ponte ia cair. Ravena me lançou um olhar tenso, mas tentando me passar tranquilidade.
— Corre!— Nikki mandou— E não para jamais!

Ravena assentiu, e tudo que conseguia pensar era no alívio dela ter deixado sua mochila comigo. Ela respirou fundo e correu. Dois passos depois, a ponte começou a se quebrar; eu corri para o fim da ponte, pronto para esperar ela chegar até mim. Ela estava assustada, tentando não tropeçar nos seus próprios pés. A ponte se quebrava mais rápido, chegando mais perto dos pés de Ravena.
— Se joga!— mandei— Cambalhota agora!!

Ela se jogou no chão a sua frente, dando uma cambalhota e caindo quase perto de mim. Eu dei um passo e a puxei. Nos joguei para trás no mesmo instante que a ponte se quebrou por completo, espirrando lava sem nos atingir.
Minha respiração estava descontrolada, assim como o coração de Ravena. Ela me apertava, murmurando algo para si mesma; eu forcei meu ouvido, ouvindo que ela dizia meu nome. Só o meu nome. Beijei a testa dela, tentando deixá-la mais calma.
Os quatro, que até o momento só estavam olhando, vieram até nós, para ver se estávamos bem.
— Conseguiu?— Hylla perguntou
— S-sim...— Ravena gaguejou
— Tem água?— Sam perguntou à Nikki
— Claro que não!— Nikki bufou
— Não bebe água?— Perguntei
— Nikki tem o poder do fogo— Sam contou— ela pode mergulhar nesse rio e se misturar com a lava, pode soltar fogo das mãos e causar um grande incêndio. A resistência à sede vem como bônus.
— Ótimo..— revirei meus olhos
— Vamos indo— Sam chamou— a cenoura precisa de água
— Ravena?— Chamei, ainda ouvindo meu nome sair de seus lábios em sussurros.
— O que houve?— Shisar perguntou
— Ela quase foi queimada viva— Nikki olhou para Shisar— O que acha que houve?
— Vem...— levantei trazendo Ravena comigo
— Já vai?— Sam perguntou à Nikki
— Já..— Nikki assentiu— Babi chamou, vamos nos reunir na sede. Quando acabar você vem?
— Não sei— Sam deu de ombros
— Tá..— Nikki riu e olhou para nós— Foi um prazer, elfos.
— Igualmente— Hylla sorriu

Nikki virou uma lava humana e se jogou dentro do rio. Sam seguiu para fora, nos convidando a fazer o mesmo.

Depois que Ravena tomou uma quantidade inacreditável de água em um córrego ali perto, nós seguimos para a cidade das sombras, com a ansiedade e tensão exalando em nossos corpos. Ravena olhava para o chão, como se pensasse em algo ruim. Eu segurei a mão dela, tentando fazê-la falar comigo. Eu queria ouvir seus pensamentos, tentar ajudar ela da forma que sempre fiz nos últimos tempos, e, também, ter certeza que ela não estava arrependida em sua decisão.
— Aconteceu algo nessa torre— Ravena sussurrou
— O quê?— Olhei para seu rosto
— Quando cheguei ao ponto para por a pedra, eu vi o mundo em um estado horrível— Ravena contou— pessoas servindo de alimento, monstros em todos os cantos, o mundo e Verum de um jeito jamais visto. E por fim, eu me vi ao seu lado, nós dois...sendo mortos de um jeito que....
— Por isso estava assim?— perguntei
— Foi como usar a jade— ela explicou— muito real. Eu senti e ouvi.
— Vamos conseguir, Ravena— prometi— os monstros não vão para o mundo humano
— Mas vão para Verum— Ravena me olhou— quando os monstros notarem que as torres estão fechando as passagens para o mundo humano de Meribella, vão atravessar a cidade das sombras para o nosso mundo se o copo for retirado.
— E ele não vai ser— insisti— o copo vai ficar onde está, e Rodthal não vai pegar ele. Vamos dá um jeito de proteger esse copo no local de origem.
— Rodthal tem um plano, Rahel— ela disse, tensa— e acho que fazemos parte dele.

Ela estava certa. Claro que estava. Olhei para o chão, tentando pensar em algo para dizer, e tranquilizar ela de alguma forma. Mas não havia nada.
— Rahel...— Ravena sussurrou— eu acho que Rodthal vai pegar o copo.
— Não podemos deixá-lo pegar— afirmei
— Eu sei...— Ravena assentiu— mas parece ser tão impossível impedi-lo
— Não pense assim— questionei
— Desculpe..— ela olhou para frente
— Vamos proteger o copo.
— E como vamos fazer Rodthal recuar?
— Acho que Sam pode cuidar dessa parte— Sorri

Uma explosão aconteceu atrás de mim e Ravena, nos lançando para frente com grande impacto. Nós rolamos pelo chão, sendo socorridos com Shisar e Hylla.
Já de pé, sacamos nossas armas ficando em guarda para o monstro que crescia ali perto. Sam tomou a frente, com sua arma apontada para a silhueta estranha. Era como um monte de lama, mas ficava sólido na medida que crescia. De repente, o monstro ganhou um corpo longo de cachorro e cabeça de leão, calda de serpente e patas de urso. Os olhos eram verdes por completo, parecendo uma assombração. Da sua boca escorria sangue e ele rosnava para nós, esperando qualquer movimento.
— Por que tudo aqui é gigante?— Hylla choramingou
— O que faremos?— Perguntei
— Conseguem se mover rápido?— Sam perguntou
— Pelas árvores— Ravena afirmou
— Ótimo. É uma boa hora para fazer isso então— Sam aconselhou
— E você?— Indaguei
— Posso voar— Sam me olhou— Vão para as árvores, vou distrair ele por alguns minutos. Alcanço vocês
— Já que insiste— Shisar engoliu em seco

Sam assobiou e voou até o monstro que a atacou. Nós quatro corremos para as árvores, usando os galhos para nos movimentarmos. Eu não era tão bom saltador; podia admitir isso. Conseguia me lançar mais que a maioria, mas quando olhava para Ravena, e a via se jogar sem medo, usar as pernas para se segurar, os braços para girar e dar cambalhotas e, ainda assim, cair firme nos galhos, eu via que não era tão bom nisso. Hylla e Shisar iam lado a lado, tentando não perder o equilíbrio muitas das vezes. Um rosnado forte ecoou pela floresta, e isso só podia significar que Sam já havia deixado o monstro a seguir.
— Ele não vai parar?— Ravena perguntou
— Não sei!— Shisar afirmou
— Vamos descer!— mandei

Nós descemos das árvores, não vendo nenhum sinal de Sam ou do monstro. Não atrás de nós.
Olhei para frente, onde também estava vazio. Não acreditava que algo de ruim havia acontecido com ela, mas queria saber o que havia acontecido.
— Ali!— Ravena apontou

Olhamos mais o alto avistando Summer em seu vôo tranquilo; ela pousou na nossa frente, como se estivesse nos questionando. Avaliei sua postura e seu corpo, procurando por sinais de ferimentos, mas fora aqueles que ela havia ganho na arena mortal, ela continuava intacta.
— Por que pararam?— Sam indagou
— Nos afastamos bem— Ravena deu de ombros— onde está o monstro?
— Dei um jeito— ela passou por nós
— Só isso?— Olhei para ela
— É..— Sam rosnou— Vamos continuar, ainda temos muito que enfrentar.
— Como sabe?— Hylla perguntou
— Os monstros se mantém perto da cidade das sombras— Sam começou a andar, com o objetivo de nos deixar para trás

Nós não nos importamos; seguimos caminho logo atrás dela, ficando mais perto entre nós quatro e dando a ela sua privacidade.

O Destino de Ravena: O Outro Lado de VerumOù les histoires vivent. Découvrez maintenant