Capítulo 3

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Dois dias se passaram, hoje é o dia do meu casamento. Do meu suposto casamento arranjado com um cara que nunca vi na vida. O dia mais triste da minha vida, vamos se dizer.

Em frente ao espelho, dei uma última olhada no vestido de renda que usava. Não queria ficar me olhando muito, não estava afim de me iludir, de pensar que estarei casando com alguém que amo, por que não é nada disso. Então, casarei de qualquer jeito.

Não dormi a noite toda, minhas olheiras estão uma maravilha. Minha mãe chamou muito minha atenção sobre isso, mas não dei a mínima, ela é a culpada disso de tudo.

-

Na limosine, além de mim, estava minha mãe e a mãe do meu noivo, Sra. Philips. Não me parece velha, como seu marido. Uma mulher de classe, magra, cabelos castanhos, preso em um tipo de coque em formato de flor. Usava um vestido lápis rosa até os joelhos.

Minha mãe e minha futura sogra, conversavam alegremente, ansiosa pra que dê tudo certo com o casamento. Não estava afim de participar desse cao. De uma felicidade que só as duas compartilhava.

Para minha derrota, minha mãe chamou todos os meus colegas de classe para vir no casamento. Aposto que muitos que me criticam vão aparecer só pra ver a minha derrota.

Fui tirada do meus pensamentos brutalmente assim que o carro parou de frente à uma igreja enorme e linda. Minha sogra e minha mãe saiu do carro do outro lado. Já eu, fiquei no carro, pensando em desistir, pensando em mandar o motorista dirigir para bem longe dali... Essa era a minha chance...

- Hã...

Abri a boca para por meu plano em ação, quando fui interrompida por minha mãe abrindo a porta do lado que estava sentada.

- Vamos querida, seu noivo te espera no altar.- me deu um sorriso dócil para mim.

-Eu sou o pai, eu à levo!- disse meu pai atrás da minha mãe.

Minha mãe saiu rapidamente da frente do meu pai, dando espaço para que ele pudesse estender sua mão para que eu saísse da limosine.

Assim fiz, mas uma vez, sem escolha. Meu pai me olhou dos pés à cabeça assim que fiquei diante dele. Vi seus olhos encherem de lágrimas, orgulhoso ou arrependido, talvez os dois.

- Está linda minha querida.- disse.

Apenas forcei um sorriso, nada hoje faria com que eu risse de verdade. Não só hoje, mais durante esses cinco anos que estarei casada com um velho ou... Uma criança, ou um jovem entrando na puberdade...

Andamos até a porta da igreja, que estava aberta e cheia de gente... Minha vontade era de dar meia volta e correr para bem longe daqui.

-Relaxa, ele não é nenhuma criança e nenhum velho babão.- zombou meu pai tentando descontrair meu nervosismo.

- Como se fosse o maior problema!- disse com sarcasmo.

- Me desculpe querida, eu...

- Vamos acabar com esse teatro logo!- falei decidida.

Sem mais nem menos, minha mãe entrou na igreja anunciando que a noiva - eu - estava pronta para entrar. Olhei para frente, para dentro da igreja. Um ser de preto me chamou muito a minha atenção, em cima do altar. Ele deve ser o noivo que estão me forçando a casar.

Fico pensando se ele está sendo forçado, ou se, por uma coincidência, me escolheu entre milhares de mulheres em Nova Iorque. Para mim, foi puro azar entre milhares.

Dei um passo para entrar na igreja. Todos levantaram para me ver entrando com meu pai. Respirei fundo várias vezes durante o trajeto para o altar.

Muitos murmuros ecoava pela igreja. Uns comentando sobre o vestido, de como caiu bem em mim, outros falando mal do penteado, do modo que colocaram o véu. E o principal, do porque estar casando tão jovem. Então começou a rolar comentários se eu estava grávida. Bando de fofoqueiros. Preferia apenas assinar o papel no cartório para não ter esse falatório todo.

Procurei por Nikki nos bancos próximos ao altar. Não consegui encontra-lo. E se ele não veio ver o meu fim triste, ou...

- Procurando por alguém?- perguntou meu pai chamando minha atenção.

- Nikki.- disse encontrando-o no primeiro banco perto do meu suposto noivo.

Sorri para comprimentar-lo e para agradecer por ele ter vindo assistir essa farsa. Nikki retribuiu o sorriso, em seguida, sussurrou algo no ouvido de uma garota loira do seu lado, fazendo-a rir. Talvez seja a tal namorada dele. Dei uma longa respirada.

Paramos de andar, olhei para frente, para o ser loiro diante de mim. Não dava para vê-lo direito, graças ao véu em meu rosto.

- Cuide da minha menina.- disse me entregando para o ser loiro.

- Pode deixar!- sorriu para mim.

Não me senti segura com seu juramento ao meu pai. Na verdade, não acreditei em suas palavras. Em nada do que disse.

-

No meio da cerimônia, meus pés pediam arrego para respirar um pouco. Estes saltos estão acabando com os meus pés de princesa. De quem foi a idéia de me fazer usar um sapato de cristal? Só me digam para que eu possa fazer engoli-lo.

- Dylan Philips, aceita horar, cuidar, amar e respeitar, Jenny Lins, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separem?- perguntou o padre ansioso pela resposta.

- Sim, aceito!- disse com um sorriso no rosto, ou estou vendo coisas através desse véu.

- Jenny Lins, aceita honrar, cuidar, amar e respeitar, Dylan Philips, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separem?- perguntou para mim desta vez.

Meu coração parece que vai sair pela minha boca se eu ousasse dizer algo. Olhei para minha mãe do meu lado, em seguida pro meu pai. Os dois fizeram sinais para que eu falasse algo, mas nada saía.

Senti um toque descendo até minha mão fazendo cócegas por onde deslizava seus dedos. Olhei para o ser que estava provocando isso. Um gesto tão meigo e gentil, por um momento achei que está sendo carinhoso, mas ao entrelaçar seus dedos nos meus, deu um aperto bem forte me obrigando a responder. Sabia que se não fizesse, sairia dali com os dedos quebrados.

- S-sim...- sussurrei baixo.

- O que querida, não ouvimos direito.- disse o padre.

Meu futuro marido apertou ainda mais forte seus dedos nos meus para que eu respondesse mais alto.

- Sim...- meio que gritei.

- Então eu os declaro, marido e mulher, pode beijar a noiva!

Soltou meus dedos, foi um alívio. Soltei um ar de alívio. Minha chance de retribuir a dor que me fez sentir em público e não poder fazer nada. Assim que o Sr. Philips ergueu meu véu, pude ver o quão belo é. Charmoso. Olhos azuis, barba por fazer, o que me deixou mais atraída por ele.

Olhando-o assim, de primeira vista, aparenta ter o dobro da idade que tem por causa da linha de expressões em sua testa.

Seus olhos encontraram os meus, percebi um espanto na sua expressão, surpreso por seu eu... Ou algo do tipo. Engoliu em seco. Franziu as sobrancelhas, substituindo a expressão suave e feliz, por preocupado e irritado, um pouco arrependido.

Sem esperar mais nenhum minuto, inclinou-se até mim para me dar um beijo. Eu, não sou boba nem nada, beijei-o, ou era o que o povo pensou. Gritaram de felicidade em seguidas de palmas. Mas o beijo foi substituído por uma mordida em seu lábio inferior. Ouvi um gemido baixinho no sinal que estava doendo. Isso é pra ele aprender a não machucar uma mulher. Soltei.

Dylan Philips me olhou bravo, com uma brasa acesa em seus olhos louco para grunhir de dor. Ele passou a língua em cima do carimbo que deixei em seu lábio. Um riso irônico e suspeito, saiu de sua boca. Me arrependi por desafia-lo. Posso sair ferida nessa história. Passou o polegar na marca que deixei para limpar a saliva que sua língua deixou para trás.

Nada Além de um ContratoWhere stories live. Discover now