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Norma proibiu Jade de dormir no mesmo quarto em que estava. Fez com que o diretor arrumasse um quarto só para sua filha, sem criaturas existentes e até mesmo, inexistentes.

"Eu já disse que ela é real, mãe." Jade choramingou. Estava deitada na cama, encolhida juntamente ao travesseiro, implorando mentalmente que sua mãe a entendesse.

"Você inventa essas merdas desde que era pequena..." Norma encarava a janela, sem coragem alguma para olhar nos olhos da filha. "Não acha que já está grandinha para ter amigos imaginários, Jade?"

"Ela não é minha amiga imaginária." Outro choramingo, trazendo de brinde algumas lágrimas que escorriam por sua pele pálida. "Você não viu a cama dela? Estava desarrum-"

"Cale a boca." Rosnou. "Você não vê como deixa todo mundo doente?" Finalmente se virou, encarando a garota  na cama. "Chora como uma criança, chora o tempo todo." Seu tom de voz estava se tornando mais alto a cada palavra. "Por que acha que eu te mandei para cá, uhn?"

"Você deveria me entender, você é psiquiatra." Murmurou.

"É impossível entender a mente de um louco."

~*~

Depois que sua mãe foi embora, Jade não sentia vontade nenhuma de sequer levantar da cama, perdera toda a motivação que havia conquistado nos últimos dias e se sentia cada vez mais inútil.

Seus pensamentos estavam em casa, quando era menor, sem seus meio-irmãos te perturbando e com seu pai te defendendo de qualquer coisa. Se lembra bem quando começou sua amizade com Annie, foi logo após seu pai morrer.

"Annie nunca existiu." Rosnou.

Jade estava tão triste e ao mesmo tempo tão entendiada... Ele queria ver Perrie, ou até mesmo Jesy, mas talvez esse não fosse o momento certo. Caminhou até a janela, encostando sua testa sobre o material de vidro, vendo o amplo jardim que ficava ao lado do pátio do colégio.
Estava chovendo, portanto não tinha tantas pessoas do lado de fora.

"O céu está tão triste quanto eu?" Havia uma única garota gargalhando, correndo pela chuva com seus braços abertos e uma capa de chuva amarela, havia algumas flores naquele tecido plastificado no tom laranja. Jade sorriu. Sempre gostou de laranja e amarelo, são cores felizes que enchem os olhos. Observou então o jardim, dando um longo suspiro após trocar seu ponto de atenção.

Passou o olhar por cada tipo de flor que se encontrava ali, mas seus olhos buscavam por uma única criatura: Perrie.

Jade era observadora e isso era um fato, sempre queria entender o porquê das coisas apenas as olhando, em silêncio e sozinha.

Corria os olhos em busca de algo que prendesse sua atenção, algo interessante o suficiente, mas tudo estava tão sem graça... Começou a pensar em Perrie, uma criatura tão perfeita e inventada por sua mente, como era criativa... Se questionava sobre a existência de todas as outras coisas, e se sua mãe não fosse real? E se nada disso fosse real? Ele simplesmente não sabia distinguir o real do imaginário, a realidade e a fantasia caminhavam lado a lado na mente doente da garota de cabelos coloridos.

Permitiu irritar-se, Perrie era real, e nenhum médico consagrado no mundo poderia dizer ao contrário. Jade a beijou mais de uma vez, e em todas as vezes sentiu-se em casa, mas não onde ela morava. Jade sentiu finalmente o significado da palavra lar.

"E por que veio para cá?" Jade perguntou enquanto comia um pedaço do chocolate que estava dividindo com Perrie.

"Não sei ao certo." Deu de ombros, indiferente. "Foi vontade do meu pai, para ser honesta." A loira suspirou, encarando os olhos castanhos a sua frente. "Mas foi bom porque nos encontramos, não foi?"

A garota então se lembrou sobre como sua mãe era ingênua em pensar que Perrie não existia, nem se deu o luxo de perguntar sobre a lista de alunos do segundo ano, afinal, ao que parece, seu único objetivo era machucar Jade, e isso ela sabia fazer muito bem.

Caminhou até a porta ignorando algumas de suas roupas espalhadas pelo chão, deu um longo suspiro antes de sair do cômodo, estava decidida que provaria a existência de Perrie, não à sua mãe, mas a si mesma.

~*~

O gemido de Perrie se tornou seu som favorito. Era como uma melodia, calma e intensa, fazendo com que espasmos percorressem o corpo de Jade. Seu cheiro, tão viciante... A garota de cabelos coloridos estava certa de que aquilo se tornaria seu primeiro vicio adolescente. Perrie era a passagem do céu ao inferno, era o que dividia o bem do mal, era o caminho do amor para o ódio.

O gosto de Perrie era doce como sua personalidade, se Jade pudesse descrever seria algo como chuva. Tudo em Perrie a lembrava chuva. Seus olhos azuis que mais pareciam o céu após uma tempestade, seu cabelo loiro, como o primeiro raio de sol depois de uma tarde chuvosa. Perrie era um anjo, um anjo real.

"Eu vou embora, Perrie." Jade sussurrou, acariciando as costas da menor, admirando a perfeita escultura que era seu nariz.

"Você já disse isso." Suspirou. "E eu prometi que te visitaria, não foi?"

"Você vai sumir quando me medicarem." Choramingou. Parecia tão frágil, sentia-se uma criança ingênua aprendendo os problemas do mundo.

"Eu sou real, droga, Jade!" Perrie levantou a cabeça, encontrando os olhos de Jade marejados, ele odiava ver a garota chorar. "Você não me sentiu agora?"

Tudo o que a garota fez foi assentir com a cabeça, ela estava com medo. Medo de nunca mais ver Perrie, medo daquela ser a última vez.

Ela sabia que seria.

existência [♡] jerrieOnde as histórias ganham vida. Descobre agora