Capítulo XL

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  Não tenho medo da morte. É o jogo que se aceita para poder jogar o jogo da vida.

Jean Giraudoux


Hope

Eu estava tão cansada, dez horas viajando de carro. Eu não queria deixar rastros, se Pen me rastreasse muito cedo não poderia fazer o que deveria, que era matar Claire.

Estaciono em frente aquele lugar abandonado, lugar esse que assombrou meus pesadelos por anos. Um calafrio sobe minha espinha ao encarar aquele lugar. Pego a arma e a seguro em minha mão, saio do carro observando o local.

— Vai ficar tudo bem meu amor.

Passo a mão na barriga ao sentir um leve pressão, fazia uns dias que ele tinha chutado pela primeira vez.

Respiro fundo e caminho para a entrada daquele local, entro olhando para todos os lados com a arma em riste. Eu precisava achar aquela desgraçada, precisava acabar com isso de vez e assim poder dormir em paz, sem nenhum fantasma do meu passado para me atormentar.

O local estava escuro, semicerro meus olhos tentando enxergar melhor. Uma dor latejante então atinge minha coxa me fazendo cair de joelhos. Eu havia sido atingida.

— Eu vou finalmente fazer o que eu tanto quero irmãzinha.

A voz de Claire atinge meus ouvidos me fazendo apontar a arma para todos os lados. Outro tiro me atinge em meu braço me fazendo largar a arma no chão.

— Eu vou matar você sua desgraçada.

Grito fazendo Claire gargalhar.

— Quem está prestes a morrer aqui é você e não eu.

Tateio o chão atrás de minha arma, porém sinto algo esmagar meus dedos me fazendo gemer de dor.

— Finalmente vamos ter nosso final.

A voz de Claire estava em meu ouvido, podia sentir a mesma ao meu lado. Fecho os olhos tentando controlar a dor que me assolava no momento.

— Pois me mata sua desgraçada, mas saiba que você não escapará.

Digo entre dentes.

— Ainda não, eu quero lhe fazer sofrer.

Ela então se afastou de mim me deixando sentada, sangrando naquele chão imundo.

— Sabe uma coisa que eu não entendo?

Ela diz acendendo a luz, agora eu a via, a garota que eu achava que era minha família, mas sempre foi uma cobra.

 Ela diz acendendo a luz, agora eu a via, a garota que eu achava que era minha família, mas sempre foi uma cobra

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— Eu tô pouco me importando para o que você não entende.

Cuspo me arrastando para o canto com dificuldade.

— Como você consegue?

Ela volta a se aproximar novamente de mim, se ajoelha ao meu lado e aperta meu rosto com força.

— Consigo o quê? Ser melhor que você? Ser feliz? Qualquer pessoa consegue.

Ela então acerta um tapa tão forte em meu rosto que me faz virar o mesmo.

— Você acha mesmo que é melhor do que eu sua vadia?

Ela grita e volta a me bater, um soco acerta meu queixo com força me fazendo cuspir sangue. Ela então se levanta e chuta minhas costelas me fazendo gemer.

— Por favor Claire, pelo que vivemos. Por favor eu tô grávida.

Ela começa a rir ao me ouvir implorando. Eu precisava ficar viva até eles aparecerem, por meu bebê, por Angel, por meu pai e por meu Doutor.

— Um bebê – ela volta a se ajoelhar e sua arma vem para minha barriga – Você sempre sai por cima da carne seca não?

Seu olhar era de ódio.

— Você sempre teve tudo.

Ela grita em minha cara me fazendo encolher.

— Não Claire, nós tivemos tudo.

Sussurro entre lágrimas.

— Não, você teve. Sempre foi, ah Hope é linda, Hope é tão esforçada, tão inteligente, Hope, Hope, Hope.

Ela falava tudo com nojo, ela me odiava de uma maneira que eu não conseguia entender.

— Eu te amava.

Ela começa a rir.

— Você acha que eu queria seu amor irmãzinha? Não, eu queria na verdade tudo que você tinha. O mais engraçado é que agora você tem uma família e tudo graças a mim.

Seu sorriso era sádico enquanto sua arma estava apontada para mim.

— Eu te dei o homem que você tem hoje, te dei aquela coisinha bonitinha e até esse bebê eu te dei, nada mais justo eu tirar tudo isso.

Ela então se levanta se afastando de mim sorrindo.

— Você é louca, você não me deu nada além de pesadelos.

— Na verdade dei sim, mas eu vou começar com você e depois eu vou atrás daquele Doutorzinho e depois daquela garotinha. Ela é a sua cara.

Eles não, ela não voltaria a tocar na minha filha, nem em Reid. Respiro fundo tentando controlar a dor e me levanto com dificuldade do chão.

Nesse momento freios de carro são ouvidos no lado de fora. Eles finalmente haviam chegado. Claire percebendo o que aconteceria, aponta sua arma para mim, eu não podia morrer, eu ainda tinha muito o que viver. Me jogo em cima dela segurando suas mãos com o pouco de força que restava, uma briga entre nós duas começa. Barulho de porta se abrindo atinge meus ouvidos, só mais uns segundos que eu precisava aguentar, minha família estava aqui.

Porém antes que algo pudesse ser feito, sinto minha pele ser rasgada perto de minha barriga, aquilo doía e muito, eu não aguentava mais, caio no chão respirando com dificuldade, tiros ecoam pelo ar e logo o corpo de Claire cai a minha frente, ela finalmente estava morta, mas tinha um sorriso sádico em seu rosto. Ela sabia que estava indo, mas me levaria com ela.

— Não, não, não. Olha para mim.

Era a voz de meu Doutor, parecia tão distante, eu estava indo, eu não aguentava mais.

— Por favor Hope, não me deixa.

Eu sentia suas mãos segurando meu rosto, seus rosto estava molhado de lágrimas. Eu precisava me despedir.

— Cuida da Angel, ela vai precisar de você.

Falar doía, mas era preciso. Ele precisava saber.

- Ela precisa de nós dois, por favor aguenta que a ambulância está chegando.

— Eu te amo meu Doutor.

Ele soluçava enquanto puxava meu corpo para mais perto do seu, era bom já que eu estava com frio, minha vista estava pesada e eu precisava fechá-la nem que fosse um pouquinho. 

HOPE Where stories live. Discover now