Capítulo XXII

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Minhas Sweets escutem a música.

Mais um capítulo hoje, não me segurei, tive que postar...

XOXO!


  "Não é necessário ser uma câmara para ser assombrado, não precisa ser uma casa. O cérebro tem corredores superando lugar material."

Emily Dickinson


Hope

"Viro meu rosto para não ter que olhar para o Doutor que estava ali vendo toda aquela cena. Claire estava sentada do lado oposto e sorria enquanto um de seus amigos me estuprava e me batia, as mãos dele apertava meu pescoço enquanto eu tentava me soltar, eu me debatia o máximo que eu podia, o Doutor apenas gritava pedindo que parasse com tudo aquilo, aquilo doía, ver a pessoa com que eu cresci e quem eu amava me machucando daquela maneira. Claire se levanta de onde estava e manda o cara parar, o mesmo faz o que ela pede e ela se aproxima de onde eu estava com um cigarro em mãos, ela se ajoelha ao meu lado e começa a me queimar, eu gritava e pedia para ela parar, a mesma apenas ria, viro meu rosto para não ter que olhar para aquilo e vejo ele sentado ali me olhando, seus olhos vermelhos de chorar, cada lágrima por minha causa, ele sofria por mim."

Acordo aos gritos me debatendo na cama, minha porta é aberta em um rompante e Jack entra com tudo no quarto.

— Hope.

Faço um gesto com a mão para que ele parasse antes que ele se aproximasse mais, eu não queria que ele me tocasse, eu não queria que ninguém me tocasse, eu estava suja.

— Eu quero que você tire Angel hoje de casa Jack.

Falo já me levantando jogando os lençóis para o lado.

— Eu não vou lhe deixar sozinha.

Ele diz convicto, ele sabia que eu não estava bem, a última semana eu andava afastada de todos, meus pesadelos haviam voltado desde o caso de Kansas City, porém eu precisava ficar sozinha, e eu obrigaria meu pai sair de qualquer maneira.

— Você vai e vai levar Angel, eu vou ficar bem, só preciso ficar um pouco sozinha, por favor.

Olho para ele séria, o mesmo só me encarava me analisando, com certeza querendo saber se eu estava falando sério ou se eu tentaria fazer algum tipo de besteira.

— Você prefere que eu fique aqui ou que eu saia daqui agora e você não vai saber de mim até que eu queira?

Volto a falar e meu pai fecha a cara, porém suspira desistindo.

— Vou levar Angel para ver Rosie.

Balanço a cabeça confirmando e ele sai do meu quarto pisando duro, sabia que ele não estava nem um pouco feliz por isso.

*****

Meu pai já havia saído com Angel, era apenas 08:00 da manhã, eu não iria para a UAC, desligo meu celular para ninguém me encher e puxo os fios dos telefones de casa para não tentarem ligar para eles também.

Pego material de limpeza na despensa e os levo para meu quarto para limpá-lo completamente, tudo estava sujo. Eu sempre limpava quando estava assim, eu precisava limpar, eu precisava me limpar, mas eu não conseguia isso.

Começo trocando os panos de cama, passo o aspirador de pó, limpo os móveis e depois passo para o banheiro onde deixo brilhando.

[...]

Depois de passar a manhã limpando para tentar me sentir melhor me sento no chão do quarto observando aquilo tudo limpo, mas o principal que era pra estar impecável não estava. Decido tomar um banho, começo a tirar minha roupa, fico apenas de lingerie e vou até o espelho olhando para meu corpo, vendo todas as marcas que eu tinha, queimaduras, marcas de açoitadas por minhas costas, algumas marcas de mordidas em minha barriga. Eu sempre lembraria daquilo, eu sempre estaria marcada, eu jamais seria inteira novamente. Fecho minha mão e soco o espelho a minha frente com força, eu queria quebrar aquela imagem, eu queria minha antiga eu.

Olho para minha mão sangrando e os pedaços de vidro no chão.

— DROGAAAAA.

Pego a primeira coisa que vejo e jogo na parede, vou pegando tudo e quebrando por meu quarto, rasgo algumas fotos, abro uma das gavetas e já ia rasgar o que estava lá dentro mas desisto.

— Você não me merece Doutor.

Me ajoelho em frente ao criado-mudo onde a gaveta estava aberta chorando e pego as cartas que estavam ali. Olho uma a uma, cada palavra dele, cada explicação louca, todas as respostas que eu não tinha pedido que me fazia rir sempre que eu as lia, todas as palavras de carinho, ele havia me salvado de todas as maneiras, eu o amava, mas eu não era pra ele.

— Você não merece alguém como eu.

Sussurro com uma das cartas em mão, fechos os olhos lembrando do beijo que ele havia me dado no dia anterior, eu não devia ter correspondido, mas havia sido mais forte do que eu mesma, necessitava disso. O melhor beijo da minha vida, com o melhor homem. Eu tinha errado tanto em aceitar, ele merecia alguém melhor, inteira, alguém menos complicada, por isso eu tinha dado todo apoio para ele namorar Jenna, por mais que me matasse cada beijo deles na minha frente. Antes era bem mais fácil, eu não o tinha tão perto. Me deito sobre as cartas no chão pensando naquele Doutor tão lerdo e tão amável. Me encolho em posição fetal chorando, eu só queria que toda aquela dor passasse, eu só queria ser boa o suficiente para ele.

"Quando eu percebi o que ele faria, me deixei uma única vez não pensar e acabei com a distância entre nossos lábios, levei uma de minhas mãos até seus cabelos e afundei meus dedos ali sentindo a maciez, sua mão apertava minha cintura com força me puxando cada vez mais para ele, soltei meu celular que estava em uma de minhas mãos o deixando cair no chão, sua língua se entrelaçava na minha de um modo tão doce e feroz ao mesmo tempo, ali naquele momento eu tive certeza, eu o amava mais do que eu pensava."

— Hope!

Volto a realidade ao ouvir a voz da última pessoa que deveria me ver assim.

HOPE Where stories live. Discover now