Capítulo 6 - A decisão

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Cheguei em casa por volta das 15h30 após almoçar e passar no consultório para atender um paciente. Durante a viagem de volta do hospital, refleti sobre tudo o que vi e tentei pensar num jeito de conversar sobre o assunto com Frence. As palavras do diretor ecoavam pela minha mente.


     Te darei 3 dias para uma resposta definitiva. Escolha bem doutor, não faça nada que irá se arrepender. O senhor é experiente, e sabe que oportunidades como essa, você não encontra tão facilmente. Sei,que lá no fundo o senhor já sabe a resposta.


Será que realmente sei?

Quando entrei no hall, deparei-me com um silêncio anormal. Pelo horário Margô já deveria ter retornado da escola, claro que ela poderia estar em seu quarto, mas sempre que eu estaciono o carro, ela grita meu nome desesperadamente e fica me esperando na porta. Quando abro, ela pula em mim e diz que estava com saudade. Hoje isso não aconteceu.

Tudo estava estranhamente em seu devido lugar. Outra coisa suspeita.Quando se tem três filhos, sendo dois deles crianças, nada permanece em seu devido lugar. O único movimento que tinha na casa era o das cortinas. As duas grandes janelas de madeira da sala estavam abertas e mesmo com o dia quente, o vento soprava forte.

-Margô!!?- chamei, mas não obteve nenhuma resposta - Frence!!? -Nenhuma resposta também.

Deixei minha pasta no sofá e andei até a sala de jantar, bem atento para que se algo inesperado acontecesse, eu pudesse reagir.

Quando entro no cômodo, Frence está sentada na cadeira da ponta da mesa retangular. Está com seus óculos, típico de quando precisa fazer uma longa leitura. Seus olhos estavam vidrados no notebook à sua frente.

-Oi meu amor, estava te chamando, você não ouviu?- caminhei em sua direção para lhe dar um beijo, mas ela se esquivou.

-Sente-se- ela disse séria. Séria demais. Olhou-me de forma diferente do habitual e isso me deixou em alerta. Fiz como ela me pediu. Puxei a cadeira que estava a direita da mesa e tentei disfarçar minha surpresa com a postura dela.

-Marcos, vou ser direta. Tem algo que você queira me contar?- ela tirou os óculos e olhou dentro dos meus olhos, parecia ter achado o que eu escondia. As sobrancelhas delas estavam unidas. Pude perceber sua raiva pelo modo como respirava.

-Não meu bem. Por que diz isso? - tentei descobrir sobre o que se tratava. Realmente não tinha nada para contar, não ainda.

-Marcos, você é um péssimo mentiroso, como pode fazer isso comigo?

-Eu não estou entendendo.... o que foi que eu fiz?- eu já temia a resposta.

-Ligaram ontem mais cedo daquele hospital, confirmando sua visita lá hoje. Eu disse que não sabia a respeito e pedi que ligasse para o seu consultório. Esperei você vir falar algo comigo, mas não disse uma palavra sequer. Hoje de manhã fui até seu consultório para conversamos, mas você não estava lá. Então, presumo que foi até o bendito hospital psiquiátrico. Você foi lá sem me consultar? Você aceitou algo sem falar comigo?

-Se acalme, me deixe explicar...

-É bom mesmo que me explique.- ela disse asperamente.

-Frence- tentei ser o mais calmo possível - Já se passaram mais de duas semanas desde que recebi aquele convite. Tentamos conversar, mas você estava ocupada com as crianças e a casa. Então tomei a decisão de saber mais sobre o lugar, investigar mais de perto.

- Então, você foi mesmo ao hospital sem me comunicar. Pelo menos você sabe o que já aconteceu naquele lugar?- ela disse enfática.

-Tenho consciência.

O MISTÉRIO DE HELENA - (EM HIATO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora