Capítulo 44

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Um mês depois, numa segunda feira bastante chuvosa. Maite estava no intervalo, sozinha pois sua amiga Dulce havia faltado. Algumas pessoas que passavam, encaravam Maite com uma mistura de surpresa e desprezo. Talvez, por serem algum usuário de drogas que conhecesse William ou já tinha visto ele com Maite. Pois bem, ela não ligou, pelo menos não demonstrava. Tentava ligar para William, mas só dava ocupado, então ela voltou para a sala de aula pra tentar estudar.

William não atendeu pois estava falando no telefone com Caio, que estava na cidade. Falavam sobre um cara, que estava devendo a boca de fumo e sobre a sua execução. William, quando queria, tinha sangue frio e matava sem piedade. E era isso que faria.

- Traga esse sujeito imediatamente para cá. - ordenava ao Caio.

Maite estava com um pressentimento ruim e bastante pesado. Não sabia o por que, só sabia que William tinha algo a ver com isso.

- William está em perigo, tô sentindo isso. Preciso ver ele. - ela pensava, enquanto suas pernas balançavam, esperando o resto da aula acabar para finalmente ver ele.

Sentado numa cadeira, William fumava um cigarro de maconha, relaxado, apenas esperando o tal sujeito chegar para acabar com aquilo tudo. Estava pensando no que fazer, para executar aquele plano. Se iria torturá-lo ou matar logo de uma vez.

Ele se sentou na rede, e cochilou por alguns minutos, até ser acordado por Caio.

- Acorda cara, precisamos trabalhar. - Caio disse.

O olhar de William mirou o viciado, que já estava chorando como qualquer um na situação dele. Se chamava Roberto, mas era conhecido como Betinho. Trabalhava na cidade e com o pouco dinheiro que ganhava, comprava tudo em droga. Até que um dia, seu chefe não aguentou mais e o demitiu. Sem escolha, passou sempre dever mais e mais e como todos sabem, na favela, quem tá devendo, paga com a vida.

- Pensou que escaparia de mim, malandro?  - Will disse, dando dois tapinhas leves no rosto de Betinho.

- Por favor cara, eu juro pra tu que vou te pagar. Espera só um pouco.  - Betinho pedia, chorando.

- Essas suas lágrimas não me convencem de nada, viciadinho de merda. E esse teu papinho de que vai quitar as dívidas, já deu.

- Eu te juro cara, me dá só mais uns meses.

- Meses? Para que? Eu tô te dando a oportunidade de quitar a dívida, malandro. Com uma bala dessa aqui, oh. Tu tá morto. E mortos não devem. Sacou?

- Eu não quero morrer. - o cara dizia, chorando mais ainda.

William fez um sinal para que Caio e os outros levassem Betinho para cima do morro. Eles o puxaram e levaram.

Maite finalmente havia sido liberada, e estava pegando um táxi pra comunidade. Enquanto William preparava uma arma calibre 38, Maite estava mais próxima.

William subiu. Viu Betinho de joelhos, ainda chorando, com as mãos amarradas. Ele implorava pela liberdade, queria de salvar a qualquer custo. William o encarou de frente disse:

- Vamos acabar logo com isso. Não tenho todo tempo do mundo pra ficar de papinho com um cracudo feito você.

Betinho, já aceitando que morreria, continuava chorar calado.

William ouviu uma voz chamar seu nome e essa voz ele reconhecia muito bem. Era Maite.

- William, o que está fazendo? - ela perguntou, sem entender ainda.

- Maite como chegou aqui?

- Isso não... Não importa. E esse cara preso

- Caio, leve ela lá pra baixo. Amor, deixa eu te explicar isso depois.

- Não toca em mim. - ela disse, ao ver que Caio tentava levar ela lá pra baixo.

- Aff, melhor eu acabar logo com isso. - William pensou e apontou a arma para a cabeça de Betinho, que tremia.

Maite, assustada com a cena, berrou:

- WILLIAM, O QUE VOCÊ VAI FAZER?

- Por favor, não se meta. Eu pedi para você descer, você não quis. Então você vai ver tudo isso.

- Me ajuda, me ajuda!!!! - Caio implorava para Maite.

- William,  não!!!!!! - Maite puxou a arma da mão de Will, fazendo-a disparar pra cima.

- MAITE, NÃO SE META, JÁ DISSE! - ele gritou. - E quanto a você, não adianta pedir ajuda, pois você vai morrer de qualquer modo.

- Eu tenho mulher, e um filho pequeno para criar, por favor... - chorava. Caio tentava se salvar de qualquer modo.

- Pensou na tua família antes de se drogar? Você bate em sua esposa, então vou dar um pouco de paz a ela. - William dizia, com um jeito que fez Maite se assustar, ele nunca tinha falado assim!

- WILLIAM, NÃO!  -Ela berrava.

Caio segurou Maite a força e tapou sua boca para que William pudesse completar sua missão.

- Tenha piedade de mim. Por favor,  não me mate.

- Por que eu deveria te deixar vivo? Você não tem um motivo se quer para viver. Se eu tivesse um filho, não seria como você faria tudo por ele, seu inútil. - Will deu dois chutes na barriga do sujeito que caiu chorando.

Os olhos de Maite estavam cheios de lágrima. William não era o mesmo do que o cara de um mês atrás. Estava frio e sem piedade. Ela continuava se mexendo para se soltar de Caio.

Will destravou a arma, apontou pra cabeça de Betinho. Fazendo Maite tremer de medo, morder a mão de Caio e quando finalmente estava com a boca livre, gritou:

- WILLIAM NÃO FAÇA ISSO, POR FAVOR. PELO SEU FILHO... EU ESTOU GRÁVIDA!!!!

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