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Dakota!

Como um rio, a vida precisava seguir seu curso. Mas um rio, apesar de seus afluentes, tinha a direção certa onde chegar. A vida, nem sempre. E eu tive que mudar o curso da minha.

E o primeiro afluente que eu encontrei nessa mudança foi Sean, uma surpresa e tanto. Nós nos conhecemos em Venice e eu não imaginava reencontrá-lo tão cedo. Ele e eu estávamos saindo e querendo ou não, nos conhecendo melhor. Nos beijamos uma vez, mas foi tudo muito estranho para mim. Não que o beijo dele fosse ruim, mas não fez com que eu sentisse algo diferente, afinal de contas, meu coração, feliz ou infelizmente, pertencia a outra pessoa que era proibida para mim.

Eu tive que ir me acostumando aos poucos com a ausência de Jamie na minha vida, como namorado, porque eu não podia evitar vê-lo. Nós trabalhávamos no mesmo lugar, a apenas algumas portas de distancia e eu ainda precisava conviver com ele por causa da minha filha. Nina nutria um amor muito grande pelo pai e eu não podia afastá-la disso.

Enfim, mesmo que a minha vida amorosa estivesse uma merda, de novo, tinha algo que me fez ficar feliz no meio disso tudo: a compra do meu apartamento. Eu estava me sentindo realizada, ainda que não tivesse sido fácil me afastar de Tia Tracy depois de tantos anos. Ela entendeu que eu precisava dessa independência, mas me pediu que não deixasse de visita-la e disse que viveria aqui dentro, o que me deixava muito feliz.

Dias atrás, depois de tudo pronto, as paredes pintadas, os papeis de parede colocados, os moveis planejados do jeito que eu queria, graças a Matthias que me ajudou muito, eu me mudei. Meu irmão e minha tia me ajudaram com a mudança, mas ainda haviam algumas caixas espalhadas pela sala.

Eu tinha certeza que a minha nova casa, com a vista maravilhosa para a Brooklyn Bridge, seria muito cheia de amor. A começar pelos móveis que Nina e eu, com a ajuda profissional de Eloise, escolhemos. Ela quis que seu quarto fosse cor de rosa e os moveis todos branquinhos e ainda com um espaço para que ela pudesse brincar, uma mesinha para estudar e colorir os livros que ela amava e uma estante para colocar suas bonecas.

Ela disse que agora seria uma mocinha, já que começaria a dormir todas as noites sozinha, como uma pessoa grande, mas completou dizendo que se tivesse pesadelos, correria para o meu quarto. Ah, minha menina... Dei mais olhada em seu rostinho sereno de quem acabou de dormir, dei um beijo em sua testa e sai do quarto, deixando a porta encostada.

No meio do caminho para o meu quarto, escutei batidas na porta, não fazendo ideia de quem pudesse ser, já que havia poucos dias que eu morava aqui.

Para a minha maior surpresa, quando abri a porta, me deparei com um Jamie que não parecia nada bem. Depois de nos olharmos por alguns segundos, ele simplesmente caiu, de joelhos e começou a chorar, como uma criança que havia perdido seu brinquedo favorito.

Meu coração ficou dilacerado ao ver aquilo e acelerou de tal forma que parecia querer sair do peito. Meus olhos marejaram e sem pensar duas vezes, eu abaixei, ficando de frente para ele e o abracei forte, deixando que ele chorasse, ainda sem saber o porquê.

- Oh Dakota... - Ele disse em meio ao soluço e me abraçou mais forte.

- Calma, eu estou aqui. - Acariciei seu cabelo e ficamos assim por um bom tempo, no chão, na porta do meu apartamento, abraçados.

Ele respirou fundo, se soltou de mim e limpou o rosto, tentando se acalmar. Deus do céu, eu nunca imaginei ver alguém assim, muito menos ele. Algo muito sério tinha acontecido e eu estava começando a me preocupar.

- Desculpe aparecer assim. - Ele disse com a voz ainda embargada e me olhou. - Mas eu estou péssimo e precisava falar com alguém e eu não pensei em mais ninguém, só em você. Eu sei que já está um pouco tarde, mas tem um tempinho para me ouvir? Por favor? - Ele praticamente implorou por um pouquinho do meu tempo e eu jamais negaria isso a ele, ainda mais estando nesse estado.

Learning to love again.Where stories live. Discover now