- Estou ciente dessa parte – comecei, tentando parecer calma e controlada, o que eu definitivamente não estava. – O que esse sangue faz?
Salen virou de costas para mim. Não entendi o motivo.
- Era apenas um experimento – começou, sem se virar. – Um experimento que parece dar certo.
Prendi minha respiração, tentando manter-me controlada enquanto calculava formas de matar todos daquela sala e fugir.
- Qual era o objetivo do experimento, Salen? – Insisti, tentando controlar minha respiração, a vontade de vomitar que tinha retornado, minha ansiedade e o meu instinto de fuga. Tudo ao mesmo tempo.
Ele não me respondeu.
Céus. Por que ele estava estranho daquela forma? Onde estavam as piadas? Por que ele não me encarava?
- Salen! – Exclamei, alto o suficiente para fazer minha cabeça voltar a doer. – Vire-se e me encare – ordenei, firme. – Responda-me. Seja homem.
Aquelas palavras pareceram espetá-lo. Como um gatilho invisível.
Foi ai que ele se virou, finalmente. Encarando-me a fundo, com os olhos claros fixos nos meus.
- Você quer que eu te responda, Amélia? – Começou, caminhando em minha direção com os braços cruzados. – Você quer que eu seja homem? – Continuou, chegando mais perto, passo a passo. Forcei-me a continuar com o queixo levantado. – Pois então aqui está a verdade, Amélia – gritou. – O sangue era para injetar a força a magia negra em você. E advinha só...funcionou!
Engoli a seco. Funcionou?
- O que...
- Cale a boca! – Gritou comigo, subitamente, assustando-me. – Cale a sua maldita boca e escute – continuou, gesticulando. Parecia nervoso. – Você matou metade dos meus guardas, ateou fogo em sua gaiola e saiu cantarolando daqui. Depois nós a perdemos. Bom, havíamos perdido até que um bruxo encontrasse todas as sereias do Bosque dos Pesadelos mortas e uma aldeia dos Troxs dizimada.
Senti meu estômago embrulhar.
- Você estupidamente matou a família dos meus aliados, que estavam caminhando exatamente para cá – sorriu. – Ponto para você, bruxa.
- Salen... – tentei interrompê-lo, atordoada, mas ele me ignorou.
- Achamos você caída em uma mata qualquer – continuou, cortando-me. – Você estava completamente suja de sangue, seus lábios estavam negros, e suas pupilas dilatadas. – ele cruzou os braços. – Achávamos que estava morta – deu de ombros. – Mas obviamente não estava – sorriu. – Aqui está você de novo, de volta dos mortos pela segunda vez.
Percebi que não conseguia mais respirar. Eu tinha feito tudo isso?
Oh céus.
Senti meus olhos marejarem e minha garganta se fechar. Salen percebeu minha expressão.
- Sinto muito, querida – começou, caminhando em minha direção. – Não era pra você ter fugido antes da hora – cruzou os braços. – Você devia ser nosso ataque surpresa, sua tonta.
Mordi meus lábios, sentindo a raiva de alguma forma tomar conta de minha circulação. Assustei-me comigo mesma.
- Eu vou mata-lo. – Soltei, em um sussurro. Nunca havia sentido tanta raiva em minha vida toda. Chegava a ser assustador a forma como meu corpo ficava quente. Podia sentir meu sangue me queimar, borbulhar, ameaçando subir pela minha garganta. Minha respiração ficou completamente desregrada, comecei a perder os sentidos... – Eu vou mata-lo, Salen.
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Scaban [Completo]
Fantasy[História concluída] [Não revisada] Se minha vida é miserável? Bom, tire suas próprias conclusões, mas eu me defendo dizendo que não tive escolha (por mais que eu tenha tido). Todo mundo sabe que uma grande realização sempre vem com um preço maior...
Capítulo 44 - Amélia vai lutar.
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