Capítulo 44 - Amélia vai lutar.

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- Estou ciente dessa parte – comecei, tentando parecer calma e controlada, o que eu definitivamente não estava. – O que esse sangue faz?

Salen virou de costas para mim. Não entendi o motivo.

- Era apenas um experimento – começou, sem se virar. – Um experimento que parece dar certo.

Prendi minha respiração, tentando manter-me controlada enquanto calculava formas de matar todos daquela sala e fugir.

- Qual era o objetivo do experimento, Salen? – Insisti, tentando controlar minha respiração, a vontade de vomitar que tinha retornado, minha ansiedade e o meu instinto de fuga. Tudo ao mesmo tempo.

Ele não me respondeu.

Céus. Por que ele estava estranho daquela forma? Onde estavam as piadas? Por que ele não me encarava?

- Salen! – Exclamei, alto o suficiente para fazer minha cabeça voltar a doer. – Vire-se e me encare – ordenei, firme. – Responda-me. Seja homem.

Aquelas palavras pareceram espetá-lo. Como um gatilho invisível.

Foi ai que ele se virou, finalmente. Encarando-me a fundo, com os olhos claros fixos nos meus.

- Você quer que eu te responda, Amélia? – Começou, caminhando em minha direção com os braços cruzados. – Você quer que eu seja homem? – Continuou, chegando mais perto, passo a passo. Forcei-me a continuar com o queixo levantado. – Pois então aqui está a verdade, Amélia – gritou. – O sangue era para injetar a força a magia negra em você. E advinha só...funcionou!

Engoli a seco. Funcionou?

- O que...

- Cale a boca! – Gritou comigo, subitamente, assustando-me. – Cale a sua maldita boca e escute – continuou, gesticulando. Parecia nervoso. – Você matou metade dos meus guardas, ateou fogo em sua gaiola e saiu cantarolando daqui. Depois nós a perdemos. Bom, havíamos perdido até que um bruxo encontrasse todas as sereias do Bosque dos Pesadelos mortas e uma aldeia dos Troxs dizimada.

Senti meu estômago embrulhar.

- Você estupidamente matou a família dos meus aliados, que estavam caminhando exatamente para cá – sorriu. – Ponto para você, bruxa.

- Salen... – tentei interrompê-lo, atordoada, mas ele me ignorou.

- Achamos você caída em uma mata qualquer – continuou, cortando-me. – Você estava completamente suja de sangue, seus lábios estavam negros, e suas pupilas dilatadas. – ele cruzou os braços. – Achávamos que estava morta – deu de ombros. – Mas obviamente não estava – sorriu. – Aqui está você de novo, de volta dos mortos pela segunda vez.

Percebi que não conseguia mais respirar. Eu tinha feito tudo isso?

Oh céus.

Senti meus olhos marejarem e minha garganta se fechar. Salen percebeu minha expressão.

- Sinto muito, querida – começou, caminhando em minha direção. – Não era pra você ter fugido antes da hora – cruzou os braços. – Você devia ser nosso ataque surpresa, sua tonta.

Mordi meus lábios, sentindo a raiva de alguma forma tomar conta de minha circulação. Assustei-me comigo mesma.

- Eu vou mata-lo. – Soltei, em um sussurro. Nunca havia sentido tanta raiva em minha vida toda. Chegava a ser assustador a forma como meu corpo ficava quente. Podia sentir meu sangue me queimar, borbulhar, ameaçando subir pela minha garganta. Minha respiração ficou completamente desregrada, comecei a perder os sentidos... – Eu vou mata-lo, Salen.

Scaban [Completo]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant