Magia Negra

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Narradora: Vidente(Victoria)

                 

Eu sou experiente neste assunto não faço as coisas sem pensar, tenho experiência. Coloco e retiro cartas, leio a sina, faço e retiro meu olhado. Amaldiçoo e faço macumbas por dinheiro. Faço tudo por dinheiro, essa droga verde e espessa que me consome. Quem passa pelas minhas ásperas mãos sai sempre satisfeito ou o máximo satisfeito. Sou reconhecida mas ultimamente devido a estas rugas do tempo que me pesam e que me deixam atordoada que me levam a desistir de tudo isto deixando-me perdida, desgastada, desmontada e desmanchada. A velhice lambe-me o coro, a cara, enruga-ma e cospe-me. Tem pudor de mim e eu sinto-me pequena, minimizada neste mundo.

Por enquanto, ainda faço dinheiro, engano as pessoas que apenas desejam saber se os seus entes-queridos estão bem, se se encontram no dito céu e eu fingo que sinto a sua presença e digo às pessoas aquilo que elas querem saber.

E o meu filho só me dá dores de cabeça, mata, esfaqueia jovens só por diversão, rouba, rouba tudo. Não sei o que fazer dele, nem os meus feitiços lhe ajudam. Ele não acredita em nada do que faça mas desfruta de todo dinheiro que monto. .

Contacto com o demónio, falo com ele pergunto tudo. Até o número do euro milhões mas ele limita-se a ignorar. O resto ele responde sem hesitar.

Eu não acredito em Deus, nem em amor, para mim isso são tudo um punhado de balelas, lendas, aliás, apenas ou história e mentiras que as pessoas insistem em contar.

Eu sinto a sua presença é única que nunca se desvaneceu, continua todas as manhãs deitado na minha cama, alisa-me o cabelo, eu fingo que durmo, mas vejo a sua expressão desesperada. Vagueia comigo. É a minha sombra e o meu reflexo no espelho. Sinto medo, não sei o que fazer, ele não me larga, não segue em frente. Já tentei de tudo, mas nada.

A minha conta bancária está quase a zeros e eu sei onde vou buscar dinheiro para a minha vida luxuosa.

Sou uma alma que vagueia entre a imensidão de hoje e amanhã, na doce de areia fina, onde me esqueço dos problemas, onde os afago e enforco.

Preciso de uma novo rumo, um começa, por isso decido dedicar-me à magia negra.

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A minha casa está vazia, e o meu frigorifico também olho para o relógio e já eram 8h. Vou até a janela e observo os meus vizinhos, os carros que passam num sentido, a vida de cada pessoa, os rotos felizes, o tristes, um casal a passear, um cão a farejar, uma velhota com o seu netinho pela mão, toda esta diversidade de rostos, vidas, felicidades e ignorâncias da minha pessoa e do mundo. Entretanto pergunto-me qual é o problema destes ignorantes, só por que gosto de obscuridade não quer dizer que não veja "o bem" como sendo algo pertinente. Eu neste mundo sou como uma marioneta, usada e abusada por todos, para mexer uns pauzinhos e saber do está para lá de nós. Porém eles não sabem que eu tento e não me deixo ser usada...

Nossa Senhora dos alguidares! Como eu adoro seduzir os ignorantes! No meio dos meus desvaneios recebo uma chamada. Olho para o visor e era o Valak. Merda!

- Alô. Olá, bom dia filho

- E a minha guita cabra! Onde a enfiaste, foi na xoxa?

- Tem calma, querido. A mãe anda com poucos clientes e também preciso de me sustentar!

- Ficaste velha e quando uma puta fica velha, deixa de ser procurada com a mesma frequência. Mas para de mentir. Olha que apareces morta! Não estás a falar com os teus amigos!

Engulo em seco.

- Vai para a merda, miúdo mimado!

- Quem me mimou foi o teu dinheiro, filha da puta! Só espero que amanhã, tenhas umas amiguinhas pra mim. Ok?

Não espera a resposta e desliga. Olho para a minha alma e penso aquilo que fiz de mal.

Dark WaterTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon