Desconhecidos

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Narrador: Christopher Pov

Sinto-me vazio, embora me queiram preencher. O sexo, para mim, não é nada mais do que um simples emprego reles. Eu faço isto não pela falta de dinheiro, mas pela falta de prazer. Admito, que em certa parte, considero-me um ninfomaníaco. Dá-me mais prazer fazer isto tipo de coisas com desconhecidos, com caras novas, com pénis com formas, cores e sabores diferentes. A aceitação da diversidade é o meu forte. Posso dizer em voz alta e não me envergonho, sou gay e o quê? Vão matar-me? Roubar-me? Violar-me? Arrancar-me os dentes com um alicante ferrugento?

Gemo alto, sim, e eles sentem mais prazer, não que eu o  esteja a sentir, mas isso faz-me sentir melhor e também receber mais dinheiro. Sinto-me orgulhoso por ser um dos mais falados, cobiçados e comido da áerea. Assim que eles ejaculam, eu arrasto-me pelas ruas com as pernas doloridas. E cansativo mas vale a pena. Quando sem crer esbarro-me contra uma mulher ruiva, que mostrava algumas nódoas negras pintadas pelo seu corpo. O seu estado era lastimável e metia dó. Senti a sua vontade de ser abraçado, acarinhado e beijada, senti o seu medo deste mundo. Tentei esquecê-lo, mas a sua presença não me sai da cabeça. E ela continuava a olhar para mim com os seus olhos pesados e cansados, deixando transparecer uma fragilidade profunda.

Continuo o meu caminho até casa. Tomo um longo banho e hidrato a minha pele. Por hoje já não tenho clientes por isso procuro a minha farda e visto-a. O meu turno na pizzaria já está quase a começar. Foda-se ainda terei que aturar o palhaço do meu patrão. Pois é, não sei como mas ele descobriu que eu era um gigalow e sempre que me apanha sozinho teria agarrar-me à força. Hoje a pizzaria estava vazia, mas isso não era um pretexto para a falta de trabalho para os rapazes das entregas.

Enquanto apontava o pedido de um casal que tinha acabado de chegar e reparo na entrada de um grupo de rapazes. Observo-os e olho para um rapaz todo bom. Sorri e ele pisca-me o olho .

Ele excita-me. E eu precisava de aliviar. Vou discretamente até a casa-de-banho e mastrubo-me.

Volto ao meu posto inicial e continuo a fazer o meu trabalho.

Os miúdos vão passando e eles acabam por sair do local.

Quando nesse mesmo instante entre uma rapariga com ar de perdida, uma ruiva com olhos pesados e cansados, a mesma que me olhou hoje à tarde. Sinto os seus olhos. A chamar-me, a insinuar a minha atenção, desvio o olhar, evito olhá-la diretamente nos olhos. Ela dirige-se ao balcão onde balbuceia umas palavras, eu não percebo uma palavra, sinto o seu desespero, o seu hálito, fito-a, os seus olhos desmaiam e o seu corpo desmontadas em peças no chão da pizzaria.

Dark WaterWhere stories live. Discover now