Capítulo 1

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Ótimo! Primeiro dia de aula em uma nova escola. É a quinta escola em que sou matriculado nos últimos dois anos. Desde que mamãe morreu e passei a morar com papai as coisas tem sido assim, vivemos viajando por causa do seu emprego e eu vivo sendo matriculado em outras instituições.

A S.H.S. - Stanley High School é gigante de uma forma que nunca imaginei. Dois andares para salas de aula, fora os ginásios. Ótimo de novo! Como uma pessoa com fobia social vai agir em um lugar cheio de alunos? Literalmente cheio.

Achar a secretária não foi difícil, muito menos achar o corredor com meu armário. Despois de anos estudando em locais diferentes você acaba pegando o jeito de se encontrar nos lugares. O problema mesmo foi conseguir fazer alguma coisa enquanto havia pessoas perambulando em grupos sociais de um lado para o outro, acho que foi por isso que quando tocou o sinal eu ainda estava escondido entre os corredores, utilizando uns óculos escuros e com o capuz do meu moletom escondendo meu rosto.

Com os anos eu aprendi a me esquivar das pessoas, após muito ser importunado eu desenvolvi formas de como passar despercebido, o medo de apanhar nesses casos também colaborou com essas atitudes furtivas. Só que provavelmente a aula já teria começado, e por ser a volta das férias de inverno eu vou precisar me apresentar para a turma na frente da sala, com todos me olhando.

O ar começou a faltar em meus pulmões e minhas mãos passaram a tremer em antecipação. Sou mesmo uma fraude. Só que depois de apanhar até quase a morte uma vez eu acabei criando esse trauma de aparecer em público.

Foi no refeitório de uma das escolas anteriores em que tive o desprazer de estudar. Acho que foi a primeira vez que fui transferido de um lugar sem ser pelo serviço do papai. Mas as consequências do que aconteceu naquele dia estão presentes até hoje em minha vida.

Sala 322... 323... 324... 325... Finalmente! Sala 326 - História. O sinal havia batido tinha uns dez minutos e eu ainda não havia me encontrado após o pequeno ataque de ansiedade que tive. Achar salas, corredores e essas coisas é algo fácil, acho que enrolei um pouco para evitar o momento que seria obrigado a assistir aulas só que agora não havia mais como escapar. Levantei a mão para bater na porta e respirei fundo antes de inclinar meus dedos de encontro à madeira quando a mesma foi aberta do outro lado fazendo com que, ao não encontrar resistência, meu corpo fosse para frente como se perdendo o equilíbrio.

Não precisei levantar o rosto para saber que todos riam de mim nesse momento. Minhas bochechas entraram em uma nova escala de cores passando do rosa para o vermelho. O que eu temia aconteceu, minhas mãos voltaram a tremer e se deu inicio outro ataque de ansiedade.

-Oi meu querido. Estávamos esperando por você!

Não sabia de quem era aquela voz. Da diretora? Da professora? Não faço ideia. Só sei que alguém segurou em meus ombros e sem que tivesse controle sobre meu corpo, como seu eu tivesse controle alguma vez, fui arrastado para o centro da sala de aula e virado de frente para a turma que ainda segurava o riso e para quem eu ainda não havia se quer erguido o olhar. O café da manhã que havia ingerido resolveu que era a hora perfeita para se revirar em meu estomago. Comecei a suar e as tremedeiras se estenderam para minhas pernas. Meu coração parecia o tambor de uma banda estudantil.

-Poderia se apresentar pra gente!?

Meu pescoço virou tão rápido que minha cabeça perdeu alguns segundos nessa virada estralando em um barulho audível. Um bico já se formou nos lábios e a voz travou quando tentei dizer alguma palavra.

-Me... me... me... me... me... meu... - Novas explosões de risos se fizeram ouvir a minha volta, e eu que estive olhando para o rosto daquela mulher a minha frente que sorria calorosamente devido meu embaraço. Passei a não conseguir enxergar direito devido a lente escura dos óculos e as lágrimas que subiram aos olhos. Esfreguei o olho e esse foi um erro que cometi, pois graça a esse movimento e moça notou o adereço.

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