Capítulo 11

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Marta, como ela me obrigou a chama-la a partir de agora, me acomodou em um de três quartos da sua casa. Tinham coisas básicas como uma cômoda com seis gavetas, uma cama de solteiro e um pequeno guarda roupa de duas portas. Minhas coisas não ocuparam muito espaço, sobraram duas gavetas e espaço entre as blusas penduradas nos cabides.

Depois fizemos um tour pela casa. Ela apresentou o banheiro, a sala, a cozinha o seu quarto com um banheiro privativo e o quarto que pertencia ao seu filho. Marta estava realmente feliz em poder ajudar em minha situação e quando ofereci o dinheiro que papai deixou para mim ela negou, falando que a minha presença não iria atrapalhar de forma nenhuma o seu orçamento e mandou que eu ficasse com o dinheiro para gastar como eu quiser.

Não conseguia ser tão solto com ela como eu sou com Ben, mas estava tentando me interagir mais. Escolhi ficar com ela principalmente pelo o que conversei com Ben. Sua casa é cheia de gente e talvez não fosse o melhor lugar para mim por isso, eu iria viver procurando sua presença talvez isso se tornasse sufocante para ele.

Não tenho certeza se o caminho que escolhi foi o melhor, mas se eu quisesse mudar eu precisava dar pequenos passos, e esse foi o outro motivo para eu ter escolhido ficar com Marta. Eu queria passar pela experiência de viver com alguém desconhecido, e de confiança, e precisar interagir com ela talvez me ajude com a fobia social. Claro que não iria confiar cem por cento e tão rapidamente assim, minha natureza desconfiada estava falando mais alto. Ela é a diretora de um colégio com mais de mil alunos. Se tantos pais confiam seus filhos a sua administração, por que eu não posso confiar nela com o tempo?

Estava usando a ideia sobre aprender uma nova língua. Muitas pessoas viajam para outro país em busca de um contato maior com a cultura e com a língua desse país, já que ao ter de usar na prática a pessoa acaba se desenvolvendo mais rápido. Talvez esse caminho não fosse o certo para os tipos de problema que eu tenho, mas foi o caminho que escolhi percorrer. E qualquer coisa eu sempre teria o Benjamim comigo.

Marta havia deixado claro que ele poderia vir sempre que quisesse. Ben havia me passado seu número de telefone assim como fez com Marta, anotando nossos telefones também, alegando ser para alguma precisão. Porém quando Marta me passou a senha da internet Benjamim me obrigou a instalar um aplicativo para troca de mensagens com o objetivo de que assim poderíamos conversar mais fácil. Ele precisou me ensinar como funcionava, pois o tempo que morei com papai ele não permitia internet roteada, só direto no computador e com acesso restrito. Aprendi rapidamente e assim que ele chegou a sua casa passamos uma boa parte da noite conversando besteiras e coisas sem sentido.

Quando anoiteceu e já estávamos sentados à mesa para jantar revivi uma situação tão estranha para mim quanto o dia que papai me permitiu jantar sem ele tocar na comida antes de anunciar que iria viajar. Eu não sabia como agir diante a tanta variedade de escolha. Para mim sempre foi o básico e menos do que isso.

-Esta tudo bem Cristian?

-Esta sim dire... Marta. Só é estranho.

-O que é estranho querido?

-É que... geralmente papai não me deixava jantar.

Desviei o olhar quando sua expressão ficou horrorizada com a informação. Não queria ver o peso dos seus olhos em mim, ainda está cedo demais para encarar as pessoas quando elas olham expressando seus sentimentos dessa forma.

-Você não vai ter mais esse problema aqui viu querido? - Confirmei que havia entendido. - Sempre que quiser pode pegar o que desejar.

-Obrigado.

Nas ultimas horas eu só sabia agradecer. Não importa a entidade que governe esse universo ou não, em minha vida entrou duas pessoas maravilhosas.

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