Capítulo 15

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Comemorar nunca foi algo tão bem vindo para mim quanto agora. Quando chegamos à casa de Ben os outros membros da sua família nos receberam com muita alegria junto de muita gente que eu não esperava encontrar. Boa parte dos amigos de Ben estava lá, Edley e Ethan, entre outros que nunca falei. Assim como a Oficial Ruby e os policiais George e Jack, os dois que me ajudaram naquele domingo. Alguns funcionários da escola, a bibliotecária, a professora de história. Realmente tinha muita gente que eu não fazia ideia de que estavam cientes da minha situação.

Não que eu estivesse fazendo mal agradecido, mas aguentar tanta gente me parabenizando pela conquista, sabendo mesmo que só uma parte do que passei não foi algo que planejei. Foi inevitável sentir vergonha do que aquelas pessoas todas estavam pensando de mim. Pedi pro Ben me levar para um lugar tranquilo depois da primeira meia hora que consegui aguentar.

-Pronto amor, agora pode descansar um pouco ok? Quer alguma coisa pra comer? Pra beber?

-Só quero ficar aqui com você um pouquinho.

Estávamos no quarto de Ben e deitamos em sua cama do mesmo jeito em que dormimos e assim fiquei aninhado no lugar em que mais me sinto seguro; e o que eram para serem minutos de descanso virou horas.

Quando olhei para o lado Benjamim ainda estava ali dormindo também. O dia provavelmente foi exaustivo para ele também, eu o vi chorando no tribunal e quando ele desabou eu fui junto. Isso foi antes do juiz determinar uma pausa. Todo o momento que fiquei falando foi horrível, mas o pior mesmo foi ouvir papai falando para todos como ele me odeia, nunca quis tanto correr e me esconder no abraço do meu grande homem.

Olhei para o relógio e tinham passado quase três horas desde que deitamos. Ao levantar os meus músculos e ossos estralaram e eu jurei que poderia ser ouvido do outro lado da rua se não fosse pelo som alto que ainda rolava no andar de baixo. Como conseguimos dormir? Preferi deixar que Benjamim dormisse mais um pouco e resolvi ir buscar algo para comermos. Tudo bem que eu não goste de enfrentar multidões, mas não posso esperar que Ben estivesse sempre comigo em todos os momentos.

Assim que cheguei à sala vários olhares contendo segundas intenções foram lançados. Soltei um bocejo que deve ter sido claro para explicar o nosso sumiço.

-Cristian, filho, vem aqui comer algo. Cadê o Benjamim?

-Ele ficou dormindo Lisa, estávamos cansados e dormimos assim que deitados.

Os olhares que me lançavam não estavam só oprimindo como incomodando, por isso fiz questão de deixar claro o que tinha acontecido lá em mim caso meu bocejo não tivesse sido bem especifico. Mesmo assim senti um pouco de desconforto com a atenção. Saber que agora papai esta longe de mim é um alivio e é desolador também. De qualquer forma agora não tenho uma família.

-Ôh! Que bom que vocês descansaram meu querido. O dia foi realmente muito cansativo para vocês.

-Sim, por mim eu dormia um pouco mais, só que eu acordei.

-Tudo bem querido, venha comer alguma coisa, separei para você e para o Benjamim.

Enquanto estava comendo sentado em um canto do imenso sofá e finalmente a verdade veio, minha vida agora só depende de mim. Conseguir um emprego, um lugar para morar, seguir meu caminho. Antes eu não tinha perspectiva, imaginava que sempre seria aquilo que eu estava vivendo. Lógico que eu queria fazer muitas coisas, só que as ideias não geminavam.

-Eu acordei e não vi meu coelhinho fujão do meu lado, fiquei preocupado que ele tivesse ido embora.

-Que susto Ben. – Quase gritei, mas o pulo de surpresa se fez presente.

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