Capítulo 8

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Como eu estava com meu carro e meus pais estavam com os deles, deixei Cris esperando enquanto eu ia falar para eles que ia me atrasar porque ia deixa-lo na casa dele. Com um olhar afirmei que depois iriamos conversar sobre o que aconteceu e meu pai consentiu. Ele parecia querer falar algo antes.

De volta em meu carro seguimos em silêncio por um tempo enquanto eu ficava pensativo e Cris ainda chorava um pouco mais até se acalmar e me falar alguma coisa. Ao menos ele não gaguejou como imaginei que faria.

-Você me desculpa?

-Por quê?

-Por toda essa confusão que eu causei, era para ser um dia feliz para você e olha sua cara de emburrado.

-O que aconteceu lá?

Silêncio e um suspiro.

-Do momento que você saiu correndo para tomar banho e se trocar eu já fiquei nervoso. Acho que é cedo, mas você sabe como eu sou. Seu pai começou a falar do seu protetor genital e bem...

-ELE O QUE?

-BEN, A RUA...

-Desculpa! - Por um momento perdi o controle do carro quando fui olhar espantado para ele e acabei trocando de faixa, no mesmo instante que percebi isso tentei voltar para a faixa correta e fomos jogados de um lado para o outro. Ao menos não vinha nenhum outro carro na via oposta e nada de mais aconteceu além de um susto. - Continue! - Pedi assim que as coisas normalizaram.

-Então... sua irmã me agarrou pelo braço e começou a falar e falar. Eu já queria sair correndo dali.

-Devia ter corrido.

-Dai sua mãe segurou meu outro braço e do nada quando eu me dei conta o assunto era universidade. Seu pai ficou decepcionado ou com raiva quando eu disse que não ia para a universidade.

-Você não vai?

-Não...!

-Por quê?

-Ben, eu não tenho crédito suficiente nas matérias para conseguir uma bolsa. Meu... meu pai não vai me ajudar. Eu... eu não tenho o que fazer do meu futuro, só arrumar um emprego qualquer e tentar sobreviver.

Não soube o que falar para ele. De alguma maneira eu sabia que todos os problemas na vidado Cristian estavam relacionados com seu pai, desde o momento que ele se assustou quando eu disse que queria a liberdade que o seu pai havia lhe dado eu passei a reparar mais nele. Ele nunca falava da família e eu sabia que ele havia mentido pra mim quando falou a localização da sua casa. Eu já até achava que o pai dele batia nele, por isso o olho roxo naquele primeiro dia. Só não tinha provas para confirmar, pois caso eu tivesse essas provas eu iria mover céus e terra para fazer aquele idiota pagar por tudo.

-A direita.

Ele não parecia perceber que estava me guiando para um lugar diferente do que aquele que ele disse ser uma rua atrás de casa. Como motorista eu percebi, só deixei passar. Cris já tem tantos problemas e ele parece confiar só em mim, não quero que ele ache o contrário. Não agora que nos beijamos e... NOSSA. Que beijo! Não consigo encontrar palavras para descrever como que é beijar esse menino. Sinto-me nas nuvens e ele é o anjo que me leva até elas.

-Desculpa pela maneira como eles agiram. Vou conversar com eles.

-Não precisa Ben. Não quero criar problemas pra você sua família.

-Não vai, fica tranquilo Cris, eles só vão te entender melhor, ok?

-Tudo Bem! É aqui.

Parei o carro em frente uma casa toda apagada. Ele tirou o cinto e já foi abrindo a porta do carro colocando uma perna para fora, mas antes dele tomar impulso e sair eu segurei em seu braço e o puxei para junto de mim.

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