Contraio meus olhos, incrédula, na expectativa de que meu cérebro tenha armado uma pra mim, e o que eu realmente esteja vendo não seja verdade, e sim uma ilusão. Das mais convincentes.
Vários hematomas de diversos tamanhos estavam presentes no rosto de Christian, seu olho esquerdo estava completamente roxo, e muito inchado. Não consigo parar de encará-lo, assim como o restante da turma.
E imediatamente dezenas de perguntas invadem minha mente: quem poderia ter feito um ato tão cruel como este? Ou melhor, por quê?!E logo com a pessoa mais agradável que já conheci...
Sinto um aperto no peito, e uma necessidade enorme de amparar meu amigo.
-Christian, você... - Janaína não consegue terminar a frase, claramente perdida com as palavras, o que não era típico dela.
-Estou bem, professora - ele diz, com a voz fraca.
-Tem certeza que não quer, hm... beber uma água?
-Eu adoraria.
E assim faz. Ele desaparece pela porta me deixando mais aflita do que já estava.
-Gente, vamos voltar para aula!! - ela fala, mas estava na cara que ninguém ali teria sua concentração de volta.
-Amélia, você está bem? - Caíque pergunta, visivelmente preocupado.
-Vou ficar quando meu amigo explicar o que aconteceu.
Christian não apareceu em nenhuma das outras aulas antes do intervalo, o procurei em alguns lugares durante a troca de professores, mas não obtive sucesso algum.
Quando o sinal bate, corro loucamente pelos corredores junto com as meninas e Caíque, todos à sua procura.
-A bolsa dele ainda está na sala, então não pode ter ido embora - conclui Camila.
-Daqui a pouco vai tocar, não temos muito tempo! - praticamente grito.
-Tem certeza que já olhamos em todos os lugares? - questiona Larissa.
-Não - Caíque responde e imediatamente todas nós olhamos para ele, que completa:
-O vestiário masculino.
E lá estava ele, no canto da última parede, todo encolhido, derramando rios de lágrimas.
-Christian... - deixo as emoções me envolverem e também choro ao seu lado, o envolvendo no abraço mais apertado que já consegui dar em alguém.
Nunca o vi chorar antes. Ou melhor, nunca o vi triste. Meu amigo era aquele tipo de pessoa que animava qualquer um, você poderia estar em um dos seus piores dias, mas ele te distrairia, levantaria o seu astral, sempre das melhores maneiras possíveis.
E vejo que essa é a minha deixa para compensa-lo por tudo que já fez por mim, se é que isso seria suficiente.
-Não... Por favor, não quero que vocês me vejam assim - ele suplica.
-Presta atenção, todos nós somos seus amigos, e devemos estar contigo em todas as horas, lembra? - Camila diz o nosso famoso lema, e nós concordamos com a cabeça.
-Eu... Eu... - Christian se engasga com as próprias lágrimas.
-Quem fez isso com você? - Caíque pergunta com um tom de voz firme, seus olhos estavam escuros, sombrios.
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A Última Aposta
RomanceCaíque, um típico adolescente de dezessete anos, filho de um famoso empresário e irmão de Daniel, que está diagnosticado com leucemia desde os quatro anos de idade, era louco por uma aposta. Amélia, nascida em Minas Gerais, é obrigada a se...