Capítulo vinte e dois - Narrado por Amélia

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     Meu coração nunca acelerou tão rápido antes. 

     Nunca tinha chegado tão perto do Caíque.

     E ele mesmo assim não tentou me beijar.

De novo.

     Duas semanas depois, Sandrinha foi lá na sala pra dar o último aviso sobre o acampamento.

     -Bom dia, gente! Bom, passei só pra avisar aos alunos que ainda não se inscreveram, as inscrições vão ter até amanhã às Quatro da tarde - ainda bem que eu já tinha pago ontem. - Quando esse prazo acabar, não será mais permitido ninguém se inscrever - silêncio absoluto. - Tudo certo?

     -Sim - falamos em uníssono.

     -Só pra confirmar, quem vai de certeza pra Fernando de Noronha?

      Mais da metade da turma levantou a mão, inclusive eu.

     -Ótimo, um excelente número de alunos. Também gostaria de parabenizar a todos que se inscreveram, garanto que vocês vão se divertir muito, mesmo se não ganharmos... - sempre diziam isso. Será que era tão difícil ganhar assim?! - Bom, obrigada, e boa aula.

     Caíque foi falar comigo no intervalo. Sempre que o vejo, lembro do que aconteceu na minha casa, mesmo já tendo um tempinho.

     -Boneca, que bom que você vai pro acampamento.

     -É, você também - ele sorriu. - Vem cá, é tão ruim assim jogar contra à Adrenalina?

     -Na terceira vez que competimos, quase ganhamos deles no futebol, mas um ex amigo meu estragou tudo.

     -O que ele fez? Era do seu time?

     -Sim, estudava aqui no Royal. Quando eu estava prestes a fazer o gol de desempate, ele chegou por trás e me deu uma rasteira tão forte que minha perna ficou doendo muito, tive que sair do jogo. O Rafa até tentou se vingar dele por mim, mas não deu certo. Isaac passou a bola pro nosso adversário e eles acabaram vencendo.

     -Por que ele fez isso?! 

     -Ele tinha muita amizade na Adrenalina, mas mesmo assim não justifica ter feito isso. Nunca.

     -Então Isaac foi pra Adrenalina esse ano? - perguntei, pra confirmar.

     -Exato, e espero que ele participe dos jogos, vou acabar com sua raça.

     -Ei, calma aí... Não vai se meter em encrenca.

     -Você ficaria preocupada? - me olhou de lado.

     -Claro, né! Somos amigos.

     -É, amigos... - não falei nada. - Você está muito linda hoje, sabia? Me amarro no seu cabelo - disse, pegando uma mecha e enrolando nos dedos.

      Comecei a rir.

      -Qual foi a graça? Seu cabelo é lindo. A maioria das meninas alisaria ele, mas você preferiu deixar natural, gosto disso - pegou mais mechas e jogou por lado, e começou a acariciar meu pescoço.

     Acho que fiquei arrepiada.

     -É, não gosto muito dele, mas nunca faria uma coisa dessas. Alisá-lo seria muita burrice.

     -Que bom que você é inteligente - começou a fazer cafuné.

      -Olha só, se você continuar, vou acabar dormindo.

     -Adoraria te ver dormindo.

     O quê? Caíque estava muito estranho ultimamente...

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