Olhando a minha filha e pensando na sua pergunta lembro na perfeição o momento em que o Harry se declarou a mim no acampamento.

Não me mexo e finjo que durmo, mas ao mesmo tempo estou atenta às suas acções. Ele começa a fazer festas nos meus cabelos e do nada começa a falar.

- Eu sei que sou um idiota contigo. Sei que não consigo demonstrar o que sinto, mas quero que saibas que te adoro... Sabes, às vezes pergunto-me se usas chinelos pela casa ou que bebida gostas de pedir nos restaurantes. Embora eu tenha certeza que uma simples água te pode satisfazer. Pergunto-me quais os teus últimos pensamentos antes de dormir e os primeiros quando acordas. Sei que se forem como os meus onde tu estás sempre presente quando adormeço e acordo eu fico feliz... Pergunto qual o cheiro do teu cabelo e aposto que é baunilha ou coco. O toque da tua pele embora já a tenha tocado quando te coloquei o creme naquela tarde. Pergunto se gostas mais que te mande mensagem ou que ligue. Mas digo que eu prefiro ligar pois quero ouvir a tua voz nem que seja para me chamares idiota. Sei que a tua história é complicada mas mesmo assim gostava de saber se a tua mãe te cantava canções de embalar. Sabes, gostava de ser eu a cantar para ti.

Cada palavra que ele diz é como música para os meus ouvidos. Aconcheguei-me mais a ele e aposto que ele está a sorrir neste momento.

- Pergunto como gostas do café, mas essa resposta eu sei. Sim eu estou atento a ti e sei que preferes a canela ao açúcar. Não sei qual a sensação de ter a tua pele contra a minha. Apenas sei que os teus lábios são macios e não me imagino sem poder tocá-los. Não sei como me fui apaixonar desta maneira. Sim apaixonar, pois ainda quero entender como conquistaste o meu coração apenas com o teu olhar enfeitiçante. Sei que não vou conseguir repetir isto tudo amanhã quando acordares. Apenas sei que significas mais para mim do que eu mesmo.

Ele dá-me um beijo na testa e deita-se no seu saco cama virado para ti e sem nunca deixar de brincar com o meu cabelo e admirar o meu rosto sereno e calmo. Aos poucos abroos olhos e sorrio para ele que retribui docemente. Ficámos em silêncio com o olhar colado um no outro durante uns segundos.

São tão boas as recordações que tenho desde tempo que parece mentira tudo o que nos aconteceu entretanto. Passaram-se anos desde esse dia, mas foi esse dia em que eu realmente me voltei a sentir amada, mesmo sem admitir tal coisa.
Perdida nos meus pensamentos vejo a tela do meu telemóvel brilhar naquele quarto escuro. Levando a mão ao mesmo observo o nome do Harry e vejo que ele me enviou uma mensagem.

"A nossa pequena está bem?"

"Sim, está. Dorme finalmente."

"Ainda bem. Boa noite. Adoro-vos."

Fico pensativa com a sua última palavra e lembrando mais uma vez o meu "conto de fadas" depressa digito uma mensagem de resposta.

"Obrigada por teres estado aqui. Foi muito importante para mim... Mas sobretudo para os nossos filhos."

A resposta depressa se fez enviar e sorri com as suas palavras.

"O meu lugar sempre foi e sempre será ao vosso lado. Nunca esqueças que vocês são tudo o que tenho de mais precioso na vida."

"Então porque complicaste tudo?"

Enviei e de seguida o arrependimento apareceu. Alguns minutos passaram e a resposta não vem. Respirei fundo e quando o sono está a tomar conta de mim recebo enfim a resposta do Harry.

Harry

Depois de deixar a Emma deitada na minha cama, sigo até à sala onde encontro o Thomas a olhar uma fotografia dele com as irmãs e a mãe.

- A Emma já dorme. – Falo e ele assusta-se ligeiramente.

O seu olhar está diferente e sinto que ele tem algo que quer perguntar ou dizer. Vejo-o sentar-se no sofá e respirar fundo brincando com os dedos. Sorrio pois tal como a mãe ele quando está nervoso faz este gesto.

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