28.

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Thomas

Desde que o meu pai regressou as coisas estão melhores cá em casa. Pelo menos eu quero acreditar que sim. A minha mãe já sorri mais vezes e garanto que o sorriso dela é o melhor que posso ver depois do pesadelo que se abateu sobre a minha família.
A minha relação com o meu pai está distante, mas pelo menos não discutimos e conseguimos conversar como pessoas normais. Mas vou ser sincero e tenho saudades de falar com ele, desabafar com ele e pedir-lhe conselhos. Tenho saudades dos seus abraços, mas acima de tudo tenho saudades dele. Ele tem feito um grande esforço para comigo e com as minhas irmãs. Desde levar-nos à escola e fazer coisas que já não fazíamos antes como cozinharmos juntos e ter um jantar agradável onde depois vemos um filme mesmo que de animação por causa das minhas irmãs. Nos últimos dias decidi esquecer o que aquele otário do Stefan disse naquele dia lá na escola. Odiei o facto de ele ter dito que a minha irmã merecia muito mais do que lhe aconteceu. Sei que não deveria ter partido para a violência, que me valeu uma semana de suspensão, mas não me consegui conter. Eu bem me quero livrar dele, mas não sei como. A Sophie e o Ed têm vindo visitar-me todos os dias, mas não é a mesma coisa. Não consigo estar bem sabendo que aquele sacana anda por aí a dizer coisas sem sentido sobre mim e sobre a minha família.

Agora aqui no meu quarto, no meu último dia de suspensão, a música é a minha companhia. Pedi ao tio Niall para me ensinar a tocar guitarra e ele diz que até não me safo mal. Acho que o bichinho da música me picou mesmo a sério. Olho em volta e na minha secretária vejo a inscrição para o conservatório. Sei que tenho de decidir e rápido o que vou fazer na audição, mas a verdade é que tenho medo de falhar. Sou interrompido do meus pensamentos com alguém a bater à porta do meu quarto.

- Mano... Posso entrar? – A voz da Lottie faz-se ouvir.
- Sim pequena. – Pouso a guitarra na cadeira e sento-me de maneira à minha irmã se aconchegar perto de mim. – Que se passa? – Pergunto vendo os seus olhos verdes, não tanto quanto os meus, meio vermelhos denunciando o seu choro.
- A Emma... Ela discutiu com o pai. Disse que não gostava mais dele e que ele não esteve cá para a proteger. – Aperto-a no meu colo.

O meu pai culpa-se pelo que se passou com a Emma e como eu e as minhas irmãs andamos mais distantes dele, não sabemos o que realmente se passou para ele ter ido embora.

- Char... O pai não pode cá estar, mas ele continua a gostar muito de nós.
- Mas já não gosta da mãe e nós vamos ter duas casas. Eu não quero ter duas casas. – Uma lágrima cai pelo seu rosto e eu limpo-a rapidamente.

Ao ouvir as palavras da Lottie eu lembro que quando era criança também tinha medo que os meus pais se separassem. A minha mãe sempre me prometeu que iam ficar sempre juntos e que iam continuar a gostar de mim.

- Nós não vamos ter duas casas. Mas se tivermos é porque é o melhor. Às vezes os adultos são complicados.
- Mas tu és criança e também és complicado.
- É verdade.
- Só quero ter o pai e mãe juntos outra vez. Quero que a nossa família fique junta.
- Não te posso dizer que é isso que vai acontecer, mas prometo que tudo vai ficar melhor.
- Prometes? – Assinto e recebo um abraço de seguida.
- A Emma?
- Está no quarto dela e aviso já que ela não quer falar com ninguém.
- Mas comigo ela vai falar. Afinal eu sou o irmão super-herói das minhas pequenas. – Ela gargalha quando lhe faço cócegas e a risada dela é um som tão bom.

Somos interrompidos pela entrada da Emma no quarto. Assim que me vê, ela corre a abraçar-me e dizer que gosta muito de mim.
Também ela desabafou comigo e diz que se arrepende-se de ter dito o que disse ao meu pai, mas que não sabe como pedir desculpa. No meio de alguma conversa terminámos a tarde no meu de risadas e brincadeiras entre irmãos. Confesso que já tinha saudades de estar assim com as minhas irmãs.

Just LoveWhere stories live. Discover now