Capítulo 30

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Nathan

Estava no meio de uma reunião quando meu celular vibrou no bolso. Peguei-o para ver quem poderia ser aquela hora da tarde. Era Amanda.

— Com licença senhores, necessito atender esta ligação. — Deixei a sala de reuniões e atendi. — Amanda, espero que seja algo realmente muito bom ou urgente, pois saí no meio de uma reunião para atendê-la.

— Nathan você não vai acreditar! — Sua voz era de alegria e espanto.

— Conte, quem sabe eu acredito.

— Não dá para contar, tenho que lhe mostrar. Vou passar agora para você via whatsapp ok? Só um minuto. — Escutei o barulho das teclas do telefone. — Pronto, assiste e depois me liga. — Então ela desligou. Abri o whatsapp e recebi um vídeo. Baixei-o rapidamente e abri para assistir. Parecia um comercial, então vi Katherine esbarrar naquele ator do Smallville e se olharem. Aquele olhar ingênuo dela com o olhar de caçador dele. Então ele sorri, lhe entrega um cartão, ela cheira o cartão sorrindo e olhando para trás. E o comercial acaba com o nome da nova fragrância do perfume do CK. Fico ali estático, revendo o vídeo.

— Senhor King. Os advogados e senhores da outra empresa lhe aguardam na reunião. — Minha secretária falou. Me virei e olhei para ela.

— Obrigado!

Passei por ela, coloquei o telefone no bolso e entrei na sala de reuniões novamente. Seria um começo de noite longo.

Kate

Alex estava mais que feliz. O comercial havia sido um sucesso e o telefone da agência não parava de tocar. A maioria das ligações era de novas pessoas querendo me contratar para fazer fotos, catálogos, vídeos, e inclusive houve uma proposta para um filme. Mas, por Deus, como vou fazer um filme se nem mesmo sei nada sobre teatro?

Saí da agência com o Alex, que fez questão de me deixar em casa.

— Pronto. Mocinha entregue. — Ele falou sorrindo.

— Obrigada.

— E trate de se cuidar, afinal agora não é só você. Temos mais uma pessoa vindo por aí. — Ele disse sorrindo, enquanto saía do carro para abrir a porta para mim. Abriu-a e eu desci.

— Obrigada novamente.

— Não me agradeça. Para me agradecer, só não se esqueça de quando estiver no topo, eu ainda estarei aqui, como seu agente e amigo, se precisar. — Sorri e me encaminhei para abrir a porta do prédio. — Até amanhã, Kate. Te espero às 16h para começarmos as sessões de fotos. Assim que sair do colégio, me ligue, que mandarei um táxi ou alguém te buscar. — Assenti e me virei, entrando no prédio.

Alex foi embora assim que apareci na janela e acenei com a mão. Sorri e abaixei a janela, pois estava frio.

Fui para o quarto, tirei a roupa e entrei no banho. Relaxei embaixo da água morna, fechei os olhos e me veio o Nathan em seu terno fino, todo charmoso e poderoso. Terminei meu banho, me enrolei no roupão e em frente ao espelho desembaracei meus cabelos. Voltei para o quarto e me vesti com meu pijama lilás, coloquei as pantufas, liguei meu Ipod na música do Bruno Mars – It Will Rain, coloquei os fones no ouvido e fui preparar algo para comer. Passava das 20h30 quando entrei na cozinha. Peguei meu pote de manteiga de amendoim e passei no pão, peguei o leite e enchi um copo. Sentei e me encostei ao balcão. Adorava a voz suave do Bruno Mars, que me fazia flutuar enquanto escutava suas músicas.

Terminei de comer e olhei em volta. Precisava dar uma geral básica no meu apartamento. Esta semana seria cheia: aula, depois fotos na agência e na quinta estarei pegando um voo para Milão. Meu celular vibrou sobre o balcão. Tirei o fone do ouvido e atendi.

— Pronto.

— Filha, que saudades! — A voz inconfundível da minha mãe.

— Oi, mãe.

— Filha, precisamos nos ver. Você fugiu de casa sem nada dizer. Por onde está?

— Morando sozinha em meu próprio apartamento. — Respondi

— Imagine, filha. Volte para casa. — Ela pediu.

— Para quê? — Perguntei. — Para me fazer transar com outros homens? Para lhe sustentar?

— Não é bem assim, filha.

— O que quer mãe? — Perguntei.

— Vi seu comercial hoje. Você estava linda. — Ela me elogiou.

— E? Diga, sei que tem algo mais.

— E estou precisando de dinheiro.

Eu sabia que ela só poderia estar querendo uma coisa, e isso se chama dinheiro.

— Não tenho.

— Não minta para mim, Katherine. Você fez um comercial para uma marca famosa, você tem dinheiro sim. — Ela falou com sua voz estridente quase gritando.

— Não grite comigo, não moro e nem sou mais sustentada por você.

— Você é muito ingrata, Katherine. Passei malditos 18 anos da minha vida me deitando com diversos homens para lhe sustentar. — Ela gritava ao telefone.

— Não jogue isso na minha cara, mãe. — Gritei.

— Você sabe que é verdade.

— Sim, eu sei, e eu cresci vendo você se esfregar nesses malditos homens, só porque queria ter a vida de rainha que tem hoje. Mas a beleza um dia vai embora, Helena, e a sua está indo. Você poderia ter trabalhado de garçonete.

— E ganhar o quê? U$2 dólares a hora? E no fim do mês nem conseguir pagar um apartamento decente? — Ela me questionava.

— Havia outros meios e não tinha que ficar se esfregando em ninguém. Além do mais, havia meu pai. Ele poderia ter lhe ajudado se não tivesse sumido da vida dele.

— Seu pai era um pobretão que não tinha onde cair morto, Katherine. — Ela falou com desprezo na voz.

— Por que me permitiu nascer se odeia tanto assim meu pai? Vejo o desprezo em sua voz cada vez que fala dele. E se ele fosse realmente pobre como diz, como foi que se conheceram? Como ficaram juntos? Você sempre prezou e gostou de coisas finas. Se meu pai era realmente pobre, como diabos vocês passaram uma noite juntos? Ou ele usou as economias de uma vida toda para pagar por uma noite com você? — Enchi-a de perguntas.

— Se você estivesse na minha frente agora, pode ter certeza que já teria lhe dado uma surra, sua menina atrevida.

— Odeio a forma como me criou, odeio o fato de ter me deixado ver as coisas que vi, odeio você, por beber demais e deixar aqueles malditos homens me olharem com desejo. Mas ao mesmo tempo, agradeço por nunca ter deixado nenhum deles ter encostado um dedo em mim. Mas nem por isso vou lhe dar dinheiro. Se quer tanto, trabalhe em algo decente para conseguir, e pare de vender seu corpo. — Falei brava. — E não me ligue mais, a não ser que queira sentar e conversar sério, para me contar quem é meu pai e o que aconteceu entre vocês de verdade. — Desliguei.

Minha respiração estava ofegante. Levei minha mão acima do meu seio esquerdo, sentindo meu coração acelerado. Como ela tinha essa coragem? Me ligar para pedir dinheiro? Lágrimas quentes desceram por meu rosto. Ela nunca gostou realmente de mim. Por que ela cuidou de mim todos esses anos, se nunca me amou de verdade? Será que só esperava que eu crescesse para virar minha cafetina e viver às custas da prostituição do meu corpo?

Levantei ainda soluçando pelo choro e com raiva, com ódio por uma pessoa se dizer minha mãe. Ainda não acredito que nasci dela, que fiquei nove meses em seu ventre e ela ainda me tratar dessa forma. Só posso ter sido mesmo um peso em sua vida todos esses anos.

Estava entrando no quarto quando a campainha tocou, mas não era a da porta de baixo, e sim a do meu apartamento. Que estranho!

Acompanhante de luxo - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora