Capítulo 4

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Após chegar em casa me joguei no sofá apoiando meu tornozelo em uma almofada.

- Por quê nos infernos eu fui torcer esse tornozelo, meu bom São Vladimir?

Respirei fundo e tentei me levantar e ir até a cozinha pegar alguns gelos para desinchar.

Depois que consegui por os gelos em volta do meu machucado, peguei o notebook e fui escrevendo passo a passo do meu primeiro dia o espionando.

Não era lá grandes descobertas, mas já ajudavam muito.

Fechei a tampa do note e mandei uma mensagem para os meus pais e à Lissa avisando que estava tudo indo bem.

~*~*~

- Deseja mais alguma coisa? - me pergunta a simpática garçonete de cabelos cor de azul.

- Por enquanto, é só. - sorri.

Ela assentiu com a cabeça e voltou para atender à outras mesas.

Enquanto eu estava comendo as minhas rosquinhas senti algo quente e molhado escorrendo dentro da minha blusa.

- Mas que infernos?...

- Oh, meu deus. Me desculpe. Me desculpe!

Antes que eu pudesse dizer algo, mãos brancas e grandes estavam tentando me limpar com um guardanapo, piorando mais ainda o estrago em minha blusa branca.

Levantei os olhos fervilhando de raiva e encontrei quem tinha feito a merda que fez. Uma garota de cabelos curtos e loiros.

- Me desculpe, cara. - choramingou ela. - Eu acabei tropeçando.

- Olha, tudo bem. Você já estragou a minha blusa mesmo. - olhei para mim mesma e depois apontei para a cadeira à minha frente. - Sente-se, você vai pagar a minha conta.

A garota arregalou os olhos e ficou me encarando com os lábios rosados pressionados.

- Você quer que eu pague a sua conta porquê acidentalmente derrubei café em você?

- Isso mesmo. - sorri dando outra mordida na minha rosquinha.

- Você está louca se acha que eu...

- Eu mandei sentar, garota. - apertei as têmporas. - Não me faça perder a cabeça.

Ela engoliu em seco e afastou a cadeira para se sentar.

- Bem. Se é assim, vou pedir algo pra mim.

A garota cujo nome eu ainda não sabia chamou a garçonete e pediu um hambúrguer e batatas fritas.

Minutos mais tarde o seu pedido chegou. Era incrível a rapidez que era esse lugar; vou até anotar em algum pedaço de papel para sempre voltar aqui.

- Então. - comecei. - Como você se chama?

- Sidney. - Ela respondeu passando uma mecha de seu cabelo para trás. - Sidney Sage.

- Bem. - sorri. - Sou Rose.

- Só Rose? - quis saber.

- Pra você, sim. - Sidney estreitou os olhos e passou a mão no pescoço, que logo notei que era algum tipo de tatuagem.

Sidney pegou uma das fritas e comeu.

- Que tatuagem é essa? - murmurei curiosa. - Um tipo de rosa?

- Um lírio, na verdade. - respondeu tocando novamente o seu lírio dourado.

- O quê? É uma identificação de alguma gangue?

Ela arregou os olhos. Acho que isso era uma das suas manias, além de derramar café nos outros, é claro.

- Quê? Não, não. É meio que uma coisa de família.

- Uma coisa de família? Sei.

- Estou falando sério, Rose. - Ela engoliu em seco. - É só isso, não sou nenhuma assassina ou sei lá o quê.

O quê? Ela estava com medo de mim? Não que isso fosse novidade, mas achei que o seu temperamento fosse mais forte. Ela aparenta ser determinada.

- Wow, garotinha. Calma aí, não precisa ter medo de mim.

Suas bochechas ficaram vermelhas e os seus olhos brilharam de raiva.
Com um pulo ela levantou da mesa e encostou a cadeira de volta ao lugar.

- Eu não tenho medo de você. Eu deveria era ter derramado mais café em sua blusa horrível.

E com isso, uma Sidney Sage puta da vida saiu da lanchonete pisando duro.

É, se nos encontrassemos mais vezes seríamos grandes amigas.

Enrascada Onde as histórias ganham vida. Descobre agora