Capítulo 37

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"Não!" Eu continuei gritando enquanto me debatia nos braços de Christopher, Dylan não estava morto, ele não poderia estar. Ele ainda estava la dentro, e estava respirando, eu tinha que acreditar nisso.

"Alguém traga algo para fazer ela dormir" Christopher gritou para um de seus capangas, enquanto me arrastava para o carro. Um senhor que morava no outro lado da rua viu a agitação e provavelmente o som dos tiros e venho em nossa direção, mas não ouve tempo para ele falar, Christopher atirou a sangue frio no meio de sua testa, sem ao menos piscar.

Fiquei em choque com aquilo, minha boca estava aberta, mas não emitia som algum. Christopher estava completamente insano.

"Me solta" Finalmente falei, depois de minutos em choque. Tentei bater em seus braços para me soltar, mas Christopher pareceu não sentir nada. "Dylan!" Gritei, mas logo um de seus homens caminhou em nossa direção, com uma injeção na mão. Não houve tempo para desviar, ou tentar debater sobre isso, Christopher me segurou enquanto injetava aquilo na veia do meu pescoço, e levou apenas alguns segundos para mim desmaiar.

****

Acordei sobre algo confortável, quando observei mais claramente, percebi que era uma cadeira de avião, reconheci como o avião particular de Christopher. Ele estava sentado a minha frente, com um jornal nas mãos e a perna esquerda cruzada sobre a direita, seu semblante era o mesmo de sempre, duro e irritado, como se pudesse arrancar uma cabeça somente com o olhar. Demorou apenas segundos para tudo voltar, Dylan, nosso beijo, o "eu te amo" e os sons dos tiros. Não consegui me impedir de chorar na frente de Christopher, eu não queria bancar a forte nesse momento, tudo o que eu queria era Dylan seguro, mesmo que isso custasse minha vida.

Christopher ergueu o olhar para mim, me olhando como se sentisse pena, mas ele não sentia. Ele dobrou o seu corpo em direção ao meu e tentou encostar em meu rosto, tentando limpar minhas lagrimas, mas eu me afastei do seu toque e tentei avançar nele, mas algo me impossibilitou. Eu estava algemada a aquela cadeira, como um animal selvagem, meu pulso latejou e pequenas gotas de sangue sujaram a algema. Christopher recuou, com o olhar irritado. Antigamente, se eu estivesse desse jeito na frente dele, eu estaria morrendo de medo, mas tudo o que eu conseguia sentir agora era raiva. Raiva e uma dor inexplicável no meu peito, um vazio, um buraco no meu coração que não poderia ser preenchido novamente, não haviam palavras suficientes para explicar o que eu estava sentindo. As dores que eu sentia quando Christopher abusava e me humilhava não se comparavam ao que eu estava sentido agora, se aquilo era dor, o que é isso que estou sentindo?

"Estamos voltando para casa, Luna" Christopher falou de repente, pousou o jornal ao seu lado e descruzou as pernas. "Nossa verdadeira casa, Inglaterra." Olhei para ele com nojo. 

"Eu não vou a lugar algum com você" Ele sorriu, sorriu como se estivéssemos saindo de férias, como se nossa vida fosse perfeita e ele não fosse um doente abusivo.

"Receio que você não tenha escolha." Ele disse, com um sorriso debochado enfeitando seu rosto. 

"Eu pulo desse avião"

"Qual é, Luna! Relaxe e aproveite essa linda viagem entre pai e filha."Senti meu rosto queimar de raiva, eu provavelmente estava vermelha nesse momento.

"Eu não sou sua filha, Christopher, e você sabe disso" Disse com raiva, balançando meu braço novamente para tentar me soltar, mas tudo o que consegui foi sentir mais dor. Sempre mais dor.

"Não adianta ficar irritada comigo e então decidir que não sou mais seu pai-" Lhe interrompi.

"Eu não sou sua filha, nem de criação e muito menos de sangue. O que você fez com a minha mãe, matou ela a pancadas também? Destruiu a vida dela? E meu verdadeiro pai? Você matou ele, assim como matou Dylan?" Gritei absurdamente alto, chorando como nunca chorei antes, sentia que alguém estava segurando meu coração nas mãos e apertando ele com força e essa pessoa era Christopher. "Você matou ele porque você é egoísta, não suporta ver ninguém mais feliz que você, por isso sempre achou jeitos de me destruir, porque você não se importa com ninguém, você não tem a porra dos seus sentimentos, Cristopher. Você é incapaz de sentir-" 

A cadeira que Cristopher estava sentado quase voou para trás quando ele se levantou irritado, me interrompendo com um grito de raiva. Ele caminhou de um lado para o outro, puxando seus cabelos com frustração, até que finalmente parou na minha frente e apontou o dedo para mim.

"Você não sabe porra nenhuma" Ele apontou o dedo para o seu peito, e continuou "Eu amava a sua mãe, sempre amei, mas sabe o que ela fez? Na primeira oportunidade ela se deitou com o meu melhor amigo." Ele disse com nojo, e eu não soube como agir.

"É mentira, você está tentando-" Ele me interrompeu novamente.

"Eu estava disposto a perdoar ela, mas então ela apareceu gravida, e o filho não podia ser meu, porque eu não posso ter a porra de um filho" Ele gritou no meu rosto, fazendo eu me encolher. "Mas sabe o que eu fiz? Eu estava disposto a perdoar ela novamente e criar aquela aberração como filho, mas ela me deixou, me deixou para ficar com aquele maldito traidor, e então engravidou novamente, de você" Ele apontou para mim "Eu não podia deixar a maldita família de traidores viverem feliz, enquanto eu tinha que me afogar em álcool para esquecer a vadia da sua mãe."

"Então o que você fez?" Perguntei com medo da resposta, mordendo meu lábio para não chorar novamente, mas mesmo assim, as lagrimas teimavam em escorrer lentamente pelo meu rosto, encharcando minha blusa.

"Eu matei ela" Ele sorriu orgulhoso e então percebi que 'o amor pode levar a loucura' não era somente uma expressão.


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Gente, calma o coração, em nenhum momento eu, autora, disse "o Dylan morreu". Apenas os personagens da história acreditam nisso, então paciência que logo tudo vai ser esclarecido, amo vocês e obrigado pelas 35mil visualizações, vocês são incríveis.

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