Not a joke

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Day 217 – 218

Clarke folheava um livro quando Lexa entrou em seu quarto. As lágrimas caíam sobre as folhas plastificadas e seus dedos roçavam a superfície com carinho e nostalgia. A morena fechou a porta e sentou ao lado da loira. Clarke ergueu seus olhos azuis, que estavam ainda mais claros pelo reflexo marejado, com um sorriso fraco ao ver que Lexa estava ao seu lado.

– Estou indo para a casa da Raven. – Disse com uma voz suave. Suas mãos acariciavam os fios dourados e um sorriso preocupado moldava seus lábios. – Você vai ficar bem?

– Vou sim, só não agora. – A voz rouca da loira se quebrou antes de terminar de falar. Suspirou, tentando frear as lágrimas, e se sentou ao lado de Lexa trazendo o livro para o seu colo.

– Você coleciona flores? – Perguntou, vendo os traços azulados de uma das rosas. Clarke sorriu com a pergunta.

– Não mais. Era algo que eu fazia com meu pai. Ele era biólogo marinho, mas apaixonado por flores. – Sorriu com a lembrança. – Ele me apoiaria, se pudesse.

– Ele te apoia, Clarke. – Murmurou, séria, enquanto encarava profundamente o azul de seus olhos, antes de puxá-la para um abraço longo.

[...]

Lexa desceu as escadas rapidamente, indo em direção a garagem. Não queria passar nem um segundo ali sem que houvesse necessidade, por mais que quisesse estar perto de Clarke. Passou pela sala e encontrou Abby sentada numa das poltronas. Ombros caídos, copo de whisky em mãos e rosto abatido. A mulher ouviu os passos e ergueu o olhar, que gelou ao ver a morena parada do outro lado da sala.

– Estou indo, obrigada por me receber aqui. – Lexa disse, sua voz dura apesar de tentar ser educada.

Abby apenas a encarou, analisando a garota rapidamente antes que ela continuasse com seu caminho. Lexa colocou a última mochila em seu carro e saiu. Chegou na casa de Raven quase meia hora depois, sorrindo de canto ao encontrar a amiga sentada na varanda.

– O que você está fazendo aí, Rav? – Perguntou, achando a situação inusitada.

– Esperando você, ué. – Respondeu com um sorriso, puxando-a para um abraço apertado. Em seguida foram tirar as coisas que estavam no carro. – Octavia vai surtar quando souber que você está aqui.

– Mandei mensagem para as duas, não tenho culpa se você respondeu primeiro. – Argumentou, sabendo que a outra morena iria mesmo reclamar. Entraram em casa e se jogaram no sofá da sala. – Onde está todo mundo?

– Minha tia está no plantão. – Respondeu.

Raven veio morar com a tia, irmã de seu pai, depois que sua mãe faleceu. A morena, de dupla nacionalidade, havia morado no México até os quatro anos de idade. Seu pai faleceu antes mesmo do seu nascimento e a única família que tinha, além de seus amigos, era a irmã de seu pai. A mulher era médica, assim como a mãe de Clarke e, por isso, elas acabaram crescendo juntas. Lexa sabia dessa história e apenas acenou enquanto tirava os sapatos.

– Você está bem? – Raven perguntou depois de um longo tempo em silêncio. Um filme passava na televisão, mas Lexa não parecia prestar atenção.

– Essa é quinta vez que você faz essa pergunta, Rav. – Suspirou. – Já esperava que, em algum ponto, Abby e Kane iriam me odiar, então não estou muito preocupada com isso agora.

– Mas? – Incentivou, vendo que ela estava se perdendo nos pensamentos.

– Não esperava que ela fosse tão cruel com a Clarke e estou preocupada com isso. – Seu foco se perdeu novamente e ela respirou fundo. – Não consigo ficar bem sabendo que ela está triste. Se você tivesse visto a dor nos olhos dela.

Wild Hearts (Part I)Where stories live. Discover now