Pier 39

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Day 210-212

Kane foi o primeiro a se levantar, afirmando que havia negócios para lidar em seu escritório. Octavia usou essa deixa para se retirar também, convidando o restante – como se a casa fosse sua – para nadarem um pouco ou a apenas tomar um pouco de sol na beira da piscina. Seu convite logo foi aceito por todos, exceto por Abby. A mulher continuava encarando a visão da sala a sua frente quando chamou por Clarke.

– Encontro vocês lá fora. – A loira avisou os amigos com um sorriso forçado e foi deixada para trás.

Ficaram em silêncio por longos minutos. Clarke continuava em pé, alternando o peso do corpo entre uma perna e outra. Não conversava com Abby desde Cancún. A mais velha, por sua vez, não sabia exatamente por onde começar. Suspirou, levantando-se e encarando a filha nos olhos pela primeira vez desde que ela chegou.

– Não tinha intenção de magoar você, Clarke. – Começou com a voz firme, porém não o bastante para mascarar o quanto realmente sentia por isso. – Se você tinha algo contra os planos que fizemos juntas, devia ter dito antes. Deixar que as pessoas acreditem que você quer algo para, no fim, mudar de ideia não é algo maduro.

– Como se eu tivesse qualquer participação na elaboração dos planos. – Clarke cuspiu as palavras, sem acreditar que estava ouvindo a mesma história outra vez. – Isso não é sobre você, Abigail. Sou eu quem nunca teve a chance de fazer as próprias escolhas, porque você estava sempre me sufocando. Desde o acidente, você me colocou nessa bolha invisível e eu deixei porque sentia que quem deveria ter morrido, era eu.

Clarke parou, percebendo que não estava respirando. Um suspiro profundo escapou de seus lábios enquanto seus olhos marejados deixavam escapar lágrimas. Ela sentia raiva, muita raiva. Aquele não era o futuro que ela havia escolhido. Pois, se pudesse escolher, ela teria ido junto com o pai há oito anos atrás. Se fosse escolha dela, ela não teria namorado com Finn por quase três anos. Entretanto, sua mãe parecia não entender que ela não aguentava mais viver pelo desejo de outra pessoa que não fosse ela.

– Clarke, não diga isso... – Abby começou, tentando se aproximar da filha, mas Clarke ergueu uma das mãos, pedindo-a para que continuasse onde estava.

– Vou dizer o que eu quiser, Abby. Vou fazer as escolhas que eu tiver que fazer. – Disse pausadamente, sua voz estava quase sumindo em meio aos soluços. – E você vai ter que engolir o seu orgulho e, se não puder aceitar, ao menos vai guardar suas palavras para você. Você é minha mãe e eu amo você, mas não é minha obrigação fazer o que você quer apenas para que você tenha algo passível de controle.

Suas palavras ainda ecoavam nos ouvidos de Abby quando saiu da sala de jantar, com passos firmes e soluços fortes. Pela primeira vez em seus dezoito anos de vida, Clarke havia desafiado a mãe abertamente. Nem mesmo a ligação em Cancún havia sido tão libertadora. A loira subiu para o quarto em passos largos e entrou em seu quarto sorrindo em meio as lágrimas. Ela estava machucada, com raiva e triste pela situação. Mas reconhecia a necessidade daquilo. Reconhecia que não era culpa dela e, por isso, sentia-se mais livre do que nunca.

[...]

Bellamy estava deitado na beira da piscina, onde havia uma sombra, enquanto Lexa estava sentada do seu lado, com os pés balançando dentro da água gelada. Raven e Octavia riam enquanto apostavam quem chegaria primeiro do outro lado na piscina dando apenas cambalhotas. Lexa estava preocupada com Clarke e Bellamy percebeu isso através dos mil suspiros pesados e dos três mil olhares para a saída da casa.

– Ei, está tudo bem. – Bellamy assegurou, ainda que não tivesse certeza disso.

– Será que a mãe dela percebeu? – Perguntou, referindo-se a relação entre Clarke e ela. Bellamy riu.

Wild Hearts (Part I)Where stories live. Discover now