46° Capítulo

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Tomei alguns goles daquela água e tentei me sentar,tudo girava,era uma tontura insuportável.

_Minha cabeça está latejando. -reclamei.

_Tome esse comprimido, logo vai passar. -disse Mayara me entregando o tal remédio.

_Oque aconteceu exatamente ? -perguntei após engolir.

_Você teve a brilhante ideia de entrar no meio de uma briga de homens e sem querer acabou levando um soco. -disse Pietra irritada com minha atitude.

_Se eu não fizesse isso eles iam acabar se matando. -disse.

_Más quem acabou quase morrendo foi você né! -exclamou.

_Não exagera Piih,foi só um desmaio. -respondi.

_Um desmaio em que você demorou trinta minutos pra acordar. -disse e saiu do quarto com passos pesados.

_Não sei pra que esse exagero. -disse revirando os olhos. _Cadê eles? -não resisti em não perguntar.

_Bom,o Mateus foi para o chalé dele,afinal ele que lhe acertou o soco,e o pessoal não queria deixar isso barato,então para não dar mais brigas eu mandei ele não voltar aqui até que você fosse embora. -explicou Mayara.

_E Pablo? -perguntei.

_Ele esta na sala,vou avisar que você acordou. -disse.

_Ainda não! -exclamei. _Quero ficar um tempo sozinha, por favor. -pedi.

_Ok,pessoal vamos dar um tempo pra ela. -disse fazendo sinal para que as outras pessoas saíssem.

(...)

Meus pensamentos e estado emocional estavam como um guarda-roupas,você vê que está desorganizado, bagunçado e tudo fora de lugar,porém não sabe por onde começar a arrumação,e muitas vezes não encontra coragem e disposição para arrumar,a gente meio que se acomoda em meio aquela bagunça, más ai de repente em um dia você abre a porta e tudo desaba sobre você.
Meu dia foi assim,quando eu menos esperava tudo desabou e agora eu não sei como arrumar.
Tantas vezes me vejo lembrando da época antes de me envolver com Pablo, minha vida era calma, eu vivia apenas na escola,igreja e em casa,não havia preocupações, não havia brigas, más também não havia felicidade.
Talvez Pablo surgiu apenas para bagunçar meu " Guarda-roupas".

(...)

Me levantei,olhei no espelho e notei que minha aparência não estava nada boa,fui caminhando sobre os corredores do chalé e não havia mais festa, nem convidados,havia bexigas sobre o chão, copos descartáveis espalhados por todo lado,parece que minha despedida e aniversário não foi como eu esperava, o importante é que amanhã de manhã eu estaria chegando em casa,eu não vejo a hora de ver meus avós,não vejo a hora de deitar na minha cama,de usar meu travesseiro,de comer as panquecas pela manhã, de ir ao clube da cidade,assistir filmes com Pietra,e de voltar a ter uma vida normal.

_Como você esta? -uma voz grossa,que não tinha como não reconhecer,surgiu atrás de mim naquele corredor com meia luz do chalé.

_Como você acha que estou ? -perguntei com tom provocativo.

_Tão perdida quanto eu,imagino. -disse.

_Totalmente perdida. -disse concreta.

_Eu queria que hoje fosse um dia especial pra você, más sou falho,mais uma vez falhei com você. Me perdoa? -pediu.

Me virei e dei de cara com aqueles olhos,que ainda tinham a mesma malícia de antes,malícia na qual eu me perdia, na qual eu vivia sem pensar nas consequências.
Ele me olhava do mesmo modo que me olhou no dia em que nos beijamos pela primeira vez,naquela bancada da cozinha,numa madrugada qualquer.

Minhas vontades naquele momento eram muitas,meus receios também, e agora sim eu podia comprovar,Pablo realmente entrou na minha vida para causar uma desordem, as vezes boa,as vezes nem tanto.

Afinal qual a graça de ter um guarda- roupas tão arrumado? Pelo menos comigo é assim: Em meio a bagunça eu encontro as melhores peças de roupa.

Amizade MAIS que coloridaWhere stories live. Discover now