– Estou pronta!

– Achei que só sairia no século que vem! – Apontou para a loira a sua frente.

– É só um jogo, O. – Raven falou e recebeu um olhar fuzilante da outra.

Aproveitaram que estavam todas prontas e seguiram rumo a saída antes que alguém lembrasse de mais alguma coisa. Antes que elas saíssem, Lexa apareceu, vestida apenas com o pijama, indo na direção da cozinha.

– Vocês podem ir na frente que encontro vocês lá. – Clarke disse, recebendo um olhar de súplica de Raven.

– VOCÊ ME FEZ ESPERAR MEIA HORA PARA DIZER ISSO? – O. berrou, sendo praticamente arrastada por Raven para longe dali.

Clarke fechou a porta e foi até a cozinha. Lexa ainda estava lá, bebendo sua água como se fosse um vinho a ser degustado. Ficaram uma em frente a outra por alguns segundos. A morena continuava tomando o conteúdo de seu copo pacientemente, tentando ignorar os olhos azuis que a encaravam.

– Precisa de algo, Clarke? – Perguntou, sorrindo para a própria imagem refletida na água.

– Está tudo bem? – Deu alguns passos em direção a morena, tomando o copo de suas mãos e colocando na pia. Obrigando-a a encará-la.

– Sim. – Lexa mantinha o olhar firme, mas na verdade encarava o armário que havia atrás de Clarke. – Você vai perder o início do jogo.

– Você não vai?

Lexa apontou para si, mostrando que pretendia manter o pijama em seu corpo. Clarke encostou-se na bancada ao lado dela. Não sabia o que estava fazendo ali. Por que se preocupava que a morena estivesse distante outra vez, quando isso deveria lhe trazer paz? Suspirou. Octavia iria ficar ainda mais irritada se não aparecesse no jogo e uma hora Raven não conseguiria acalmá-la.

– Preciso ir antes que a O. me mate. – Sorriu, mas não obteve resposta da morena. – Se mudar de ideia, sabe onde nos encontrar.

Clarke esperou que ela esboçasse qualquer reação, mas Lexa apenas acenou enquanto voltava para o próprio quarto. Aquilo havia feito algo dentro da loira retorcer. Frustração. Raiva. Insegurança. Uma confusão que fazia seu rosto pálido enrubescer. Marchou em direção ao ginásio, decidida a esquecer qualquer atração que sentisse pela morena.

[...]

Gritos ecoavam por toda a quadra. O time de Stanford havia ganhado e aquilo deixava a festa ainda mais animada. As líderes de torcida ainda dançavam enquanto o resto entoava o grito de guerra do time. Clarke aproveitara aquela situação para ficar bêbada o mais rápido possível. Havia puxado Bellamy pelo braço e o obrigado a jogar todo tipo de jogos que havia por ali.

– Então nós já jogamos Beer Bong, já passamos pelas argolas estranhas, já passamos pela roleta o que? – Olhou para o moreno a sua frente, com um sorriso pensativo nos lábios. – Acho que umas trezentas vezes... O que mais falta?

– Acho que falta ganhar o jogo do juízo. – Bellamy disse, fazendo-a sentar num sofá e sentando-se ao seu lado.

– Pfhhh... – Bufou, encostando sua cabeça no ombro do rapaz. – Você está estragando a nossa brincadeira.

– Estou te salvando, princesa. – Bellamy sorriu.

– Estou... pshii...te salvando, princesa. Bleeeh. – Respondeu imitando o amigo. – Onde estão O. e Raven?

– Provavelmente se agarrando em algum lugar. – Bellamy disse, despreocupado.

– Se agarrando tipo uma com a outra? – A sua face demonstrava um choque meio lerdo devido a bebida.

– Você não sabia?

– Acho que não sei de mais nada nessa vida. – Estava extremamente irritada, mas não conseguia parar de sorrir.

Também não conseguia parar de olhar para o moreno a sua frente. Ele já havia aparentado ser tão gostoso anteriormente ou aquilo era efeito do álcool? Sorriu mais uma vez, mordendo os próprios lábios. Os de Bellamy aparentavam ser tão apetitosos. Seus ombros eram tão largos e as mãos dele. Ela já havia reparado em como aquelas mãos eram tão grandes e confortáveis?

– Elas não devem ter feito por... – Bellamy foi interrompido pelo choque dos lábios de Clarke com os seus.

Por milésimos de segundos, ele não teve reação. Mas logo retribuiu o beijo, pedindo abertura para que pudesse aprofundá-lo. No fundo, uma voz lhe dizia que aquilo não iria acabar bem. Entretanto, o sabor dos lábios da loira havia entorpecido qualquer traço de razão. A única coisa que ele reconhecia era a urgência em sentir e aprofundar cada toque. Suas mãos foram da face de Clarke para seus ombros, percorrendo o caminho de sua clavícula para as suas costelas.

Clarke não sabia ao certo o que estava fazendo, mas a sensação era boa. Não se lembrava mais da raiva que sentia, porque aqueles toques tornavam tudo turvo. Ela poderia se livrar da confusão. Naquele beijo, não havia qualquer traço de confusão. A não ser pelo fato de que aquele era seu amigo. Seu amigo. Puta que o pariu, aquele era seu amigo.

– Desculpa, eu... – Afastou-se, olhando para oslados sem entender como podia ter feito aquilo. Entretanto, a pior sensação foiperceber um par de olhos verdes encarando aquela cena.(^

Wild Hearts (Part I)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon