Capítulo 21 - Ser mulher e mãe

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Acabei de beber um café com a Martha e está tudo combinado para amanhã, depois passei no shopping para comprar algumas roupas para a minha princesa e comprei também um presente para a aniversariante. Passo no infantário para busca-la e seguimos para casa, o ritual de chegada a casa é sempre o mesmo, um banho, janta e depois ficamos no sofá a ver desenhos animados ou a brincar enquanto esperamos Alex, ela nunca dorme sem ver o seu herói. Quando ele chega eu tenho direito ao primeiro beijo porque sei que depois disso toda a sua atenção é para Karen, depois os dois sobem para o quarto e quando chego lá está Alex a contar pela milésima vez a historia da Cinderela para a nossa menina que aos poucos vai fechando os seus olhos. Depois é a nossa vez de jantar tranquilamente, ver um pouco de tv e subir para descansar bem agarrados um ao outro. Bem cedo sinto a cama abanar com os pulos da minha diabinha, ainda são sete da manhã de sábado e ela já está em pulgas para ir para o aniversário, ainda por cima ela vai usar um vestido novo amarelo com desenho de dois malmequeres que condizem com a fita do cabelo, as meninas são vaidosas mas acho que a minha princesa é exagerada. É a primeira vez que vai ao aniversário de uma amiguinha e está muito entusiasmada, principalmente porque ela sabe que na quinta onde se vão realizar a festa tem muitos animais, ela adora cães. Aos sábados o ritual é smpre o mesmo, descemos à cozinha para tomar o pequenoalmoço com muita música e panquecas, depois vamos um pouco à praia e só regressamos na hora do almoço.

Hoje depois da praia e de um bom banho vamos para o quarto da minha princesa, colocar a roupa nova, arranjar o cabelo e até colocar o creme com brilhantes que a avó Miriam ofereceu. Descemos mesmo a tempo de Alex servir uma lasanha de salmão e espinafres, despedimo-nos e eu subo para também me vestir e ir para o clube.

Chego ao Fortaleza às quatro da tarde em ponto e nada do inspector então aproveito para actualizar o fundo de tela do meu telemóvel e coloco a foto dos meus dois amores que tirei antes de sairem de casa para a festa, meu marido estava muito lindo com a minha princesa no colo, eles ficam sempre bem em qualquer foto.

Passei duas horas a aturar o mau humor do inspector que embirrou com tudo, felizmente não havia nada de realmente muito importante a fazer, apenas uma ou outra mudança e fica tudo certo. Saio do clube e vou para a casa do meu pai, nós combinámos jantar lá e depois eu sigo para o trabalho enquanto Alex e Karen vão para casa.

- Olá pai! - o meu pai abraça-me.

- Tudo bem filha? Onde está a minha menina?

- Eu avisei que ela e Alex vêm aqui ter quando saírem do aniversário, aliás eles devem estar a chegar! - entretanto a Miriam entra na sala - Olá Miriam.

- Olá linda, estou a acabar de preparação a sobremesa já volto!

Vou até à cozinha ajudar Miriam e depois de constatar que já são oito da noite eu começo a ficar preocupada, era suposto chegarem perto das sete e meia. Eu ligo para o telemóvel do Alex mas ele não atende então eu decido ligar para a Martha e ela diz que eles saíram da festa por volta das sete. O telemóvel do Alex chama mas nada...

- Filha ele deve estar preso no trânsito!

- Pai eu já liguei algumas quinze vezes e nada, são nove da noite!

- Ele deve ter o telemóvel no casaco ou então deixou em algum lado e agora não tem como avisar que está atrasado.

Podem dizer o que quiserem mas eu estou aqui na sala do meu pai a andar de um lado para outro com o coração nas mãos. A campainha toca e eu sou a primeira a correr mas, para minha desilusão é Eric que veio saber notícias, acho que estamos todos aflitos. O meu telemóvel toca e eu atendo mesmo sem ver quem é;

- Alexandre? - Eu pergunto.

- Senhora Miller?

- Sim sou eu, quem fala? - uma voz grossa de homem que não conheço.

- Dr. Richard Adam, eu estou no hospital central e deu entrada à pouco o Sr Alexandre Miller com uma menina, sofreram um grave acidente de viação!

Eu já não ouvi mais nada e foi Eric que agarrou no telemóvel e falou com o médico. Eu sei que depois disso nós fomos todos para o hospital e Eric procurou pelo tal Dr Adam enquanto eu não sabia o que fazer. Pouco tempo depois eu e o meu cunhado estamos sentados no seu consultório...

- Bom infelizmente as notícias...

- O que aconteceu exactamente? - Eric pergunta apertando a minha mão.

- Bom pelo que as testemunhas relataram foi um embate frontal, ambos os condutores estavam distraídos ou assim e não respeitaram a sinalização! No entanto também dizem que o outro condutor estava bêbado mas isso só a polícia poderá esclarecer.

- E como eles estão?

- Lamento dizer mas, eles não resistiram aos ferimentos!

- Eu espero que não esteja a dizer que os perdi - eu levanto-me e Eric faz o mesmo.

- Não havia mais nada a fazer quando os paramédicos chegaram! - o médico explica.

- Eu não aceito nisso - bato com os punhos na secretaria do médico - você está enganado!

- Rachel tem calma! - Eric grita a chorar.

- Eu mesma vou buscar o meu marido e a minha filha para voltarem para casa...

Saí do consultório sem que ninguém conseguisse me demover, procurei por todas as ambulâncias quem os trouxe para o hospital e nada, então eu procurei nas enfermarias por eles mas todos me encaminhava para o Dr Adam, até na morgue eu tentei entrar sem êxito. Eu não aceito, o meu telemóvel toca e sempre que olho para tela é o meu pai , Eric ou Miriam mas eu sempre desligo para deixar a linha desocupada para Alex me ligar. Pego um táxi e vou a casa buscar o meu carro e ponho as cordenadas do local da festa no GPS, a meio do caminho eu vejo um local com dois carros acidentados e reconheço o carro do meu marido e a cadeira das princesas da Karen, havia também outro carro de luxo que nem liguei. Alguém estava a rebocar o carro e ao me aproximar eu vi sangue nos bancos do condutor e na janela de trás perto da cadeirinha... dei alguns passos para trás caindo no chão.

- A senhorita está bem?

- Sim, eu procuro a minha família! - Eu aponto para a van preta - aquele é o nosso carro!

- Foram todos levados para o hospital a algum tempo!

Eu volto para o carro sem saber o que fazer, eu tenho um nó na garganta, o ar não entra, as mãos estão geladas, eu não sei mais nada então eu volto para o hospital e procuro novamente o médico, eu vejo ele no corredor e quando ele se apercebe da minha presença vem ao meu encontro. Meus pés fraquejam tal como o resto do corpo e sinto ser agarrada, ao ver que se trata do Dr Adam eu suspiro um "desculpe" e apago!

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