Entre o Céu e o Inferno (Completo na Amazon)

Capítulo 3 - Manhã de praia.

Todo o meu corpo treme, eu sinto nojo de cada vez de este homem me toca, o sei cheiro é uma mistura de álcool, suor e tabaco e o seu aspeto é repugnante, cabelo oleoso, a cara cheia de marcas, veste roupa preta velha e desgastada.

Certamente não é um cliente da discoteca, com este aspeto não teria nenhuma hipótese de acesso á mesma. As minhas mãos estão geladas, eu sempre fico assim quanto estou muito nervosa, a temperatura do meu corpo desce. A porta do condutor é aberta, ele empurra o meu corpo e faz com que me sente no lugar do condutor, logo ele contorna o carro para se sentar do meu lado, mas assim que a sua porta dele fecha eu saio a correr, esta é a minha oportunidade visto que ele não tinha nenhuma arma, restava fugir. Quando chegava perto da entrada da discoteca a porta da mesma abre-se saindo de lá um grupo de três homens, eles saem a sorrir e falar animadamente entre si, mas quando notam a minha aproximação os seus rostos assumiram um ar preocupado e logo reconheci um deles, ele acelera o passo e chega até mim.

— Você não me parece bem! - ele me auxilia quando quase tropeço.

— Um homem...ele tentou... ele está no meu carro - eu apontei para o BMW de porta aberta.

— Fique aqui, eu volto já!

Ele e os dois outros homens foram até ao meu carro que já se encontrava vazio, vi quando ele passou algo para a mão de um deles e despediu-se dos mesmos regressando de seguida para o local onde me encontrava.

— O carro está vazio, vamos. - ele agarra a minha cintura e ajuda-me a entrar no lugar do passageiro.

— O que está a fazer?! - eu olho confusa ao ver que o mesmo está ao volante do meu carro.

— Eu vou deixa-la em casa, não me parece estar em condições de conduzir!

E eu não estava mesmo, eu continuava com frio e a tremer. Simplesmente pus a minha morada no GPS e liguei o ar quente apesar de a noite estar abafada.

— Obrigado! - ele sorriu de lado com o que eu acabara de dizer.

— Eu nunca iria ficar indiferente ao que se passou ainda há pouco, mesmo que a sua má educação da outra noite assim o merecesse!

— A minha má educação? - eu estou incrédula - Você é que esbarrou em mim duas vezes na mesma noite!

— Eu já pedi desculpa quanto a isso, mas como você não passa de uma riquinha com a mania que tem o rei na barriga...

— Que lata a sua de insultar-me no meu carro!

Ele simplesmente ignorou-me o resto do caminho até estacionar o carro na minha porta, só nessa altura eu percebi que os seus amigos vieram com o seu carro atrás de nós, assim que me devolveu as minhas chaves entrou no Audi preto e desapareceu. Já em casa, eu bebo um chá quente e visto um pijama, as imagens desta noite não me saem da cabeça, eu preciso começar a pensar em métodos de proteção pessoal, uma arma ou algo do género. Irónico o destino que me fez ser salva pelo homem mais irritante que conheço, mal-educado... lindo, mas um verdadeiro estúpido.

Este sábado eu deveria estar enterrada no escritório da empresa a trabalhar, mas pelo contrário eu estou aqui na praia que fica nas traseiras da minha casa, preciso relaxar. Há quem tenha casas com lindos jardins e piscinas, a minha tem uma linda vista para a praia e eu adoro isso, principalmente à noite, convínhamos que o balúrdio que eu pago de aluguer da casa eu merecia até ter direito a praia privada. Por volta do meio-dia eu pego no meu vestido de praia e na toalha e caminho até meio da mesma onde tem uma zona de calçada com barracas de comida e esplanadas. Comprei um hambúrguer com batatas, um sumo de laranja natural e sentei-me numa das mesas, logo senti alguém a apróximar-se.

— Desculpa incomodar, mas eras tu que estavas ontem na porta da discoteca?

— Quem é você? - Olho para ele com atenção, mas não o reconheço.

— Que má educação a minha parte, sou Brad - ele estende a mão - sou amigo do Alex, foi ele que te levou a casa.

— Desculpa, eu realmente não lhe reconheci! - faço sinal para se sentar.

— Por favor trata-me por tu! - ele aponta para as marcas negras no meu braço que até agora não dera conta - como estás?

— Já passou! - Eu digo ao passar as mãos na marca - O meu nome é Rachel!

— Posso fazer uma questão pertinente? - pronto a conversa estava boa demais.

— Eu posso sempre não responder, mas força!

— O que se passou no carro para Alex ficar tão irritado?

— Esse teu amigo é intolerável! - só de falar dele fico enervada.

— Tem calma ele está a passar por um momento complicado! - ele sorri e bebe um pouca da sua água - Nunca conheci ninguém que não goste dele, é uma exelente pessoa.

— Deve ser quando dorme! - Eu comento.

— E por falar nele... - ele lança um sorriso para trás de mim.

— Bom eu penso que está na minha hora! - Eu não estou com vontade de aturar o mau-humor de ninguém hoje.

— Nem pensar, dá-lhe uma oportunidade - nesse instante Alex para ao meu lado com ar surpreso - Senta-te aqui connosco Alex!

— Oi Brad- eles abraçam-se - Boa tarde senhorita! - ele aperta-me mão com ar divertido.

— Alex olha só quem eu encontrei!

— É eu vejo que o mundo é mesmo pequeno! - Alex ironiza.

O meu telefone toca e o número do responsável pela parte elétrica da fortaleza aparece no ecrã, ele informa que aguarda os técnicos do sistema de segurança mas os mesmos ainda não deram sinal de vida, há pessoas intolerantes a alimentos, plantas... eu sou intolerante a incompetência, assim sendo logo que desligo a chamada os meus dedos voam até ao telemóvel, procuro o seu contacto na agenda e pressiono o nome da empresa de segurança eletrónica.

— Sr Walter, vou ser direta e clara, se dentro de uma hora eu contactar a fortaleza e a sua equipa ainda não tiver dado inicio ao seu trabalho eu não só vou dar sem efeito o nosso contrato como o vou processar! - desligo sem mesmo ouvir a resposta.

Ao encarar aqueles dois pares de olhos eu fico constrangida, sei que fui dura demais mas o tempo corre depressa e tenho prazos a cumprir.

— Rachel aqui tem! - Brad estende a mão com um cartão - Um advogado ao seu dispor!

— Uau, isso foi um esbanjar simpatia - resmunga Alex e Brad dá-lhe um toque.

— Tu és fogo, vou-me lembrar de nunca te chatear - diz ao olhar Alex.

— Bom como podem ver o dever chama e já agora Sr. Alex eu sou simpática com quem merece - olho para Brad - Obrigado pelo cartão!