Capítulo 20 - Amor...

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Entre obras na casa, decoração, trabalho no clube, aulas de preparação para o parto, consultas e toda a loucura da minha vida o tempo foi passando e neste momento eu estou com trinta e seis semanas de gravidez. Sinto-me como uma bola, os meus pés incham, a minha bexiga não aguenta mais que um copo de água e o cansaço por vezes deixa-me KO.

A Miriam passa bastante tempo aqui em casa, ela fez questão de ajudar nas limpezas e lavou todas as roupinhas da minha menina que já tem o seu quarto pronto. O Alex acabou de receber uma proposta para dar sessões de formação e workshops de cozinha e está muito entusiasmado. Faz quinze minutos que estou a espera de Eric e Nora que vêm ter comigo para irmos ver a nova casa que eles compraram, como Alex foi tratar de acertar detalhes para o novo trabalho diurno, eu vou com os meus cunhados e ele vai lá ter depois.

A casa é muito moderna e com uma piscina enorme, como felizmente a empresa de Eric está a crescer eles quiseram comprar algo em grande e eu fico feliz por vê-los bem. A casa ainda está a ser mobilada mas como a cozinha tem mesa e cadeiras eu sento-me um pouco e é nesse momento que sinto um liquido escorrer pelas minhas pernas,

— NORA, chega aqui rápido!

— Rachel eu estou aqui!

— Eu acho que sujei a tua cadeira, as minhas águas rebentaram! - assim que acabo de falar Nora entra em pânico.

— ERIC! - ele chega á cozinha - liga ao Alex para ir ter ao hospital a nossa sobrinha vai nascer agora!

Oiço Eric ligar para Alex e assim que desliga entramos no carro rumo ao hospital,o meu marido chega ao mesmo tempo que nós, parece uma barata tonta de um lado para o outro. Merda para as aulas de pré parto porque as dores que sinto são horríveis, parece que estou a partir-me ao meio. Passaram cinco horas e finalmente a minha princesa saiu de dentro de mim para deixar ver a sua carinha linda e o seu corpo gordinho e muito fofo, a minha Karen!

Ela é linda, branquinha, olhos verdes e um pouco de cabelo claro. Quando chego ao quarto está tudo enfeitado com balões e peluches, a Nora tem a minha mala ao lado, provavelmente passou na minha casa para buscar tudo, ao seu lado está Eric com um lindo ramo de flores e Alex não está por lado nenhum. Quando estamos a conversar ele chega com três cafés e logo atrás veio a enfermeira com a bébé, ficaram todos apaixonados pela Karen principalmente o pai babão, agora eu percebo que o que sentimos por um filho é inexplicável desde o primeiro segundo.

No dia seguinte vieram os avós babados visitar-nos e no terceiro dia já estamos a caminho de casa onde eu almejo poder tomar um banho de verdade e dormir um pouco. Até agora eu não tive o privilégio de dar de mamar à minha filha pois ainda não tenho leite e isso permite-me dormir mais horas seguidas deixando o Alex a tratar da Karen. Acordei com as baterias carregadas e fui procurar meus dois amores, abrindo a porta do quarto de Karen eu vejo os dois a dormir no cadeirão de baloiço, é a imagem mais arrebatadora dos dois juntos. Os quatro meses de licença de maternidade foram uma loucura, ser mãe é um trabalho árduo mas o tempo passa a correr num dia estamos ansiosas por ver como será aquele pequeno e indefeso ser que guardamos dentro de nós e no outro dia já estão a fazer birras para demonstrar que também têm vontade própria.

3 ANOS DEPOIS...

Bebés dão mesmo muito trabalho mas agora olho para trás e sinto falta de mudar fraldas e dar biberão, agora eu tenho de andar a correr a trás da minha diabinha que não pára e o meu marido faz todas as vontades à minha filha fazendo com que eu passe pela resmungona. Os dois são cúmplices em tudo e eu tenho que ralhar com os eles várias vezes, agora sei como é ser mãe e isso é algo que altera a nossa vida de tal forma que nunca conseguiremos ser as mulheres que éramos antes, o instinto maternal veio de mansinho sem que desse pela sua chegada, arrependo-me de um dia ter ficado na dúvida em ter a Karen, deve ser até pecado, como é possível haver pessoas que fazem mal a estes seres tão mágicos?

— Olá amor, chegámos - hoje é o dia de Alex buscar a Karen no infantário.

— Olá amor e olá minha princesa - ela salta para o meu colo - Humm que beijo tão bom!

— Mamã a menina quer papa! - ela diz apontando para a panela.

— Vai com o papá lavar as mãos que eu vou fazer um iogurte com fruta para o lanche!

Lá vai ela de mão dada com o pai lavar as mãos, é uma  menina muito inteligente, já se expressa muito bem verbalmente e muito comilona, com três anos e ainda faz tantas ruguinhas de gordura que eu adoro passar a mão e dar beijos, pelos passos apressados eu sei que ela vem a correr e vai subir a cadeira mas Alex anda sempre atrás dela para ajudá-la. Ela quer fazer tudo sozinha, diz que já é uma menina grande!

— A mãe da amiguinha da Karen pediu para amanhã esperares ela na porta do infantário para combinarem a hora e o local onde vamos levá-la para o aniversário.

— Tudo bem eu espero pela Martha, mas eu preciso que a leves tu ao aniversário, eu tenho de estar no clube para receber um inspector de electricidade e gás.

— Não há problema eu levo esta diabinha! - ela desmancha-se em gargalhadas com as cócegas de Alex.

Depois de comer eu fui brincar com ela para o quarto enquanto Alex preparava o jantar, amanhã terei de comprar o presente para a Karen levar ao aniversário da melhor amiga e vou aproveitar para lhe comprar algumas roupas também. Como é possível as crianças crescerem tão depressa? eu compro roupas e sapatos que mal são usados e quem ganha com isso é a Nora que também teve uma menina um ano depois de Karen nascer, chama-se Claire e é uma menina muito tímida e fofinha, com lindos caracóis negros da cor dos seus olhos, assim sendo tudo passa da minha filha para a minha sobrinha. A única coisa chata com a maternidade de Nora é que ela saiu do clube e agora fica em casa tendo a melhor profissão do mundo, ser mãe. Eric também saiu porque a sua empresa está a crescer muito e por isso ele tem de comandar o escritório, a minha equipa manteve-se ficando um dos seguranças mais capacitados a exercer o posto de chefe de equipa.

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