Capítulo 26 - Ele tem uma filha?

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Temos passado as semanas no escritório a tentar dinamizar os casinos do Sr Enzo mas cada vez mais é difícil para partilhar o mesmo espaço que Marc, embora contrariada tive de aceitar uma remodelação para que os dois ficássemos no mesmo local apenas com mesas separadas.

Ele olha sempre para mim de um modo esquisito, parece que quer tentar entrar na minha alma, de propósito ou não ele arranja sempre um modo de estar por perto, de me tocar ou roçar em mim e o pior é que eu gosto embora tente negar a mim mesma. Preciso de carinho, de um homem mas, a minha escolha recai sobre o pior de todos, mulherengo, convencido, mandão e muito atraente. Fico irritada quando o vejo com outras mulheres e ele deixa sempre que elas se esfreguem nele de uma maneira vulgar, eu não sou do tipo ciumenta... O que é que eu estou para aqui a dizer, ciúmes? Do meu chefe?

Marc tem mudanças de humores com um ritmo que nem eu consigo acompanhar e para piorar a Nora foi para casa de licença de maternidade, o Alex nasce em poucos dias e então ficou a Leslei a substituir, quem perde sou eu que tenho de aturar as suas maluqueiras, pior que isso, ela passa a vida a dizer para me atirar ao Marc.

_ Leslei, pára com isso! - ela está sentada no meu escritório comigo enquanto eu envio alguns email - Eu não quero nada com ninguém muito menos com ele, conheces o meu passado.

— Rachel Blackburn, tu vais negar que olhas para aquele corpo sem pensar como será sem roupa?

— Eu e todas as mulheres que se cruzam com o idiota - Vejo a maçaneta da porta rodar - Leslei eu acho melhor... - Leslei fala com tanto entusiasmo que não percebeu Marc na porta e nem me ouve.

— Se ele com roupa é fogo imagina sem ela, ah deve ser de ir ao céu!

— Obrigado pelo elogio Leslei mas o seu posto de trabalho é na recepção! - Marc diz com seu riso de lado.

— Eu..uu, vou an..dando! - ela está envergonhada coitada - Até logo!

— Espero que partilhe da mesma opinião que Leslei!

— Eu não sou tarada nem perco tempo a pensar em... - ele chega bem perto e olha para mim com um olhar que me arrepia!

— Continue Rachel eu sou todo ouvidos! - ele está a desafiar-me?!

— Eu vou jantar e não demoro! - está calor aqui ou é impressão minha?

Antes de chegar na porta Marc vira o meu corpo e encosta-me na parede com o corpo colado no meu, o meu coração acelera e vejo o seu olhar cair nos meus lábios com a sua proximidade inalo o seu inconfundível perfume e quando fecho os olhos por fraqueza sinto o seu hálito no meu pescoço e engulo em seco na espectativa.

— Mentir é feio!

— Eu não estou a mentir! - Eu digo com esforço pois está difícil de respirar.

— É por isso que está ofegante e a engolir em seco?

Ele passa a ponta do nariz no meu pescoço e o meu corpo ganha vida, a minha pele arrepiada responde por mim. E então ele afasta-se e sorri, um sorriso de conquistador daqueles de tirar o fôlego, ficou ainda mais convencido, sou salva por Leslei que bate na porta para me chamar para jantar.

— Rachel estás bem? Pareces nervosa!

— Eu estou bem Leslei só tive um pequeno desacordo com Marc!

— Humm, só isso?

— Sim agora vamos comer....

A Leslei engoliu a desculpa mas ela não vai cair numa próxima vez, só tenho de me afastar dele. Depois de bebermos um copo voltamos ao trabalho e felizmente não o vi mais. Isto está errado eu sou casada, quer dizer eu fui mas... eu já não sei nada.

Na noite seguinte eu estava a trabalhar, eram onze da noite e nada de Marc, na verdade ele passa mais tempo a usar o clube que a trabalhar no mesmo...

— Chefe poderia chegar aqui fora? - um dos seguranças da entrada? O que será?

Na recepção ele está com uma menina que deve ter dez anos mais ou menos, magra, camisola branca a condizer com os ténis e leggins preta cabelo escuro até meio das costas, ar angelical e olhos cinzentos lindos, que fazem lembrar alguém.

— Boa noite, posso ajudar?

— Boa noite! - ela estende a mão e abre um sorriso - o meu nome é Marylin War, o meu pai é Marc!

— Prazer, vem comigo!- Como??

Fiz sinal ao segurança para voltar ao trabalho, agora entendo o seu olhar hipnotizante, entrámos no escritório e acomodámo-nos no sofá.

— O meu nome é Rachel, sou gerente do Fortaleza mas eu não vi o teu pai hoje, deve vir mais tarde, ele sabe que estás aqui?

— Eu liguei mas ele não atendeu!

— Tudo bem eu vou ver se alguém o viu, tens fome? Eu vou pedir um lanche para nós!

— Eu aceito uma tosta e um sumo de laranja, obrigado.

— Espera aqui que vou fazer os pedidos, fica á vontade.

Caminho até ao chefe de segurança que está na pista exterior e ele diz ter visto Marc subir para um dos quartos. No segundo andar o segurança estava relutante a dizer qual dos quartos ele estava mas eu consegui arrancar a informação que queria e em frente á porta eu rezei internamente para não ver o pior mas, ao abrir a porta a minha coragem quase desapareceu, eu decididamente não estava preparada para ver isto...ver ele com outra mulher afeta-me e ver o seu corpo, eu respiro fundo...

— Marilyn está lá em baixo á sua espera, tenha a decência de descer apresentável e se possível sem cheiro de perfume barato ou pior...

Depois de fechar a porta levanto a cabeça e respiro bem fundo e tento encontrar alguma sanidade. Desço a tempo de ver a empregada sair com as bandejas, na mesa Merylin saboreava a tosta quente com gosto, quando viu sentar-me para lhe acompanhar sorriu e começamos a falar como se nos conhecêssemos desde sempre, é uma menina doce e fiquei incomodada por saber que a mãe é uma irresponsável, eu não teria coragem de ir sair com alguém e largar a minha filha na porta de um clube noturno. No fundo eu vejo que é uma menina que precisa de atenção.

— Você encontrou o meu pai?

— Por favor trata-me por Rachel e sim ele está a tratar de um assunto e não demora. Que tal a tosta de frango e queijo?

— Deliciosa.- ela bebe um pouco do sumo - Eu nunca entrei numa discoteca antes.

— Tens tempo para essas coisas, mas se ficares por aqui posso fazer uma visita guiada na hora da saída.

— A sério? Eu adoraria! Mas na verdade estou com sono!

— Se quiseres podes deitar ali no sofá e eu vou pedir para trazerem uma roupa de cama.

Depois de pedir uma almofada, lençóis e manta eu montei uma espécie de cama e assim que Mary (é assim que ela diz que chamam ela) caiu na cama e não tardou a adormecer. Eu estava a tirar os cabelos da cara e a fitar a sua doce feição a dormir quando Marc entra e fica a observar-nos, levei o dedo aos lábios para lhe fazer um pedido de silêncio. Eu afastei-me para que ele beijasse o rosto da filha e logo veio para perto de mim...

— Obrigado por tomar conta dela! - ele sussurra.

— Ela é um doce ao contrário do pai... - eu digo irritada.

— Gostou da cena lá em cima ou incomodou-a senhorita?

— Sr Marc eu tenho trabalho se não se importa... Na verdade achei nojento e não acho correto passar a noite com clientes já que é o todo poderoso, dê o exemplo aos empregados e a sua filha.

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