Capítulo 15 | Resolvendo as coisas

5.8K 620 132
                                    

— Tchau! — digo

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

— Tchau! — digo.

— Espera! Eu não acabei de falar! — anuncia, mas eu não estava a fim pra papo, pra ser sincera, eu nem queria ter atendido o telefone e ter ouvido uma baboseira daquela.

Fui ríspida como era usual, mas dessa vez eu tinha meus motivos. Quando eu falei que tudo estava bem na verdade não estava, só percebi isso tarde demais e acabei descontando de uma forma que eu não deveria. Eu estava cansada demais pra pensar em uma boa resposta, sendo assim, desligar foi a melhor escapatória. Deixei meus pensamentos de lado por um momento e peguei um livro na mesinha. Comecei a ler pra tentar esquecer o que acontecera, mas se tornava simplesmente impossível, pois eu tinha que voltar na mesma frase ao menos umas cinco vezes para entender o que estava dizendo, já que tudo voltava em minha mente e roubava minha atenção. Balancei a cabeça a fim de me libertar daquilo. Mas como? Nada adiantaria senão a resolução de todos aqueles problemas.

Escutei alguém bater na porta e, por mais que eu pudesse supor que era Safira, e que ela é uma das melhores pessoas pra se conversar, pensei na hipótese de ser papai, e de ele se culpar, como ele sempre faz, por ter me mandado ir trabalhar lá. Pedi que a pessoa entrasse e, de fato, era Safira com um sorriso tímido no rosto, tentando simpatizar comigo. Ela foi extremamente doce e prestativa, oferecendo ajuda e consolo, apesar de eu dispensar tudo.

— Callie, aquela história que você contou ficou muito vaga. Eu não quero te incomodar e muito menos te fazer sentir mal, mas eu queria saber o que houve exatamente? — eu não queria dizer, não queria, por isso, fiquei presa em meu silêncio. — Tudo bem! Se você não quer dizer, eu entendo, mas por favor, vai ser melhor pra você se abrir.

Eu queria, queria muito que tudo fosse embora, inclusive a dor pulsante que não foi deixada no hospital. Ela já estava saindo, quando, finalmente, gritei por seu nome no intuito de explicar-lhe o que houvera. Novamente sentou-se na beira da cama e eu lhe contei tudo, com todos os detalhes que senti, inclusive os sentimentos na hora do ocorrido.

Safira estava em choque, não conseguia expressar com palavras o que pensava. Tinha até sido engraçado vê-la com os olhos arregalados, a boca entreaberta com um sorriso meio torto, tentando absorver toda história que acabara de ouvir. Mas não demorou muito para a expressão de surpresa dar lugar a uma de irritação e inconformidade, pedindo para que eu o denunciasse imediatamente e não o deixasse impune, pois o que acabara de acontecer comigo podia se repetir com outras pessoas e era melhor que ele pagasse o que devia ali. Meu medo era que ele se irasse ainda mais e isso acabasse tornando as coisas piores, mas eu também não podia ignorar que o conselho de Safira era coerente talvez fosse a coisa mais correta a se fazer, talvez não. De fato era.

Eu me aprontei depressa e fomos à delegacia juntas para denunciar o ocorrido, durante todo o percurso em um silêncio mortal. Apesar de tantos assuntos para conversar, eu só conseguia pensar nos mais pesados. Eu queria perguntar sobre a questão com Gabriela e a com John, mas eu não tinha meios de chegar a tal assunto, então silenciar era o melhor a se fazer. Ao chegar na delegacia, fiz o boletim de ocorrência e fomos embora. Disseram que eu deveria tê-los procurado antes, mas que fariam o máximo para detê-lo quanto antes, haja vista que eu o via com frequência e aquilo poderia se repetir e ser tarde demais. Eu só torcia que isso não acontecesse.

Aprendendo a Crer (Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora