Capítulo 13 | A briga

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Como elas não me reconheceram, de cara eu fiquei mais tranquila

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Como elas não me reconheceram, de cara eu fiquei mais tranquila. Vi meu óculos em minhas mãos e tentei escondê-lo, pois eu queria ver até onde ia essa conversa delas. Pelo que entendi, as amigas de Mary, a irmã de John, eram o jornal da igreja – sempre achei isso um costume muito feio, mas ali aquilo se mostrava mais nojento e desprezível. Elas queriam se informar e saber quem eu era, qual era meu relacionamento com John e porque ele não falara nada a respeito disso e a Smith não parecia nem um pouco incomodada em expor o irmão e me denegrir. Eu fingia estar arrumando o cabelo e lavando o óculos para justificar a minha estada no banheiro, mas o que eu estava mais interessada era em assistir tudo pelo reflexo do espelho. Minha sorte é que não pareciam me perceber.

A gota d'água foi quando Mary disse que eu parecia sem sal e que não seria muito agradável me ter na família. Eu desamarrei o cabelo e fiz questão de pôr os óculos para que a visão que tiveram de mim de longe se tornasse mais clara e tivessem clara certeza que era de mim que falavam. Virei para elas e fiquei alguns segundos parada as encarando, até que uma delas me reconheceu de fato. Ficaram imediatamente pálidas e suas expressões eram de terror. Eu estava irada. Tinha vontade de arrancar-lhe os cabelos e dar uns bons tapas na cara, mas eu tentei me acalmar porque senão eu perderia toa moral com o irmão dela.

Ouvi diversos pedidos de desculpas, que não tinham intenção e que tudo não passava de um mal entendido. O cinismo delas e a falta de vergonha na cara me deu ânsia, só pude sair de lá bufando e, confesso, desejando a morte das meninas. Era exagerado da minha parte, mas a rejeição por parte da irmã de John doía, porque ouvir todas atrocidades que ouvi a meu respeito, sem ao menos me conhecerem, era uma punhalada.

John percebeu minha apatia assim que nos encontramos e, embora tivesse insistido para que lhe contasse o que havia acontecido, eu preferia silenciar e não deixa-lo saber que as razões se encontravam em sua irmã. Era difícil me concentrar nas conversas com ele e seus amigos quando minha cabeça só conseguia pensar em como Mary e as repórteres da igreja tinham sido preconceituosas, no sentido mais literal da palavra.

Fui deixada em casa pela família Smith, com o silêncio reinando e o clima entre mim e Mary podendo ser percebido. Acredito que John tenha notado que havia um vale entre nós duas e que algo tinha acontecido, mas não perguntou nada por ser bastante sábio e coerente. Foi uma sensação estranha durante todo percurso e eu preferia olhar para a paisagem noturna de um verão marcante do que me atentar às conversas paralelas o interior do carro.

Ao chegar em casa, papai convidou a família Smith para entrar e depois de muita insistência eles aceitaram conversar um pouco. Eu não estava com vontade de entrar em outra nuvem de desconforto, então apenas fiquei brincando com Odie enquanto os pais conversavam e os irmãos discutiam, acredito que não era um assunto muito agradável, porque vez ou outra, quando eu olhava, John estava sem a compostura que sempre mantinha.

Não foi mais que trinta minutos de conversa entre eles, mas pelo semblante de papai eu podia ter certeza que ele gostara da família Smith como um todo e que manteria contato. E, depois que todos foram embora, sentei com papai à mesa e ele me perguntou algumas coisas, inclusive o porquê do meu comportamento isolado durante toda a noite. Minhas respostas foram vagas e sempre davam voltas no assunto sem especificar nada. Eu preferia assim. Apenas respondi o interrogatório e fui me deitar, afinal tinha sido um longo dia.

Aprendendo a Crer (Revisão)Where stories live. Discover now