Capítulo 14 | O limite

5.4K 668 100
                                    

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


Eric não tinha ido à escola aquele dia e Jennifer não sabia por que ele havia faltado, mas sabia que ele estava em casa e que, se ele tivesse motivos. Seriam péssimos. John foi conosco e ficou no meio do caminho, como de costume, porque seu pai trabalhava num mercado perto à casa de Jennifer. Quando cheguei na casa dos Bittencourt para trabalhar, vi que o carro de Eric estava lá e a porta estava aberta e vi algumas garrafas de vodca no assoalho do passageiro – isso deixava claro por qual razão ele não havia ido ao colégio e minhas deduções começaram a partir dali, mas eu não tinha ideia do que estava para vir.

Jennifer disse que precisava sair e que se alguém ligasse eu deveria anotar o recado. O que me deixava a sós com o Eric naquela casa enorme e só Deus sabe em qual condição mental ele estava. Movida pela curiosidade fui a passos lentos ao andar de cima ver o que ele estava fazendo no quarto ou se já tinha caído num sono profundo. Cheguei na porta e abri a porta lentamente e me esforçava para enxergar se ele estava lá.

Gradualmente o cheiro de bebida e fumaça aumentava e eu não percebi, inicialmente, que não vinha do quarto. Só percebi quando Eric me pegou pelo braço direito e começou a me puxar para o sótão, olhei em seus olhos por uma fração de segundo. Estavam vermelhos e refletiam todas as palavras inapropriadas para qualquer que seja o meio de comunicação. Comecei a me debater e tentar resistir o máximo que podia, mas em vão. Eu clamava por misericórdia para que me soltasse e eu já imaginava o pior acontecendo, transformando meu pior pesadelo em algo quase palpável. Eu lembrava de seus olhos e eu ficava cada vez mais apavorada, gritava mas ninguém me escutaria.

Quando chegamos ao sótão, ele me jogou contra a parede e perdi o senso espacial por alguns segundos e minha visão começara a ficar turva. Quando, enfim, consegui recuperar meus sentidos eu já me via pressionada na parede por seus braços e eu sentia seu bafo quente e com cheiro de álcool cada vez mais forte. Ele tentava me encarar nos olhos, mas eu achava impossível manter contato visual com ele, tentando eu, mais uma vez, escapar. Sem sucesso outra vez.

Eu já o achava meio problemático, mas aquela vez ele estava fora de si mais do que em todas as vezes que estivemos juntos. A obsessão e necessidade de atender todas as clemências do ego poderiam levar as pessoas a fazer as mais terríveis atrocidades imagináveis. Pode parecer estranho reparar esse tipo de coisa no meio de um momento de tanta tensão emocional envolvida, mas eu via dor em seus olhos e a resposta física dele a isso, a violência, tinha se voltado a mim.

— Eric, pelo que você mais ama nessa vida, não faça nada comigo... Por favor! — suplico, temendo o que ele poderia fazer.

— Tarde demais! — Afirma se aproximando.

Sinto lágrimas escorrendo do meu rosto, traduzindo o mais puro desespero que eu podia sentir. Nada mais importava ali e comecei a lutar, minha vida dependia daquilo, mas ele era forte demais para eu conseguir resistir. Duas vezes consegui escapar de suas mãos, uma conseguindo até sair pela porta, mas quando isso aconteceu ele me deu um tapa na cara que fez meu óculos voar e cair pelas escadas. Perdi mais uma vez o sendo de direção e ele me jogou no chão, fechando a porta e me olhando nos olhos com um olhar ameaçador e depois soltou um sorriso – foi o sorriso mais psicopata e frio que presenciei em toda minha vida. Ele apreciava meu desespero e dor.

Aprendendo a Crer (Revisão)Where stories live. Discover now