Capítulo 13

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Jess ficou impressionada com o dono da loja, um dos bruxos mais conhecidos de São Cipriano. Paulo Sylvanus. Todo ano ele aparecia na televisão falando sobre o ano novo, dando dicas para cada signo. Antigamente Jess acharia tudo aquilo uma bobagem, mas naquele instante precisava mais do que nunca da ajuda dele.

– O que os traz até aqui? – perguntou o homem levantando as sobrancelhas finas, com lápis preto que destacavam os seus olhos azuis, tão claros que eram hipnóticos.

– Precisamos realizar um ritual – disse Léo. Em seguida, Babi chutou a perna dele.

– O que ele quis dizer é que precisamos comprar algumas coisas – Babi sorriu, mas Paulo Sylvanus sabia que ela estava mentindo.

Jess se aproximou do homem e começou a falar.

– Quando eu era mais nova, minha avó costumava me trazer aqui – Jess sabia que se fosse sincera, poderia pedir ajuda para o homem, afinal, Sylvanus tinha muito mais experiência do que eles. Ela segurou a mão dele e a beijou. – Espero que possamos confiar em você.

Os amigos de Jess olhavam para ela sem entender o que estava acontecendo.

– Podem confiar. O que vocês estão precisando? – Sylvanus deu uma breve olhada para Jess, mas parecia estar mais interessado no peitoral de Léo. O jovem estava tão acostumado com os olhares que nem se incomodou.

– Precisamos de um cálice, vassoura, punhal e varinha. Pode nos ajudar?

Sylvanus nem respondeu e foi logo procurando os itens que Jess havia pedido. Ele reconhecia uma bruxa iniciante quando via uma, ainda mais quando elas compravam coisas que qualquer praticante já deveria ter.

Depois de ir de um lado para o outro da loja, Sylvanus entregou a vassoura, o cálice e a varinha. Entregou um objeto para cada um dos jovens. Para Jess, o cálice; Babi, a varinha e Manu, a vassoura.

Léo ficou de braços cruzados, sem entender, esperando o retorno de Sylvanus que havia entrado por uma porta, deixando os jovens. Jess olhou para os amigos e podia sentir que eles estavam tão ansiosos quanto ela. O que eles estavam fazendo era real.

Não levou três minutos para que Paulo Sylvanus retornasse e colocasse o punhal de cabo preto e dois gumes delicadamente nas mãos grandes de Léo.

– Alguns objetos como o athame são mantidos em um lugar seguro. – percebendo que os jovens não entenderam a palavra, Paulo explicou que se tratava do punhal utilizado na bruxaria. – Agora vão me explicar por que precisam dessas coisas? Bruxaria não é brincadeira e não deve ser usada sem conhecimento. Tudo o que fizeres de bem ou de mal, voltará três vezes para vocês.

Jess, Babi, Léo e Manu escutaram atentamente. Seus ombros estavam tensos e somente relaxaram quando Jess respondeu:

– Meu ex-namorado está fora de si, como se estivesse possuído por alguma entidade. Precisamos ajudá-lo, antes que ele coloque a vida de mais alguém em perigo.

Paulo Sylvanus fechou os olhos e passou a mão no rosto de Léo, fazendo o rapaz se sentir desconfortável.

– Entendo. Este adorável rapaz quase pagou o preço com sua vida – Sylvanus piscou para Léo e voltou a conversar com Jess. – Vocês vão precisar comprar um livro das sombras para cada um de vocês.

– Nós já temos o da minha avó – respondeu Jess, colocando a mão na bolsa que carregava.

– Um livro das sombras é algo pessoal. Cada um de vocês deverá ter um, onde vocês compartilharão suas experiências com a magia, feitiços, rituais, sonhos, tudo o que te ajudarão a lembrar do desenvolvimento de vocês na bruxaria. Certamente Hortênsia não se importaria de deixá-la ler o livro dela, caso contrário ela o teria escondido ou queimado antes de morrer, não significa que vocês não precisam ter os seus próprios livros.

O Círculo - Os Bruxos de São Cipriano Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora