Capítulo 26

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Babi tirou a tarde para ir sozinha até a Céu de Estrelas. Ela precisava de ajuda para controlar sua raiva e tristeza. Sempre que a garota se descontrolava, os objetos ao seu redor se moviam contra sua vontade. Babi perdeu a conta de quantos copos se quebraram na cozinha. Belinda brigou várias vezes com a garota, além de pedir para Babi arrumar o quarto. "Um furacão passou por aqui?", dizia Belinda. Era mais ou menos o que acontecia, Babi se lembrava de Léo e Anna se beijando e tentava reprimir os seus sentimentos, mas não tinha autocontrole o suficiente. Quando ela abria os olhos, o quarto estava um caos, com roupas e objetos jogados em todos os cantos. Se não soubesse que ela mesma causava aquilo, Babi poderia jurar que alguém entrava no seu quarto e bagunçava tudo.

– Minha jovem, o que a traz aqui? – Sylvanus estava com uma maquiagem verde nos seus olhos e Babi já não se impressionava mais com o jeito dele.

– Não estou conseguindo me controlar.

– O que aconteceu?

– Longa história.

– Não tenho como te ajudar, se você não me contar exatamente o que está acontecendo.

– Estou com alguns problemas e meus poderes estão fora de controle.

– Entendo.

– Então, o que preciso fazer?

– Só um instante. – Sylvanus foi até a porta e virou a placa que dizia "Volto logo" – Me acompanhe, mocinha.

Sylvanus levou Babi para uma sala pequena. O lugar mal havia espaço para a mesa com uma toalha vermelha e as duas cadeiras, nas quais ele se sentou e Babi fez o mesmo.

– Se você for ler as minhas mãos, já aviso que não acredito nisso.

– Não vou ler suas mãos, criança – respondeu Sylvanus com toda a calma do mundo. Babi admirava como ele conseguia se controlar. – Você não acredita em leituras de mãos, mas acredita em bruxaria?

– São coisas diferentes.

– Não são tão diferentes assim.

– Essas pessoas fazem leitura de mãos para arrancar dinheiro dos outros, contando uma mentira e uma verdade, com base nas informações que descobrem conversando. Quando pratico bruxaria não faço mal a ninguém e não tento lucrar com isso.

– Da mesma forma que você pensa isso, outras pessoas poderão pensar sobre você praticar bruxaria. Já parou para pensar que você não é exatamente vista como os outros esperariam que você fosse? Você não é velha e não tem uma verruga enorme no nariz, como muitos imaginam as bruxas. É preciso ter fé, minha criança. Existem pessoas interesseiras que desperdiçam os seus dons, mas há quem estude e leve a magia a sério.

– Tudo bem – respondeu Babi, entregando a mão para Sylvanus.

– Embora eu saiba ler mãos, eu nunca disse que leria as suas. Proponho algo diferente – Sylvanus colocou o seu baralho de tarot na mesa.

– Jura? – perguntou Babi, mostrando os dentes e se controlando para não rir.

– Se concentre.

– Por que eu deveria acreditar em você e suas cartas?

– Faça uma pergunta e tire suas próprias conclusões, criança...

– Muito bem – Já estou aqui e não custa nada tentar.

Sylvanus embaralhou as cartas, dividiu-as em três montes e juntou-as. Em seguida, ele abriu as cartas como se fosse um leque e pediu para que Babi pensasse na sua vida e escolhesse três cartas.

O Círculo - Os Bruxos de São Cipriano Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora