Capítulo 49

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John.

Depois de três anos eu acabei me esquecendo de algumas coisas sobre essa pequena cidade. Acabei esquecendo o quanto pode ser quente durante o dia, pelo o que eu também me lembro de que à noite sempre era mais fria. Acabei esquecendo também o quanto a população daqui pode ser um pouco ameaçadora com turistas.

— Eu já havia me esquecido do quanto tudo aqui é acolhedor. – Diz Mark em tom de zombaria.

Ignoro seu comentário.

Lembro-me das palavras que ouvi de Mel uma vez. Ela disse que nós éramos novidades, e por isso, chamávamos atenção. Dá última vez demorou um tempo até que todos se acostumassem a nossa presença na cidade.

Nós desembarcamos há meia hora. Estamos à procura de nossas malas. O sentimento estranho que me apodera agora é de nostalgia. Não consigo parar de pensar nos últimos minutos que passei aqui há três anos. Não consigo parar de pensar no quanto minha vida ficou de cabeça para baixo, neste mesmo lugar. Eu pensei que nunca voltaria. Jurei que nunca colocaria meus pés aqui outra vez. Jurei que esqueceria tudo sobre este lugar.

As coisas não aconteceram como eu planejava. Na verdade, as coisas simplesmente não aconteceram.

— Nós temos que procurar um lugar para ficar. – Digo engolindo em seco, tentando disfarçar ao máximo o que estou sentindo no momento.

Da última vez em que estivemos aqui nós tivemos que rodar muito atrás de um lugar para ficar. Passamos por muitos lugares, estávamos cansados até nos indicarem um lugar onde poderíamos comer.

Foi onde eu a conheci.

— Vamos John! – Grita Mark me tirando de meus devaneios.

Saímos do aeroporto e já temos um carro alugado a nossa disposição. Ainda bem que Mark ainda tinha o número da locadora de carros que usamos da outra vez.

— Obrigada. – Agradece Mark ao senhor baixinho engravatado. – Então o contrato é o mesmo da outra vez, certo?

Mark parece até um idiota completo na maior parte do tempo, mas quem o conhece bem sabe que ele não gosta de dar ponto sem nó.

— Tudo certo. Tempo indeterminado. – Diz o homem de aparência seria. - E disponha, de qualquer coisa.

Coloco nossas bolsas no banco de trás do carro, e aproveito para tirar o meu terno e minha gravata. Esses itens não estavam me ajudando em nada.

— E aí! – Diz Mark me encarando apoiando os braços no capô do carro. – Para aonde nós vamos agora?

Apoio meu braço no capô como Mark, e me inclino até apoiar minha cabeça em meu braço. Fecho os olhos para tentar controlar a vontade que tenho de ir até ela agora mesmo.

Não posso fazer isso.

Não posso...

— Aposto que deve ter algum lugar lá pelo centro. A gente só precisa dar algumas voltas. A gente vai achar algum lugar. – Digo abrindo a porta do carona.

— Então, vamos lá! – Diz Mark abrindo a porta e se sentando ao meu lado.

As estradas esburacadas sacodem o carro. Mark iniciou uma conversa sobre por onde nós começaremos as construções, mas eu não estou conseguindo me concentrar em nada. Não consigo desligar minha cabeça, nem minhas lembranças.

Depois de rodar por alguns minutos nós finalmente paramos em frente a o que parece um hotel. A fachada é gasta, pintada de uma cor que arrisco a dizer que um dia já foi um amarelo. Janelas grandes e brancas. Tem um letreiro que indica "pousada".

Sob Minha PeleWhere stories live. Discover now