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Pedro

Era noite, Lua recebeu alta do hospital essa manhã, eu ainda não fui a ver, e não sei me explicar o motivo.
Olhei no relógio, 22:45. Fui até a janela e observei a lua que estava quase no fim de sua fase minguante, confesso que a saudade e a necessidade de estar com Luara me dominou. Peguei meu moletom cinza, joguei a toca na cabeça e sai.
Ao chegar em sua casa não a chamei. A luz de seu quarto estava apagada e a da cozinha acesa, me aproximei e olhei da janela da sala e vi uma sena que sempre via se repetir em vários seriados americanos. Luara e sua mãe estavam rindo e brincando uma com a outra, aquilo era bom de se ver. Me fazia sentir uma sensação boa por dentro.
Em um momento de distração, Luara me viu a observando e comentou algo com sua mãe, me afastei e sentei na calçada. Ouvi barulho na porta mais não ousei olhar, ela se sentou ao meu lado em silêncio e com a mesma observação contemplou a lua.

— Ela é linda né? — Sussurrou, sem desviar o olhar eu apenas sorri.

— Não mais que você. — Eu praticamente senti seu rosto corar.

— As vezes acho que você é louco. — Olhei para ela que estava com a cabeça baixa e com um sorriso vergonhoso no rosto.

— E por que acha isso?

— É que... Do jeito que você fala, parece que sou a melhor pessoa do mundo. — Sorri e atrapalhei seu cabelo, ela riu.

— Apenas sou realista, anjo. — Ergui uma das sobrancelhas.

— Mas não é a verdade, sou apenas uma garota qualquer.

— Uma garota qualquer não, uma garota perfeita em meio a um mundo imperfeito.

— E o que me torna perfeita? — Sorri e a encarei, peguei seu braço e Ergui deixando suas marcas cicatrizadas a vista.

— Isso te torna perfeita. — Ela abaixou a cabeça constrangida. — Anjo, você sofreu calada por todos esses anos. Apenas colocando a raiva e a tristeza em si mesma. Não acha isso perfeito? Você é guerreira, e fez por merecer em estar aqui hoje. Você me fez ser uma pessoa melhor, me fez acreditar que ainda existe pessoas por qual vale a pena lutar. — Puxei ela pra mais perto apoiando sua cabeça no meu peito. — Pessoas como você! — Sussurrei.

— Obrigada Pedro, nunca achei alguém se importaria comigo ou até mesmo lutar por mim. — Ela se levantou e me olhou.

— E eu faria tudo novamente, só que melhor. Nunca teria deixado você sofrer aquele acidente. — Abaixei a cabeça forçando não pensar nas noites que dormi no hospital. Dessa vez foi a vez de Lua levantar meu queixo.

— Hey, você fez o melhor que pode. — Ela se aproximou acariciando meus cabelos. — Eu te amo Pedro.

— Eu te amo Luara, e vo fazer o que for preciso pra te ver bem, matarei se preciso. — Ela riu e apoiou sua testa na minha.

— E eu morrerei! — Sussurrou se aproximando até sua boca macia encontrar a minha, senti como se não existia mais nada além de nós, ali era apenas eu e ela e eu queria que fosse assim para sempre.

Encerramos o beijo entre selos, Lua encostou sua cabeça em meu ombro e eu me apoiei. Ficamos assim por um bom tempo observando a lua que parecia sorrir pela gente, era lindo o cenário e eu sabia que no fundo o veria por um bom tempo, e de preferência... Pra vida toda.

#Fim

Ele psicopata, ela suicidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora