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Luara

Hoje recebi alta do hospital, e nesse momento estou no carro da minha mãe indo em direção há nossa casa. Estamos em silêncio, nunca tivemos aquele laço familiar e eu sempre tento evitar brigas, estão o silêncio é minha única opção.
O carro parou em frente nossa casa, tirei o sinto e me enclinei para abrir a porta mais senti uma mão me segurar.

— Filha espera. — Olhei para ela e em seguida para sua mão me segurando, geralmente ela apertaria forte a ponto de machucar, mas dessa vez ela me seguro tão suave que mau sentia o peso sobre meu braço.

— Filha? — Estranhei com a forma de tratamento, geralmente ela me chamaria por meu nome ou por algum defeito, até mesmo palavrões. Ela me soltou e abaixou a cabeça.

— Eu sei que a morte de seu pai é um mistério pra você. Sei que você se culpa pelo que aconteceu naquele dia, e que eu também a culpo. E por todos esses anos mesmo sem saber direto o que aconteceu você aceitou carregar esse fardo. — Abaixei a cabeça segurando as lágrimas que já estavam prontas para cair. — Na verdade John não era seu pai. — Olhei para ela assustada.

— Como assim John Hunter não é meu pai? — Ela já estava chorando, e falava com dificuldades.

— Na verdade você é fruto de um estupro. — Naquele momento fiquei sem chão. Eu queria acreditar que aquilo era um sonho e que era tudo mentira. — Desde a adolescência fui estuprada por seu avô, meu próprio pai. Até que um dia cansada das humilhações fugi de casa, e fui "adotada" pela familia de John, eu era nova, tinha 17 anos. John e eu nos apaixonamos mas descobri a gravidez.

— Ele me registrou como filha dele. — Sussurrei, e ela concordou com a cabeça.

— No inicio eu quis te abortar, mas John não deixou. Ele dizia que você não tinha nada a ver com o acontecido, e que era pura e inocente. — Neguei com a cabeça.

— Então por que me odeia tanto? O que eu fiz pra você? Eu não tive culpa com o que aconteceu! — Me exautei.

— Eu sei, você tem todo o direito de me odiar pois na época eu não pensava assim. John te adotou como filha, ele se apegou muito a você, e te amou muito.

— Mas você não. — Ela continuou de cabeça baixa e parou por um tempo.

— Eu gostava de ver vocês dois juntos, mas não conseguia pegar você, brincar com você, nem mesmo te trocar. Eu tinha nojo de você, sempre que eu tentava me aproximar vinha cenas horríveis na minha cabeça. — Ela suspirou fundo e continuou. — No dia do acidente, John estava te levando para tomar vacina, morávamos no interior e bem longe da civilização. Na rodovia um caminhão entrou na contramão e pegou vocês dois. Ele ficou preso nas ferragens, e você chorava na cadeirinha no banco de trás, O carro começou a pegar fogo e ele se inclinou e soltou seu sinto, te pegou e te jogou pela janela. Já ele não teve essa mesma sorte.

— Ai você passou a me culpar por tudo, como se eu realmente tivesse culpa!

— Sim, não vo negar. Eu passei a te odiar muito. — Ela levantou a cabeça e me olhou. — Mas depois que te vi em coma eu pude perceber que você era só uma menina, e que o monstro não era você nem o canalha do seu avô, o monstro era eu o tempo todo. Eu sei que pedir desculpas não muda o que aconteceu, mas me deixa mostrar que mudei, me deixe tomar esse papel de mãe?

Ele psicopata, ela suicidaWhere stories live. Discover now