Festa Junina-parte 2 (Márcia)

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A festa estava meio sem graça. As meninas estavam se divertindo mas eu não estava vendo a menor graça em nada daquilo, acho que é por causa da recepção nada legal da mãe do Dani ontem. Gosto muito dele, de verdade, mas eu realmente não sei se vou aceitar se ele me pedir em namoro depois daquela tonelada de insultos da minha provável futura sogra.
- Márcia, tá tudo bem?- A Beca perguntou vendo que eu não estava rindo de alguma piada que a Bella tinha acabado de contar.
- Claro, eu tô ótima.- Respondi forçando um sorriso.- Estava só pensando.
- Tá bem, mas agora para de pensar e vamos dançar!
A Beca me arrastou para o meio das pessoas e praticamente me forçou a dançar, se eu ficasse parada por alguns segundos ela já começava a me balançar.
- Beca, eu não aguento mais!- Reclamei respirando fundo por causa do cansaço.- Vou comprar uma água.- Avisei e segui em direção a barraquinha de bebidas e comidas, que ficava perto da barraca do beijo. Pedi uma garrafa de água e bebi na mesma hora, quando eu estava saindo para voltar a dançar forçadamente com a Beca até o final da festa (ou até o Henrique chegar) escutei uma voz conhecida.
- Júlia, pela última vez, a barraca do beijo não foi feita para você beijar o seu namorado e sim para as pessoas pagarem para me beijar e beijar a Vanessa.- Escutei o Léo reclamar, tirando a Júlia e o namorado dela da barraca.
- No caso, ninguém está pagando pra te beijar e o motivo é óbvio.- Vanessa falou olhando para o Leonardo com desprezo.
- Que palhaçada é essa?- Perguntei me aproximando deles.
- Márcia!!! Nem sabia que você ia vir, você disse que estava indisposta.- Júlia me abraçou, mostrando que era realmente como eu imaginava no início do ano...- Nerd tem um jeito estranho de falar, né?! "Indisposta".-... as vezes.
- Enfim, porque vocês estão dirigindo essa barraca do beijo?
- "Dirigindo"...- Júlia falou pensativa.
- A gente aprontou um negócio e a professora nos puniu dessa forma.- Vanessa respondeu sem se importar.
- A melhor punição do mundo.- O idiota falou sorrindo.
- Pelo amor de Deus, quem iria pagar para beijar o Leonardo?- Perguntei como se a resposta fosse óbvia.
- Marcinha, minha querida, sabe quantas garotas têm o coração partido no São João?
- Não, Leonardo, eu não sei.
- Pois é, eu também não, mas são MUITAS. Então sim, existem garotas que pagam para me beijar.- Ele pegou o pote das moedas que ele arrecadou e ela estava com uma quantidade aceitável de moedas.
- Incrível. Sinto pena delas.- Me virei para sair mas ele soltou uma risada irônica que me fez voltar.
- Nossa, como você é hipócrita. Lembro muito bem do dia em que você me agarrou na frente da diretora.
- Léo, ou você tem alucinações ou só finge que tem, porque eu tenho certeza que não foi isso que aconteceu.
- Márcia, é impressão minha ou você está sozinha?- Vanessa perguntou do nada com um sorriso de canto de boca.
- Não, isso também é uma alucinação, na verdade eu estou acompanhada de um monte de gente.- Falei irônica e ela revirou os olhos.
- Pelo visto o Daniel percebeu que você é muito... não consigo me decidir entre feia e sem graça...- Ela olhou para o teto pensativa. Que graça, até parece que ela pensa.
- Acho que linda e super engraçada descreve melhor.- Daniel falou me abraçando de lado.- Agora licença, nossos amigos estão nos esperando.
- O que você está fazendo aqui?- Perguntei para ele quando já estamos afastados da barraca.- Achei que você ia viajar para a Califórnia.
- Eu vou, mas minha mãe deixou eu vir. Só que eu vou ter que voltar cedo.
- Você parece triste. Não queria vir?
- Claro que queria.- Ele me abraça mais forte enquanto passamos por um grupo de amigos rindo.- Estou triste porque vou sentir saudade.
- Eu também vou.- Falei sorrindo.- Mas a gente aguenta, são poucos dias.
- Vou te ligar todos os dias.- Ele virou o meu rosto e me deu um beijo na testa.
- Você é muito grudento.- Reclamei rindo.
- Sou mesmo. Aliás, eu acho super normal ser grudento com a namorada.
- Namorada?- Parei e olhei para ele sem entender.
Não. Pode. Ser.
- Depois dessa eu mereço um prêmio por ser tão bom em estragar surpresas.- Ele falou percebendo o que tinha deixado escapar.
- Daniel....
- Márcia....- Dei um tapa no ombro dele que riu e segurou as minhas mãos.- Eu não sei se você sabe, mas eu gosto muito de você.
- Acho que já deu pra perceber.- Brinquei tentando esconder meu nervosismo.
- Ei! Deixa eu fazer o meu discurso.- Ele reclamou fingindo estar chateado.- Bom, como eu estava dizendo, eu gosto muito de você e eu realmente não sabia como te perguntar isso. Você sabe, eu gosto de pedidos super românticos com flores e anéis e tudo que um pedido de namoro tem direito. Enquanto isso, você considera esse tipo de coisa muito brega. Sendo assim... eu resolvi fazer as coisas do meu jeito brega.- Ele falou sorrindo e eu me preparei pisicologicamente para o maior mico da minha vida.
- Ótimo, minha popularidade vai ficar pior do que já é.- Abaixei a cabeça escondendo ela nas mãos.- Agora eu vou ser conhecida como "a garota com o pedido de namoro super brega".
- E como você é conhecida agora?- Ele me olhou curioso.
- Eu não sou conhecida! E pretendia continuar assim!
- Lamento, Mar.
Ele mandou alguma mensagem pelo celular e uma música que eu conheço bem começou a tocar. Era "Pra Sonhar" de Marcelo Janecí, a música que nós dois denominamos como nossa.
- O plano era que essa música começasse a tocar por conhecidencia e então eu te pedisse em namoro.
- A parte da conhecidencia não funcionou.- Falei o óbvio, tentando fazer com que ele desistisse do que estava fazendo, porque eu simplesmente teria que recusar.
- É, claro. Mas ainda tem a outra parte.- Ele começou a ficar extremamente tímido.- É... Você quer... sabe... namorar comigo?
-... Sim.- Respondi sem pensar e logo me arrependi. Sim? Sim??? Dizer isso para ele é o mesmo que dizer para a mãe dele. E eu não quero dizer "sim" para aquela mulher!!!!!
- Obrigado.- Ele falou suspirando de alívio e me dando um selinho.- Eu achei que você não iria aceitar por causa da minha mãe. Lamento por ela ontem, é coisa de mãe.
- Tudo bem.- Dessa vez eu realmente pensei a mesma coisa que falei. Por ele eu posso dizer "sim" para a mãe dele.- E, deixando bem claro, esse pedido não foi brega. Foi fofo.
Conversamos mais um pouco e logo nos sentamos na mesa com o pessoal.
- Já vou logo avisando que eu vou ser o padrinho do casamento.- Pedro abusou recebendo apoio de Thomás.
- Eu acho que o da Anne e do Thomás tá mais perto.- Disse entrando na brincadeira.
- Amiga, a gente pode fazer casamento duplo!!
- Não, Anne. Não.- Respondi do fundo do meu coração.
- Vamos falar sobre assuntos mais legais.- Henrique sugeriu recebendo o meu total apoio.
- Mas não tem nenhum assunto legal, príncipe.- Beca falou.
- Tirou as palavras da minha boca... Mas sem o "príncipe".- Daniel disse sem animação.
- Quem precisa de assunto? Vamos dançar!- Falei levantando.
- Verdade, vamos animar!!- Bella finalmente se pronunciou.
- Tá, mas sem isso de dançar em casais com a desculpa de que é forró. Vamos dançar os oito como amigos.- Eu disse enquanto íamos nos espalhando entre os alunos.
Fizemos uma roda e dançamos três músicas seguidas sem parar. O Henrique dança incrivelmente bem, principalmente para um menino que é considerado "nerd" (nada contra, afinal eu também sou, mas é um tapa na cara dos idiotas que ficam zoando). Até que começa uma música mais lenta e obviamente a desculpa para dançar e em casais nasce.
- Vocês são muito chatos. Que coisa mais sem graça isso de casais!- Reclamei cruzando os braços, enquanto eles já estavam dançando em casais.
- Ser seu namorado está acabando com a minha autoestima.- Daniel falou segurando a minha mão e me puxando para dançar.- Mas ao mesmo tempo é muito bom.
- Você é muito bipolar, sabia?- Falei e beijei ele pela primeira vez desde o pedido de namoro.

5 Amigas, 4 amores e 1 história inesquecível <3Where stories live. Discover now