Apenas colegas (Márcia)

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Acordo em casa e é como se estivesse em um lugar estranho. Passar tanto tempo na escola tá me deixando maluca.
Desço e vejo o Pedro no meu sofá assistindo TV.
- Querido, já não basta ter que te aguentar a semana inteira na escola eu ainda tenho que te ver aqui, e ainda por cima assistindo Maze Runner sem me chamar, aí já é demais- Digo sentando do lado dele e pegando pipoca.
- A coisa tá feia lá em casa- Ele diz parecendo triste.
- Claro, você tá morando lá- Digo e ele joga uma pipoca bem na minha cabeça- Brincadeira, mas você sabe que fugir só piora, certo?!
- Sei, eu só queria esquecer isso tudo por um tempo.
Terminamos de assistir e alguns amigos do Pedro aparecem chamando a gente para "dar uma volta". Pedro pega o skate e vamos para a pracinha perto de casa.
Fico conversando com uma amiga loira do Pedro enquanto os outros andam de skate.
- O Pedro é uma gracinha né?! Você sabe se ele tá solteiro?- Ela pergunta sem parar de olhar para o Pedro, a Bella não vai gostar disso.
- Mais ou menos, eles não são oficialmente namorados mas o Pedro claramente gosta dela- Eu digo forçando um sorriso.
- Hum, entendi.... Que pena.
Aguento a garota (que não parava de falar do Pedro) por alguns minutos, até que não aguento mais e peço para o Pedro para irmos embora. Decidimos ir para o hospital visitar o Dudu.
- Mamá!!!!! Que saudade!- Ele diz logo quando eu chego, vou correndo encher ele de beijos e abraços.
- Eu também estava morrendo de saudade minha coisa linda!- Falo apertando a bochecha dele.
- Cadê a sua namorada Pedrinho? Não vêm?
- Não Du, a Bella não pôde vir- Pedro responde com um sorriso de lado.
- Ele não disse que era a Bella- Falo sorrindo e olhando pra ele, que abre ainda mais o sorriso.
- Você não pode me abusar um dia antes do meu aniversário.
- Você realmente não me conhece, eu posso abusar qualquer pessoa a qualquer momento meu bem- Digo balançando o cabelo e ele da risada.
- Se é assim então eu também posso abusar. Ei Dudu, lembra do Daniel? EleénamoradodaMamá- Pedro fala a última frase super rápido antes que tampe a boca dele, mas eu dou um tapa nele.
- Espero que ele saiba que a Mamá é só minha- Dudu diz me abraçando.
- Concordo plenamente Dudu- Digo rindo e retribuindo o abraço.
Passamos mais um tempo com Dudu e eu digo para Pedro que já vou embora. Passo pelo jardim e vejo o Daniel sentado em um banco e mexendo no celular- provavelmente querendo ser roubado. Tapo os olhos dele com minhas mãos.
- Márcia?- Ele pergunta com um sorriso divertido, tentando advinhar quem é.
- Acertou!- Digo sentando so seu lado no banco- Como você adivinhou?
- Seu perfume é inconfundível- Ele diz me dando um beijo na bochecha.
Normalmente eu limpo a minha bochecha quando alguém me beija (como minha vó, por exemplo, que tem algum tipo de obsessão em dar beijos na bochecha), mas o beijo dele não foi babado, é bem capaz de eu nunca mais lavar a bochecha (tá, eu não vou fazer isso, seria nojento).
- O Dudu não ia gostar disso, ele mandou avisar que "a Mamá" é só dele- Digo sorrindo, lembrando da fofura de Dudu ao dizer aquilo.
- Então acho melhor eu tomar cuidado!- Ele diz olhando em volta como se estivesse com medo.
- Besta!- Digo rindo.
- Oi mozão- Uma garota de cabelo preto como o de Daniel e com olhos cor de mel diz, dando um abraço no seu "mozão" (Também conhecido como Daniel).
- Oi Mel- Ele diz retribuindo o abraço.
Não me surpreendi com o nome dela, afinal, Mel é nome de cachorra e... bom... esquece! Não sou de criticar os outros antes de conhecer.
- E quem é essa aí?- A tal Mel pergunta, me olhando de cima a baixo- Seu gosto pelo visto ficou bastante... diferente- Cachorra! Mel é nome de cachorra! (Peço desculpas a todas as garotas que se chamam Mel no mundo).
- Ela é a Márcia, uma colega minha- Daniel diz sorrindo. Oi? Colega? Amiga tudo bem, mas colega???
- Isso, eu sou SÓ uma colega dele- Digo olhando com um sorriso falso para o meu colega.
- Ups, acho que já vou- Mel fala dando um beijo na testa de Daniel- Tchau Márcia, adeus Daniel- Ela fala a última frase e logo depois aponta pra mim, pro Daniel, e passa o dedo pela garganta, como se dissesse que vou matar ele. E ela está certíssima.
- Tá tudo bem Mar? Ficou chateada?- Ele pergunta com cara de confuso. Não, imagina, estou super feliz. É muito legal ver uma garota dando em cima do meu.... do meu o que mesmo? Nem acredito que estou com ciúmes de um garoto que nem é meu namorado. Não sei nem se ele é algo meu. Bom, eu sei que ele é meu colega.
- Tá claro- Digo depois de um tempo, forçando um sorriso- Quem era ela?
- É a minha irmã.
Irmã???? Se aquele ser é irmã dele eu definitivamente não quero conhecer a família dele.
- E o que ela quis dizer com "Seu gosto pelo visto ficou bastante... diferente".
- É que eu não costumo ter um gosto muito bom para garotas, então é uma surpresa eu estar gostando de você. Uma surpresa muito boa- Ele diz sorrindo.
- Como ela sabe que eu sou uma boa escolha?
- Ela te conhece da escola, ela está no primeiro ano, e sempre vê você andando com o Pedro no pavilhão do EM.
- Hum, legal- Digo sorrindo- Cheguei a pensar que ela era sua namorada ou algo assim- Abaixo a cabeça.
- Não se preocupe, esse lugar já está reservado- Ele diz sorrindo e olhando pra mim. Acho que acabei de ficar diabética, não sirvo pra essas coisas.
Cheguei em casa mais tarde que o combinado, já esperando pela bronca. Eu precisava chegar cedo porque a gente ia para uma festa na casa da minha madrinha.
- Onde você estava Márcia Otto?- Ela pergunta logo quando entro em casa.
- A Praça estava chata então eu e o Pedro fomos para o hospital brincar com o Dudu, mas depois eu vi que já estava perto do horário marcado e decidi vir para casa, mas eu acabei encontrando o Dani e perdi a noção do tempo- Digo um pouco rápido demais, e com o melhor sorriso que consegui forçar.
- Tudo bem- Ela falou depois de um tempo- Mas afinal, o que esse "Dani" é seu?
Tive vontade de responder que nem eu mesma sabia, mas isso provavelmente iria gerar uma lonha e desgastante conversa, então optei por uma outra resposta muito melhor.
- Ele é meu colega- Digo e subo as escadas correndo, antes que a minha mãe fizesse outra pergunta.
Entro no banho e faço o que todos fazem no banho (pensar na vida). No meu caso, eu estava tentando encontrar a razão para eu me sentir tão desconfortável em ser a "colega" dele, e só consegui chegar em uma resposta quando já estava pegando a toalha.
Eu não queria ser somente isso pra ele por um motivo bem simples de entender: ele não era só um colega pra mim. Ele era bem mais que isso. Eu só não sabia exatamente o que era.


5 Amigas, 4 amores e 1 história inesquecível <3Where stories live. Discover now