Capítulo 3 - Voltando a rotina

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Sorri e sai da casa. Ao entrar no carro olhei rapidamente para o andar de cima, e vi na janela do quarto de Margô, a imagem de uma mulher, ela se assustou e sumiu. Fiquei atônito. Sacudi a cabeça e entrei no carro.

- Realmente, preciso de um café. Com certeza era Margô ou Anne. Esses sonhos estão acabando comigo.

Durante o trajeto de carro até a chegada à porta do consultório eu fiquei pensado o quanto a minha vida era sem cor. A monotonia voltava acompanhada  da rotina, sempre as mesmas coisas. Abrir o consultório, ficar o dia inteiro lá, ir para a casa no fim do dia, jantar, ver TV e ir dormir. Às vezes eu lia uma história para Anne dormir. Porém nada, além disso, acontecia de diferente. O vislumbre de distração ficou na viajem ao Canadá.

Cheguei ao consultório e ao abrir a porta pensei: como ainda não demiti Ângela? Ângela Dunkim é minha secretária.

Desde que montei o consultório há sete anos, tive três secretarias: Bonnei Macking, que ficou por dois anos até fugir com o namorado, um jovem entregador de pizza. Bonnei tinha dezoito anos na época.

Sarah Erban, uma bela jovem de seios fartos. Trabalhou menos de um ano, pois além de dar em cima de mim, descobri que estava cobrando errado pelas consultas. Se não fosse um cliente me perguntar o porquê do aumento do preço, eu não saberia.

E nos últimos quatro anos e meio Ângela ocupa o cargo. Ela era uma senhora de aproximadamente 57 anos. O seu tom de pele era pardo, olhos grandes de cor castanha. Não era muito alta e nem muito baixa e um pouco acima do peso.

De um modo geral ela era uma boa secretária, porém completamente desorganizada. Perdi as contas de quantas vezes ela não sabia onde tinha guardado os recibos de pagamento ou onde tinha colocado o carimbo para correspondências. No inicio, quando começou a trabalhar para mim, ela misturou todas as fichas dos pacientes que eu tinha. Eu dizia sempre a ela: Ângela, por favor, tenha pelo menos um pouco de organização, imagina o que os clientes vão pensar ao verem o estado dessa mesa? Tudo bem Sr.Marcos, eu serei mais organizada - ela dizia. A mudança durava três dias.

O estado em que se encontrava a sala de espera era deplorável, não que a limpeza fosse reponsabilidade de Ângela, mas quem coordenava a faxineira, Catarina, era ela. A mesa da recepção bagunçada como sempre. Olhei para o relógio, já eram 10:10. Tomei o restante do café que havia comprado em uma lanchonete na Sprinfeld Av.

A minha sala pelo menos não estava bagunçada, pois ficou trancada todo período de férias. Só eu tinha o porte da chave.

_ Aonde será que Ângela está? Já deveria ter chegado. Foi terminar de dizer ela entra esbaforida pela porta principal.

_ Sr. Marcos! Que bom revê-lo! Como foram as férias? E a família vai bem? Mande um abraço a Margô, aquela gracinha. Ela dizia tão rápido que mal pude entender as palavras que saiam de sua boca.

_ Calma Ângela, respire e inspire, fale pausadamente tudo bem?

Ela consentiu com a cabeça e após fazer o que falei e tomar um copo d'água retornou a falar.

- Sr. Marcos me desculpe pelo atraso e pelo estado da sala.

- Desculpas?! Estou voltando ao trabalho depois das férias, e o mínimo que eu queria era que a sala de espera estivesse arrumada, olha o estado dessa mesa? Ângela, eu não falarei novamente, da próxima vez você será despedida! – acho que fui ríspido de mais. Os olhos dela se encheram de água e ela abaixou a cabeça.

_ Perdão Dick, eu não quis ser grosseiro.  Eu não tenho dormido bem ultimamente e estou com um pouco de mau humor. Ela ainda não olhava para mim.

_ Ei, não vou te demitir! Quantas vezes eu já disse isso hein? – ela olhou para mim como se fosse uma criança triste.

O MISTÉRIO DE HELENA - (EM HIATO)Where stories live. Discover now