Epílogo

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— Eu sei que você está debochando de mim, mas tudo bem, eu deixo. — era a voz de Alex.

Eu não estava inteiramente acordada, mas estava quase lá. Pela claridade deve ser por volta das sete horas da manhã, e eu não havia dormido nada, e dessa vez não foi Ângelo que me deixou acordada, e sim o pai dele.

Quando finalmente pensei que a noite iria acabar, o bebê acordou chorando e eu estava tão exausta que não tive paciência para colocar uma roupa, peguei ele do berço e o trouxe para nosso quarto e dei de mama. Minha intenção era levá-lo para seu quarto novamente assim que terminasse de alimentá-lo, mas acabei dormindo. Era cinco horas da manhã quando isso aconteceu.

Estou deitada na cama com Ângelo em cima de mim ainda mamando, minha mão segurando sua costas firmemente, e ele está com a cabecinha apoiada de lado prestando atenção no quê Alex falava mas não largava o peito de jeito nenhum. Me sento e puxo o lençol até a cintura não deixando meu corpo completamente nu amostra, coloco ele de lado para amamentá-lo melhor. Mesmo com meu mexe mexe, Ângelo não parava de olhar para Alex.

— Você ver Eva, ele ficar me observando enquanto mama, só Deus sabe o que se passa nessa cabecinha, mas eu tenho certeza de que  ele deve tá pensando "Eu tenho as tetas, você não" — Alex chegar bem perto do rosto do filho. Ângelo levanta a mão pra pegar em seu rosto e Alex faz de conta que vai comer a mão dele e o bebê rir.

— Alex não faz isso, ele vai engasgar. — ele afastar ainda olhando para Ângelo.

— Eu sei, sua mãe tem as tetas boas pra cacete — bufo — Eu invejo essa criança. Você pode estar em qualquer lugar, mas se ele pede peito, você dar, agora eu não, tenho chegar em casa pra ter o que quero.

— Eu não transaria com você no banheiro da casa de Jonas!

— Ele não se importaria.

— Mas eu sim!

— Entende o que eu estava falando, carinha? Ela não me ama mais. — Ângelo larga o peito e senta dando atenção total ao pai, Alex o pega. Aproveito e saio da cama e vou banhar.

Quando estou quase ligando o chuveiro, percebo que esqueci algo e volto para pegar o shampoo. Quando estou quase entrando dentro do quarto novamente, paro, e observo a cena. O bebê de nove meses sentado na barriga do pai batendo palmas, enquanto Alex o segurava pela cintura.

— Em seu aniversário de um ano eu vou lhe dar um carro — Ângelo continua batendo as mãos — E quando você tiver uns quinze anos, vou lhe ensinar a andar de carro. Não fale isso pra sua mãe, ela é capaz de cortar o meu pau e o seu junto. — Ângelo inclina para frente e coloca as duas mãos no rosto de Alex, depois abaixar a cabeça no tórax dele e ficar quieto. Alex passa os dois braços ao redor do corpinho dele e sussurra:

— Eu te amo, filho.

Saiu de fininho, decidindo  lavar meu cabelo mais tarde. Eu já havia presenciado várias vezes Alex conversando com Ângelo, mas a que mais me recordo é a vez que chegamos do hospital. Eu estava dormindo, mas acabei acordando e encontrei Alex andando pelo quarto falando com o bebê recém-nascido.

— Você quase some em meus braços, tenho medo de pegar em você e sem querer te machucar — ele embala o recém nascido — Mas eu não vou fazer isso, mesmo que sem querer, pois prometo ser um bom pai. Não vou dar motivo para você sentir vergonha de mim. — Alex para quando percebe que está sendo observado. Vem até mim e sentar ao meu lado na cama — Pensei em um nome para ele.

— Qual?

— Como você vive chamando ele de anjo, eu pensei em Ângelo. O que acha? — sorrio para o homem em minha frente.

— Eu acho perfeito.
                  
(...)

Quando volto para o quarto não encontro Alex e Ângelo. Coloco uma calça jeans e uma blusa com mangas e saio do quarto penteando meus cabelos, eles estavam quase do tamanho de quando Alex me conheceu no convento.

Entro no quarto de Ângelo ,e é claro que Alex estava lá, arrumando os carrinhos. Ele falava que comprava os carros para o bebê, mas eu tinha dúvidas disso. Uma vez Jonas, amigo de Alex, bagunçou todos eles e Alex deu um pite.

— Meus pais chegam hoje — lembro. Dou uma olhada no bebê dormindo no berço.

— Seu pai vai trazer alguma arma que possa me machucar? — pergunta ele, tirando da caixa a miniatura da Ferrari e botando na prateleira, juntos com os outros. Desse ângulo dava para ver a tatuagem que ficava no seu braço que antes era sem tatuagem, no lado de dentro de seu músculo. Era o símbolo do infinito com meu nome, o dele, e de Ângelo, e tinha um espaço sobrando, dizendo Alex que era o nome do próximo irmão de Ângelo. Irmão esse que já estava a caminho, só Alex que não sabia.

— E claro que não.

Não foi fácil falar com meus pais. Alex teve uma espingarda apontada para si. Eu tive que ficar na frente protegendo-o para meu pai não matá-lo. Minha mãe chorou, e muito, mas depois de uma longa conversa ficamos bem, ou quase.  

— Menos mal — admiro o seu trabalho com os carrinhos por um longo tempo e depois virar para mim, tira o pente de minhas mãos e me puxa, me prendendo em seus braços. — Já falei hoje que você é linda pra cacete?

— Já, enquanto estávamos transando hoje mais cedo — em plena quatro horas da manhã.

— Você é linda pra cacete — e me beija. Passo os braços em seu pescoço, ele separou nossos lábios e faço uma careta — Vai me dizer o que é a surpresa?

— Não.

— Sério?

— Será o meu segredo contra você — dou um selinho em seus lábios. Ele fecha a cara e eu rio — Eu amo essa cara.

— Só a cara?

— Você todo — dou outro selinho em seus lábios — Eu te amo.

— Eu te amo — ele me aperta ainda mais em seus braços.

— Muito?

— Ah, Doce Eva — sussurra em meu ouvido — Você não imagina o quanto.

Convento Where stories live. Discover now