XI

17.8K 1.7K 250
                                    

Ele só quer te usar.

Ele já me usou.

E você deixou.

E eu deixei.

Você é uma tola.

Eu sou uma idiota!

Largo o pano em cima da mesa. Estava arrumando o escritório de Madre Berlinda e falando com o meu próprio consciente. Cheguei a conclusão de que meu consciente é uma merda. A porta se abre e Madre entra em seu escritório.

— Já faz um tempo que você não vem aqui. — ela sorri e eu finjo rir.

— Desculpe, Madre.

— Não, tudo bem, no futuro esse lugar será seu.

Ou não.

Se a Madre descobrisse o que eu fazia na biblioteca iria me expulsar daqui. Isso mesmo, fazia, de hoje em diante prometo não fazer mais o que costumava fazer ali dentro.

— Eva?

— Sim?

— Amanhã viajarei para visitar a escola que foi aberta em homenagem ao nosso convento, gostaria de ir comigo?

— É claro. — digo animada, eu adoro crianças. — Passaremos quantos dias?

— No máximo dois.

— Que horas saímos?

— Quero sair cedo, as estradas não estão boas a noite.

Olho para o relógio na parede, marcava quatro horas da tarde.

— Vou arrumar minhas coisas. — começo a pegar os materiais de limpeza.

— Obrigada por me acompanhar Eva, você é ouro — sorrio antes de sair.

Seu ouro virou bronze.

                           🍎🍎🍎

Ando como se tivesse sendo seguida, desde de ontem estou assim. Não queria falar com ele, mas como Alex tinha um dom de aparecer do nada, qualquer cuidado é pouco.

Entro na biblioteca deixando a porta escancarada caso ele apareça, mas ele não aparece. Já estou cantando vitória ao sair, quando mãos grandes tamparam minha boca e me puxam. Minha primeira reação foi gritar, mas assim que reconheço o toque delas, paro e a mordo.

— Porra, Eva!

— Fique longe de mim! — me afasto.

— Você me mordeu. — sorrio vitoriosa. Começo da meia volta mais ele me puxar pela cintura.

— Me larga! — olho para os livros em minhas mãos. Se eu tacar um desses livros no rosto dele será se vai causar lesões? Acho que não, é, provavelmente não, infelizmente. — Sua ex-foda que ser solta, poderia tira suas mãos de mim?

— Ex-foda?

— Isso mesmo, não vou mais transar com você. — e com ninguém mais, quis acrescentar.

— Tem certeza?

— Absoluta. — me afasto dele.

— Atual foda, eu preciso falar com você. — não digo nada. Observo uma borboleta passar voando mas não ergo o olhar para ele. — Então é isso? Vai ficar calada? — retorno a andar, mas dessa vez devagar, pois eu sabia que ele… Alex me puxaria de novo. — Eu não vou pedir desculpas, eu nunca peço desculpas, principalmente para mulheres com quem já transei. — isso foi gota d'água!

Viro e começo a andar rápido caso ele queira me puxa de novo. Idiota! Bastardo! O que adianta ser lindo se na cabeça só tem merda.

— Eva, caralho!

Continuo andando.

— Porra! Desculpa, tudo bem? — paro.

Quando viro tento segurar o sorriso de vitoriosa, continuo firme e faço uma postura mostrando que aquilo não foi o suficiente.

— Eu já pedi desculpas. — ergo uma sobrancelha.

— Vai me dizer porque foi preso?

— Não.

— Tchau, Alexandre.

— Eu não corro atrás de mulher.

— Que bom.

— Merda! — ele vem atrás de mim, me puxar para o canto, nos escondendo atrás de uma coluna para ninguém nos ver. Pressiona seu corpo no meu, faço de conta que isso não me afeta. — Me. Desculpe. Eva.

— Você é um imbecil! — aponto o dedo em seu peito.

— Eu sei.

— Rude!

— Eu sei.

— Nunca mais fale comigo daquele jeito!

— Tá bom.

— Seu grande idiota do caralho!

— Eu…espera! Você me xingou de quê? — ele abre um sorriso de canto. Parecia orgulho por eu ter xingado ele. Urgh!

— Não vou repetir.

— Mas eu estou desculpado?

— Não sei, vou pensar nesses dias em que eu estiver fora.

— E pretende ir para aonde?

— Vou viajar com a Madre.

— Quantos tempo?

— Dois dias.

— Isso tudo?! — ele parecia indignado. Dou de ombros como resposta para a perguntar dele.

— Acredito que você saiba se mastur... — ai droga! Esqueci que não estávamos na biblioteca.

— Mas eu quero você.

— Não pode ir atrás de outra mulher?

— Mas eu quero você. — repete. Suspiro aliviada, mas não muito.

— Meredite ainda está com vontade. — ele me observa e sussurra em meu ouvido.

— Meredite não tem uma boceta de ouro.

— E nem eu, se bem me lembro, você ainda fuma.

— Faz dois dias que eu não fumo.

— Sério? — pergunto empolgada.

— Sério.

Praticamente quico de alegria. Puxo Alex pela nuca e o beijo ele ali mesmo, não pude evitar, foi mais forte que eu.

— Porquê? — interrompo o beijo.

— Você comentou que estava indo dormir tossindo depois de ficar perto de mim fumando — nossa, verdade, já tinha esquecido disso. Beijo ele novamente. Escutamos passos vindo e nos afastamos.

— Vou para a biblioteca hoje a noite, para dar continuidade aos testes.

— Acho bom, preciso recompensar o teste de ontem à noite, o qual você faltou, e os dois dias que ficará fora.

— Isso significa que vai me esperar?

— Sempre.



Convento Onde as histórias ganham vida. Descobre agora